Texto do doutor Drauzio Varella ao esclarecer publicamente que o texto apócrifo “A arte de não adoecer” – atribuído a ele na internet, não é de sua autoria.  E logo abaixo, na íntegra, o texto apócrifo.

“A ideia de que através da mente conseguimos controlar os males da carne sempre encantou o homem. Conviver com a fragilidade inerente à condição humana, que pode ser extinta por um evento imprevisível e tantas vezes aleatório como a doença, é inaceitável para muitos. A história da medicina é povoada de feiticeiros, pitonisas, pajés, médiuns e exorcistas especializados na arte de expulsar os maus fluidos e os espíritos que se apossaram dos enfermos.

No século 20, quando as pessoas mais cultas começaram a sentir desconforto com a ideia de tratar pacientes por meio de intervenções sobrenaturais, os pensamentos de Sigmund Freud deturpados por gente que só ouviu falar de seus trabalhos em porta de botequim caíram como uma luva para explicar a doença como resultante de processos engendrados pelo cérebro, de forma consciente ou não.

A ideia de que o subconsciente tem esse poder é imbatível: mesmo jurando por todos os santos que você nunca pensou de determinado jeito, seu subconsciente poderá ser incriminado. Caiu de cama? Também, neurótico como você é! Não consegue melhorar? Também, com esse negativismo! No fundo, você não quer ficar bom!

Travestida de interpretação psicanalítica, essa filosofia de almanaque nada mais é do que a versão contemporânea da prática secular de atirar no doente a culpa pela doença. Na Idade Média, a hanseníase acometia apenas os ímpios que desafiavam a ira do Senhor; no século passado, morriam de tuberculose as moçoilas desiludidas e os rapazes devassos e, mais recentemente, adquiriam Aids somente os promíscuos.

Esquecer que a hanseníase e a tuberculose são causadas por bactérias desinteressadas daquilo em que pensam seus hospedeiros, a Aids, por um vírus alheio a julgamentos morais, e o câncer, por interações de alta complexidade entre o DNA celular e o meio externo é ridículo.

É lógico que o psiquismo interfere e é influenciado por todos os processos orgânicos. A interação é tão íntima que a separação didática entre corpo e mente é tema do tempo de Descartes; na medicina moderna, ninguém mais perde tempo com ele. Atirar nos subterrâneos da consciência a culpa das moléstias que nos afligem, desculpem, é ignorância em estado bruto; superestimar os poderes da mente na gênese e no tratamento delas também”.

O texto apócrifo:

A arte de não adoecer

Se não quiser adoecer: “Fale de seus sentimentos”

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia..

Se não quiser adoecer – “Tome decisão”

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer – “Busque soluções”

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso… uma estátua de bronze, mas com pés de barro.Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer – “Aceite-se”

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer – “Confie”

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer – “Não viva SEMPRE triste!”

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. O bom humor nos salva das mãos do doutor. Alegria é saúde e terapia.

Texto atribuído, em várias fontes na internet, ao doutor Drauzio Varella. Mas neste link ele nega a autoria de “A arte de não adoecer”.  Não encontramos nenhuma fonte segura de quem seja o verdadeiro autor. Se você souber, por favor, nos informe. Obrigada.






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