De repente você se dá conta de há um estranho em sua vida a quem você ainda chama de “marido/esposa/amigo/amiga”. Já passou por isso? Já acreditou num”para sempre” que não suportou o primeiro inverno? Hoje, você olha para o lado e não vê a pessoa que disse que sempre sempre estaria com você; que você poderia contar ela para o que der e vier…

Esse distanciamento pode acontecer com uma ruptura, mas o pior é quando passamos a ser estranhos um para o outro – quando estamos juntos/porém separados em afinidades, sintonia, alegria e vontade de partilhar tudo ou alguma coisa.

“Mas as pessoas estão sempre mudando. Um pouco a cada dia e a cada experiência, conhecendo novas coisas e principalmente pessoas. Manter uma amizade verdadeira e forte todo dia se torna uma das coisas difíceis da vida quando um dos lados tem algumas tendências talvez um tanto medíocres. Deixar de lado ou de vez abandonar uma amizade velha e de muitos anos, por uma nova com a esperança de esta ser melhor é um tipo de traição e perda que está cometendo. Corre o risco de acabar se surpreendendo negativamente com a nova amizade enquanto já conhecia cada passo da antiga, mas agora ela se acabou, pois pra você era antiga demais. Ora, a pessoa já sabe tudo de você e vice-versa, as ideias e rotinas parecem ser sempre as mesmas,“precisa-se de algo novo”, alguém para “surpreender com seus gostos e ideias”, que ache “você e seus ideais atrativos e únicos” e etc…

Quantas vezes já  li por aí “preciso de amigos novos e/ou um novo amor”. Sim todos precisamos, mas não desesperadamente. Quando se valoriza de verdade os velhos e bons amigos, simplesmente acontece. Ser desesperado por novas amizades faz com que você não examine direito os acontecimentos relacionados à pessoa, pois está cego pela motivação e interesse de quantidade. Mas a primeira impressão nem sempre é a verdadeira, às vezes quando algumas pessoas descobrem realmente como você é, podem perder o encanto e se afastar, totalmente o contrário de quem esteve ao seu lado durante tempos, pois sabia como você era e ainda assim ficou, batalhou, sorriu, chorou e se importou com você.

Algumas pessoas tem a sensação de que podem manusear as coisas e pessoas a sua volta como uma espécie de Deus ou com uma visão confundida tem a impressão de estar vivendo a vida como nos games. Você pode magoar e desprezar uma pessoa importante por motivos tolos e bizarros e fazer com que ela se distancie isso é algo que você pode sim fazer, mas ir atrás porque afinal agora você precisa dela e agir como se nada tivesse acontecido e exigir que volte e te trate bem, não, isso você não é capaz de controlar, há uma grande diferença entre a vida real e a ficção, se você souber algumas limitações destes casos já é o bastante pra não ter expectativas de que pessoas magoadas da vida real não reagem como pessoas magoadas em filmes. Você não tem o direito de matar momentos, palavras e sentimentos dos outros em uma hora e em outra tentar revive-los como se estivesse em um lindo filme que tudo acontece e leva para um final feliz porque afinal de contas é o que o publico espera ver.

Perdoar é necessário, mas esquecer muitas vezes é de uma improbabilidade muito grande. Algumas pessoas toleram quando os dois lados cedem, mas em outros casos quando o estrago é sério, o fim é a única saída. E esse fim, essa “destruição” de grandes amizades construídas trás um sentimento de impotência, solidão, dor, tristeza, é como se estivesse perdido. Pedir perdão quando está errado é o correto, e quando não está também se você sabe que a muralha de orgulho do outro lado é inquebrável. Mas uma hora as pessoas cansam, desistem de sempre ser a única a se render, somente pedir perdão e nunca receber.

Muitas amizades lindas e verdadeiras se acabaram em consequência de intolerância e excesso de orgulho em algum desentendimento interno ou externo. Relevância, paciência, empatia e perdão. Se você tem uma amizade, alguém que ama alguém que é valioso, nunca se esqueça dessas palavras, vai precisar delas um dia quando alguma “bomba” explodir e tentar destruir aquilo que construiu há tanto tempo, e às vezes destroem sim, mas pedir perdão e tentar, fazer sua parte é o que vale. Dormir todos os dias com aquela sensação de “acima de tudo eu tentei, eu fui atrás, eu procurei, eu tentei”, e se ainda assim o outro lado não cedeu, não correspondeu da mesma forma, resta seguir em frente. Guardar os momentos ou não? Eis a questão, a verdade é que no fundo apesar do tempo algo sempre vai ser relembrando em algum momento por aí. Relembrar de coisas que deram errado com a expectativa que voltem é se magoar a cada dia, uma tortura dias após dia; tentar esquecer ameniza. Mas não é a cura exata, pois o impacto dessa alteração de especial para estranho é impetuoso.

Amigos, pessoas especiais se tornam estranhos, deslocados desconhecidos conhecidos. Uma pessoa que um dia soube muito sobre você e ambos não passavam um dia sem se ver ou falar, hoje vive sua vida em um canto sobrevivendo sem essa rotina, pois agora adquiriu varias outras.
Na maioria das vezes quando se passa por experiências do tipo, geralmente é desconfortável falar sobre a pessoa para seu próprio bem, então se cria uma espécie de bloqueio psicológico e sentimental referente a ela e tudo que conviveram, isola, menospreza, tenta apagar coisas que um dia foram belas e significativas, ou em muitos casos revive todas as noite cada uma delas ao deitar a cabeça no travesseiro em plena madrugada, uma espécie de masoquismo, pois é algo doloroso e irreversível. Perder um amigo, alguém especial para você é como perder uma parte de si também, pois parte da sua vida esteve ao lado daquela pessoa, e agora o que fazer? Como sobreviver com isso? Então, quando você encontra alguém que um dia teve uma importância em sua vida, mas agora se tornou um estranho, você disfarça? Respira fundo? Ignora? Ou se faz também de estranho?

No fundo no fundo talvez você ainda sinta algo, rancor ou saudade ou talvez não sinta, mas é inevitável relembrar o valor que tinha para você, a menos que coisas, momentos novos e melhores já tenham corrompido tais lembranças passadas. Antes quando se encontravam, em apertos de mãos e abraços saudosos se cumprimentavam, mas hoje já não passa de um mero estranho, um alguém que talvez ainda saiba muito sobre você, mas apenas saber o que passou já não importa mais. Então desviar o olhar é instantâneo, às vezes é única solução, mesmo sabendo, o que os olhos não veem a mente insiste em lembrar”.

Texto de Crhisty (Introdução e adaptação Portal Raízes)






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