O percussionista pernambucano Naná Vasconcelos morreu nesta quarta-feira (9), aos 71 anos, no Recife. O músico vinha lutando contra um câncer de pulmão e estava internado no Hospital Unimed Recife III, desde o dia 29.

Por volta das 7h, Vasconcelos teve uma parada respiratória, passou por um procedimento, mas não resistiu. O último boletim médico, divulgado na noite da última terça-feira (8), afirmava que seu estado de saúde era “bastante grave”.

Na tarde de segunda-feira, 7, Naná foi transferido da UTI para um quarto normal, no décimo andar do hospital. O Estadão Conteúdo apurou que o músico não saiu da UTI por causa de uma possível melhora, mas, sim, para ficar mais próximo de seus familiares e em tempo integral (as visitas na UTI eram feitas apenas duas vezes ao dia).

O fotógrafo e amigo de Naná, João Rogerio Filho, divulgou em sua rede social uma nota de falecimento do amigo.

Juvenal de Holanda Vasconcelos, Naná, nasceu no dia 2 de agosto de 1944, no Recife, em Pernambuco. Especialista em ritmos e diferentes estilos da  ‘World Music’, MPB e do Jazz, Naná é um músico com oito prêmios Grammy, considerado autoridade mundial quando no assunto. Filho de violonista, começou na banda marcial de seu pai, aos doze anos, tocando bongos e maracas no Recife. Desde jovem envolvido nos movimentos de maracatu, é virtuoso no berimbau e adepto de métricas pouco usuais no jazz – com levadas em 5/4 ou 7/4, mas que são muito tocados no nordeste brasileiro.

Com preferência por instrumentos de percussão, foi na década de 60 que se notabilizou por seu talento com o berimbau. Já no ano de 1967, no Rio de Janeiro, gravou com Milton Nascimento e, no ano seguinte, então em São Paulo, com Geraldo Azevedo, participou com o ‘Quarteto Livre’ do Festival Internacional da Canção. Assim, e com extensa carreira no exterior, tocou ao lado de Jon Hassel, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek, entre outros.

Seu currículo que ainda tem, entre 1978 e 1982, o grupo de jazz “Codona”, com Don Cherry e Collin Walcott, com o qual lançou três álbuns. Assim, no seleto grupo de percussionistas brasileiros que mudaram a direção e o som do jazz no país, na fase pós-bossa nova, contribui para o crescimento e evolução rítmica, pesquisando e incorporando uma série de instrumentos na percussão. Hoje, mostrando ao mundo, sua capacidade e swing, é conhecido como o percussionista que tira som de qualquer coisa, fazendo sua ‘música universal’.

Em seu último trabalho, intitulado “Quatro Elementos”, Naná criou um projeto que envolve os quatro elementos básicos da natureza – água, ar, terra e fogo. Nele, o músico se revela também um mestre nas melodias, brincando com os elementos e adicionando informações sonoras. Batida do coração, assopro, assobio, crepitar de brasas, água escorrendo, ruído de pacote de salgadinho, voz e palmas são combinados ao som de instrumentos como a rabeca, viola de 12 cordas, ou o violoncelo, o berimbau, o caxixi e muitos outros.






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