Quando falamos de amor e amizade pensamos estar pactuado que, entre as pessoas envolvidas, existe um acordo de que trabalharão em prol do outro com a intenção plena de ajudá-lo a voar ou em servir de apoio para ele alcançar os seus sonhos. E, em caso de não tê-los, procurar juntos no sentido de que o outro se apaixone de tal forma com a vida que lhe seja inevitável sonhar. Esta é uma prova de bons sentimentos.

Muitas vezes encontramos o amor e a amizade em pessoas que nos impedem de voar e ainda querem cortar nossas asas. Este tipo de pessoas diz que não somos capazes de voar sozinhos. Daí, simplesmente, aprisiona nossa vontade para que sejamos impedidos.

De um modo geral este amor ou amizade é uma cobertura ou um disfarce da insegurança, do medo e do ciúme de ver o outro crescer. Quem diz que ama com pensamento egoísta esconde o temor que o faz pensar que, se permitir que voemos alto, estará nos afastando para sempre do seu convívio. Por essas causas se sente mais seguro quando nossos sonhos estão presos, sob o controle dele. Com isso sente-se mais tranquilo, confortável. A tal ponto que o leva a pensar assim: “Se não pode voar por causa dos seus medos, desejará ter copiloto para sua vida. Por isso vou ajudá-lo a alcançar o que quer, a chegar aonde sempre queria estar, mas será por minha causa que vai conseguir”.  É uma forma de maquiar o que está na alma.

Impor limites a quem amamos para nos fazer sentir melhor é uma das atitudes mais egoístas que podemos ter. Amar alguém é justamente agir de forma diferente. É impulsioná-lo a voar cada vez mais alto. Precisas saber que o voo de quem ama é voo com “efeito bumerangue”; vai, mas volta. Mas que isso não seja motivo de frustração, de medo, e do desejo de que a vontade do outro vai passar. E, muito menos, que esta forma de agir não seja movida pela inveja, pois este é um jeito de quem te prende e não te ama. Por isso dê à outra pessoa boas condições para ela voar. Na aviação há um dizer muito interessante: O melhor dia para voar é quando tem “céu de brigadeiro”: A expressão significa um céu sem nuvens ou um céu limpo; brigadeiro porque na aeronáutica convencionou-se de que o comandante – brigadeiro do ar – só viaja com o céu nestas condições.

Muitas vezes, apenas pela necessidade de controlar, de sentir que somente ele tem poder para voar, o outro limita e sabota a nossa chance, talvez a única que tivemos na vida. Ocorre com frequência que, diante da falta de objetivos na vida, a outra pessoa deseja, simplesmente, destruir os nossos desejos e permanecer em sua zona de conforto.  

A capacidade de sabotar a vida de alguém que deseja se superar pode tomar rumos imprevisíveis. Primeiro aquele outro diz que não temos capacidade necessária para voar, que é muito cedo, que somos jovens ou muito velhos para fazer alguma coisa. Noutras vezes diz que a oportunidade já passou, que as coisas mudaram para pior, que vamos nos sacrificar para conseguir algo sem valor. Enfim, vai usa milhões de argumentos para desmotivar quem já assumiu suas asas e está consciente de que elas podem voar.

Por causa desses motivos rodeia-te somente de pessoas que te aprovem, que te impulsionem e te motivem. Rodeia-te de quem te ama, respeita a tua vontade de voar, de brilhar como as estrelas, por tua própria luz.

Publicado originalmente em Rincón del Tibet – Tradução livre de Doracino Naves especial para o Portal Raízes






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