Milton Nascimento e Tom Jobim já cantaram: amigo é coisa para se guardar e é impossível ser feliz sozinho. Mas, se a música não é o suficiente para te convencer da importância da amizade, a ciência te dá uma mão amiga. Pesquisadores apontaram que ter um melhor amigo(a) de infância pode ser fundamental para a saúde mental na vida adulta. Publicado no periódico Child Development, o artigo questionou 169 adolescentes de diferentes etnias e condições socioeconômicas, sobre seus melhores amigos durante três idades: 15, 16 e 25 anos.

A pesquisa identificou que, aos 25, quem mantinha laços fortes com amigos da infância tinham menos ansiedade, mais autoestima e menos sintomas de depressão.

“Não ficamos surpresos que amizades antigas se tornaram significativas, mas sim pela maneira como elas ficaram importantes quando adulto”, disse Rachel Narr, autora da pesquisa e doutoranda na Universidade de Virginia, nos Estados Unidos.

Além disso, o diagnóstico mostrou que a qualidade é mais importante do que a quantidade: jovens que priorizavam um círculo social mais amplo eram mais ansiosos. “Ser popular é considerado legal no ensino médio, mas, aos 25, isso não faz de você um líder”, comentou Narr.

Contudo, a coach de relacionamentos, Kelly Rudolph, afirmou que não manter amizade com amigos da infância represente infelicidade ou relações menos proveitosas. “Bons amigos aparecem em todas as idades”, disse. “As conversas, suportes e aventuras podem ser mais profundas e divertidas enquanto seu futuro é construído com sabedoria.”

Defina suas prioridades

Em outro estudo, o psicólogo Tim Kasser constatou que existem dois valores que influenciam as relações e afetam o bem-estar do corpo: popularidade e afinidade.

Kasser descobriu que quem escolhe ser popular apresenta tendência à tristeza, depressão e menos saúde. Em contrapartida, que tem um melhor amigo demonstra o oposto.

Outro psicólogo, Bill Chopik, da Universidade de Michigan, nos EUA, detectou que a amizade fica mais forte com a idade, e se torna mais importante para combater a solidão e doenças crônicas, por exemplo — e ainda reforçou a relevância da qualidade. “Ter poucos amigos proximos é melhor do que ter muitos amigos superficiais”, concluiu.

Um artigo publicado na Personality and Social Psychology Review, em 2015, apontou que as pessoas geralmente olham para dois filtros críticos ao fazer amizades. O fator “suporte”, o qual trata do conforto e da proteção que os amigos dão; e o “catalisador”, no qual encorajar, desafiar e celebrar as conquitas de alguém são levados em conta.

A conclusão do estudo foi que uma amizade forte consegue deixar o ruim, bom, e o bom, melhor ainda — o que relações casuais nem sempre atingem.

Publicado originalmente em Revista Galileu

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