O psicólogo e treinador de pais Jeffrey Bernstein tem mais de 30 anos de experiência no fornecimento de aconselhamento sobre crianças, adolescentes, casais e famílias. Ele conduz seminários em todo o mundo sobre autoestima, vícios, automutilação, TDAH, dificuldades de aprendizagem, disciplina, crianças difíceis, questões parentais, bem-estar pessoal… Com base em seus estudos, fizemos um apanhado com 4 ações mais comuns que prejudicam gravemente a autoestima das crianças até a vida adulta:

1. Criticar duramente

Ser criticado por um dos pais pode ser emocionalmente desafiador, especialmente se for feito de maneira dura ou humilhante. Na minha experiência como psicóloga infantil, a maioria dos pais críticos está lutando com suas ansiedades que surgem de lado e sobrecarregam os filhos. Comentários críticos podem corroer a autoestima e o senso de valor de uma criança e podem causar sentimentos de tristeza, raiva ou frustração. Estas repreensões severas também podem levar a uma diminuição da motivação das crianças e à falta de confiança nas suas capacidades.

2. Superproteger e fazer as coisas por eles

Superproteger constantemente uma criança de desafios e obstáculos pode impedi-la de desenvolver confiança e um sentido de competência. Embora os pais possam querer fazer tudo o que puderem para garantir que seus filhos não sofram na vida, eles ironicamente os sufocam por serem muito controladores. A superproteção também pode limitar as oportunidades de uma criança explorar, aprender e cometer erros, que são importantes para o seu crescimento e desenvolvimento.

Além disso, a superproteção das crianças pode gerar sentimentos de ansiedade e insegurança, pois podem não se sentir preparadas para enfrentar o mundo sozinhas. Também pode criar um sentimento de dependência e falta de independência, o que pode ser problemático à medida que as crianças transitam para a idade adulta.

Os pais precisam de encontrar um equilíbrio entre proteger os seus filhos e permitir-lhes assumir riscos e enfrentar desafios, para os ajudar a tornarem-se indivíduos confiantes e autossuficientes. Incentivar a independência, fomentar a autoestima e ensinar competências de resolução de problemas pode ajudar a mitigar os efeitos negativos da superproteção.

3. Injetando culpa

Ninguém nasce com sentimento de culpa. Ele é construído socialmente, e surge da relação com outras pessoas e seres vivos, e está ligado ao desejo de ser perfeito. No processo educacional incutir o sentimento de culpa na criança é usado por alguns pais com finalidade manipulativa e tem reflexos em todos os âmbitos da vida da criança até a fase adulta. Uma boa coisa é perguntar a uma criança como ela se sentiria se estivesse no seu lugar ou no de outra pessoa em uma determinada situação.

Porém, muitas vezes, os pais levam a criança ao extremo: “está vendo o que você fez?”; “você não faz nada direito”… e assim ela normaliza que o erro está em seus pensamentos, sentimentos e ações. Os pais que usam a culpa para controlar os filhos correm o risco de torna-los pessoas incapazes de manter relacionamentos duradouros, pois sempre se colocaram com vítimas, como incapazes de segurar um relacionamento, porque não são bons o bastante.

4. Falar com sarcasmo

A criança é literal. Ela não compreende o sarcasmo. Sarcasmo é um tipo de ironia cruel ao dizer uma coisa querendo insinuar outra. O sarcasmo é complexo porque a criança precisa entender as verdadeiras ideias do interlocutor e as formas como ele pretende que suas palavras sejam interpretadas pela outra pessoa. O uso do sarcasmo magoa as crianças porque elas sentem envergonhadas por não compreender, se sentem incapazes e humilhadas. Infelizmente, humilhar uma criança através do sarcasmo cria um obstáculo à tentativa de comunicação eficaz e faz com que um diálogo franco seja algo impossível de se realizar.

Em suma:

Suas maneiras de interagir com seu filho têm uma enorme influência na forma como ele desenvolve o próprio valor em sua vida. Quanto mais você se comunica de maneira positiva e modela a responsabilidade por seus comportamentos negativos, mais você pode influenciar seu filho a fazer o mesmo – e apoiá-lo a ter uma forte autoestima. Os pais devem promover um ambiente estimulante e de apoio, proporcionando amor incondicional, incentivo e reforço positivo para promover a autoestima saudável dos seus filhos.






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