As questões da violência contra a mulher, a culpabilização da vítima, a impunidade do agressor, a desigualdade de direitos e o menosprezo pela condição feminina ainda são amplamente debatidas no Brasil no século XXI porque são problemas estruturais profundamente enraizados na cultura, na legislação e nas práticas sociais.
Signe M. Hegestand, psicóloga e autora dinamarquesa, dedicou sua carreira ao estudo dos impactos da violência e do abuso na psique humana. Em seu livro: “Abuso psicológico: como seguir em frente!” (Psychological Abuse – How to move on) ela revela como a violência psicológica pode ser tão devastadora quanto a física, destacando os danos duradouros do abuso emocional, parental e sexual. Segundo Hegestand, a violência contra mulheres não se restringe ao físico, mas se infiltra na identidade, na autoconfiança e na capacidade de reação da vítima, tornando essencial que a sociedade e o Estado reconheçam esses traumas e atuem de forma efetiva.
O Brasil tem uma cultura historicamente patriarcal, onde a desigualdade de gênero se perpetua através da naturalização da submissão feminina e da dominação masculina.
A violência doméstica e feminicídios ainda são vistos por muitos como “problemas de casal”, impedindo a conscientização sobre a gravidade desses crimes.
Mulheres agredidas frequentemente enfrentam julgamentos sociais que as responsabilizam pela violência sofrida, dificultando denúncias e perpetuando o ciclo de abuso.
Apesar de avanços legislativos, muitos casos são negligenciados, e agressores continuam livres para reincidir, enquanto vítimas permanecem desamparadas.
A carência de casas-abrigo, delegacias especializadas e programas de suporte impede que muitas mulheres tenham meios reais para sair da situação de violência.
A dependência financeira impede que mulheres abandonem relações abusivas, tornando-se um fator determinante na permanência no ciclo de violência.
Ideologias que minimizam ou ridicularizam o feminismo dificultam a criação de políticas eficazes e reforçam estereótipos que normalizam a violência.
A ausência de educação sobre respeito, consentimento e equidade desde a infância perpetua comportamentos abusivos na vida adulta.
A baixa presença de mulheres em cargos de decisão prejudica a formulação e a implementação de políticas públicas que protejam vítimas de violência.
O avanço dos direitos das mulheres desafia estruturas de poder que historicamente beneficiam os homens, gerando resistência e dificultando a transformação social.
Signe M. Hegestand enfatiza que o silêncio é um dos maiores aliados do agressor e que a chave para combater a violência está no reconhecimento, na denúncia e no suporte às vítimas. De acordo com seus estudos, enfrentar abusos físicos, psicológicos, parentais e sexuais exige uma abordagem multidisciplinar que envolve tanto o fortalecimento individual quanto a atuação do Estado e da sociedade.
Hegestand defende que crimes de violência contra mulheres, principalmente os que envolvem abuso físico, psicológico e sexual, devem ser considerados “crimes hediondos”, com penas rigorosas, sem possibilidade de fiança ou prescrição. A impunidade é um dos principais combustíveis da violência e, enquanto o sistema permitir que agressores saiam ilesos, o ciclo de abusos continuará.
A erradicação da violência contra a mulher não depende apenas de leis e punições, mas de uma mudança cultural profunda, que começa no reconhecimento de que nenhuma forma de abuso pode ser normalizada ou relativizada.
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