Sem uma política de habitação que atenda a classe mais pobre, aproximadamente 800 mulheres camponesas sem terra ocuparam a fazenda Agropastoril Dom Inácio de Loyola, latifúndio do médium João de Deus, preso desde 16 de dezembro sob acusação de estupros em série e assédio sexual – ele é alvo de acusações de mais de 500 mulheres que procuraram atendimento na famosa Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).
O Portal Raízes e Movimento Mulheres em Luta, regional Goiânia estiveram lá, na quinta-feira 14 de março e viram de perto essa emocionante história. A ocupação na fazenda Agropastoril Dom Inácio de Loyola faz parte de uma forte luta por moradia, que eclodiu com a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, que começou no início de março com mobilizações em todo país, cujas diretrizes se dão pelas seguintes táticas: apoio às mais de 500 mulheres que foram abusadas sexualmente por João de Deus; luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras do campo; luta pela reforma agrária; luta por política de habitação rural; luta contra a reforma da previdência que fomenta a exploração da mulher trabalhadora.
A área ocupada tem em torno de 597 hectares, próxima à rodovia GO-433. Não se sabe ao certo qual o valor da fortuna de João de Deus, entre aplicações, empresas, carros, casas, fazendas e latifúndios de monocultivo de gado e soja e um avião Seneca II de seis lugares. João de Deus também é conhecido por concentrar lotes, terras improdutivas e terrenos. O próprio médium declarou à polícia que possui seis fazendas em Goiás – Crixás, Itapaci, Anápolis, São Miguel, Pirenópolis e Abadiânia. Estima-se que o médium acumula mais de 35 milhões em bens. A pergunta que não quer calar, é: de onde vem tanta riqueza?
Com disposição de luta e muita determinação para garantir um pedaço de terra, as mulheres da ocupação na fazenda Agropastoril Dom Inácio de Loyola do médium João de Deus, são exemplos de resistência. Continuam firmes no dia-a-dia para garantir seus direitos.
É impossível não se emocionar com a apresentação dessa mulheres aguerridas que ocuparam um território que é fruto do abuso, do estupro e da violência. Elas levavam no pescoço placas com nomes de vítimas de feminicídio. Confira um trecho do ato neste vídeo amador.
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