Em um mundo que nos convida ao isolamento, o tempo jamais será nosso. Desfrutar de qualquer momento ao lado das pessoas tem se tornado quase que uma recusa despercebida, inconsciente e automática. Viver a intensidade do presente é um enforcamento da vida que se faz presente. São instantes que desejamos fugir, que desejamos que passe logo, pois há a espera do por vir. Queremos viver o futuro como se ele já fosse.
O mais estranho é quando você se percebe num mundo imaginário. Imaginamos os amigos, as conversas, as festas, as viagens, os filhos… E lá está, um mundo que não conhecemos. Fora da imaginação, conhecemos a realidade pelo toque dos dedos, pelas palavras não verbalizadas, pela tela do tempo e não mais pela janela dos olhos.
Talvez pela nossa confiança nos minutos seguintes, temos a certeza que vamos vivê-los. Mas viver é sentir, é saborear a vida ao lado das pessoas que gostamos, é desejar que os instantes que nos alegram não acabassem mais. É viver na presença, é praticar o carinho, a atenção. É muito mais que pensar que isso pode ser feito, é fazer. Que tal um convite para a realidade e menos tempo para a virtualidade?
Como é saudável para a alma sentar ao lado de um amigo e poder dedicar alguns minutos ou horas com conversas, rememorar a vida, valorizar as conquistas, saborear a presença e fortalecer os laços das amizades que escolhemos levar no coração.
Nesse momento, o que contam sobre nós e o que compartilhamos, são reflexos de nossas assinaturas, o merecimento de nossas ações, o que estamos deixando como legado.
Quando passamos tempo demais postergando os encontros, deixamos de escrever aquilo que será o nosso passado e desprezamos nosso presente. A vida segue sem vislumbrar o futuro.
Somente nesses ineditismos dos encontros é que somos despertados pelas faíscas da fraternidade. Depende de nós a promoção do real encontro, da real presença e do imenso desejo de continuarmos.