“Minha querida amiga Cora Coralina: Seu ‘Vintém de Cobre’ é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia (…)”.

Este é um fragmento de uma das correspondências entre Carlos Drummond de Andrade e Cora Coralina. A deferência não era sem ração, pois Cora Coralina, ‘a menina feia da casa da ponte’, encantava a todos com o seu fazer poético, com os seus doces, com seu modo peculiar de ver o mundo sob à perspectiva da luta, do amor e da benevolência. Como podemos conferir nestes excertos:

“Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende”.

Cora Coralina nasceu no dia 20 de agosto de 1889 como Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Viveu 95 anos dedicados e morreu no dia 10 de abril de 1985.

Conheça oito livros de – e sobre – Cora Coralina

Raízes de Aninha

‘Cora Coralina – Raízes de Aninha’ (Ideias e Letras) é o retrato da vida privada e artística de Anna Lins dos Guimarães, mais conhecida por Cora Coralina. A obra, fruto de 20 anos de pesquisa de Rita Elisa Seda e de Clovis Carvalho Britto, traz, além de um rico material biográfico, um amplo acervo fotográfico da poeta.

“Mulher da Vida, Minha irmã. De todos os tempos. De todos os povos.De todas as latitudes. Ela vem do fundo imemorial das idades e carrega a carga pesada dos mais torpes sinônimos, apelidos e ápodos:Mulher da zona, Mulher da rua, Mulher perdida, Mulher à toa. Mulher da vida, Minha irmã”. Cora Coralina

Melhores Poemas

‘Os Melhores Poemas – Cora Coralina’ (Global) foi publicado em 2009 com seleção e prefácio de Darcy França Denófrio.

Não te deixes destruir… Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede”. Cora Coralina

Vintém de Cobre

Cora Coralina batizou com o nome da velha moeda seu livro de memórias, ou meias-confissões, como ela prefere, redigidas em versos. ‘Vintém de Cobre’ (Global) é um livro tumultuado, aberrante, da rotina de se fazer e ordenar um livro.

“Saiu o Semeador a semear. Semeou o dia todo e a noite o apanhou ainda com as mãos cheias de sementes. Ele semeava tranquilo sem pensar na colheita porque muito tinha colhido do que outros semearam. Jovem, seja você esse semeador. Semeia com otimismo. Semeia com idealismo as sementes vivas da Paz e da Justiça”. Cora Coralina

Estórias da Casa Velha da Ponte

Como toda residência de interior habitada muito tempo pela mesma família, a casa velha da ponte vivia cheia de histórias. Tradições que embalaram a infância de Cora Coralina, criada na velha casa, já então decadente, e outras histórias vividas na cidade, que impressionavam a menina, são matéria-prima de ‘Estórias da Casa Velha da Ponte’.

“A vida tem duas faces: Positiva e negativa. O passado foi duro, mas deixou o seu legado.Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar minha condição de mulher, aceitar suas limitações e me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes, aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a viver”. Cora Coralina

Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais

‘Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais’ (Global) foi o livro com que Cora Coralina estreou na literatura, em 1965. Com raízes profundas na alma popular, sabedoria dosada de ironia, de alguém que muito viveu e sofreu, mas de expressão tão suave, simples, este livro apresenta a ‘nova’ poeta aos leitores e à crítica.

“Melhor do que a criatura, fez o criador a criação. A criatura é limitada. O tempo, o espaço, normas e costumes. Erros e acertos. A criação é ilimitada. Excede o tempo e o meio. Projeta-se no Cosmos”. Cora Coralina

Doceira e Poeta

Embora escrevesse desde menina, Cora Coralina só publicou seu primeiro livro pouco antes de completar 76 anos, depois de ter ficado viúva. Nesses anos todos, criou quatro filhos e trabalhou muito. Ao voltar para sua cidade natal, virou doceira de mão cheia e suas receitas estão reunidas em ‘Cora Coralina – Doceira e Poeta’ (Global).

“Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade”. Cora Coralina

A Menina, O Cofrinho e A Vovó

Aqui, Cora Coralina para crianças. Em ‘A Menina, O Cofrinho e A Vovó’, a escritora conta como uma avó ‘trabalhadeira’ recebeu um presente simples e generoso da neta. Um presente que ajudou a avó a realizar seu sonho. E como será que avó agradeceu?

“Coração é terra que ninguém vê – diz o ditado.Plantei, reguei, nada deu, não. Terra de laje, de pedregulho,- teu coração. Bati na porta de um coração. Bati. Bati. Nada escutei. Casa vazia. Porta fechada, foi que encontrei”. Cora Coralina

De Medo e Assombrações

E, aqui, Cora Coralina para jovens leitores. ‘De Medo e Assombrações’ (Global) é sua mais recente coletânea e traz contos de arrepiar. A nos faz voltar no tempo para a época em que as almas do outro mundo faziam procissões ou retornavam para dizer onde estava o pote de ouro.

“Eu vim do século passado e trago comigo todas as idades”. Cora Coralina

Observação: os livros são encontrados em suas respectivas editoras






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