Psicologia e Comportamento

Às vezes, a gente só aprende mesmo depois de quebrar a cara

Geralmente, a gente só aprende depois de quebrar a cara. A gente só percebe que nunca teve quando perde de vez, a gente só vai aprender o porquê do que aconteceu depois de ter chorado e sofrido muito.

Nossos pais e professores bem que tentam nos ensinar, alertando-nos sobre as consequências daquilo que fazemos ou dizemos, para que moldemos o nosso caráter e possamos ser mais felizes. Infelizmente, a gente costuma não dar muita importância a certas coisas, até que soframos na pele a dor que aquilo possa acarretar.

É fato que não poderemos dar demasiada importância a tudo o que vierem nos aconselhar ou alertar, uma vez que o medo não pode ser a única tônica a mover a nossa vida. Precisaremos ousar e passar por cima de muitos temores, caso queiramos ir além, caso tenhamos ambições maiores do que o nosso limitado horizonte nos apresenta, pois, como dizem, o medo costuma roubar sonhos, tolhendo-nos, muitas vezes, do tanto que se encontra à nossa frente.

Além dos alertas de terceiros, nosso próprio coração também costuma nos mandar sinais de que algo não vai bem, de que é melhor dar um tempo, baixar a bola.

Mas a gente, às vezes, não quer ouvir ninguém, tampouco a nós mesmos, e seguimos adiante, acreditando na mudança que o outro nunca demonstrou, nas palavras ditas somente da boca para fora, na possibilidade de uma promoção que nunca sequer passou por perto. Porque a gente quer dar certo e quer que as coisas deem certo.

Não raro, a gente acaba se decepcionando com alguém que já tinha mostrado não ser confiável. A gente se vê traído por alguém que já teve de ser perdoado. A gente é deixado de lado por um amigo que nunca soube o que é amizade de fato.

Às vezes, a gente só aprende depois de quebrar a cara. A gente só percebe que nunca teve quando perde de vez.

Na maioria das vezes, a gente só vai aprender o porquê do que aconteceu depois de ter chorado e sofrido muito. É assim com todo mundo. E, quando a gente aprende, tudo fica melhor: conseguimos agradecer pelos ensinamentos que as pessoas maldosas e falsas nos transmitem. Conseguimos até agradecer ao ex, por ter nos ensinado o que não é amor.
Seja por amor, que seja pela dor, pelo menos a gente tem que aprender. Depois disso tudo, só não aprende quem não quiser.

Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Recent Posts

5 maneiras de aceitar o sofrimento ordinário e receber sem culpa a felicidade episódica – Vera Iaconelli

Para Sigmund Freud, a felicidade é uma experiência frágil, efêmera, muitas vezes confundida com a…

14 horas ago

6 maneiras de saber se você está vivendo um amor comprometido e verdadeiro – Com bell hooks

No imaginário social — cultivado por séculos e reforçado pela indústria cultural — o amor…

4 dias ago

“A dor é o tema central do vício. Só quem está com grande dor, deseja anestesia-la” – Gabor Maté

Em uma sociedade que constantemente exige produtividade, autocontrole e positividade, é desconcertante — e doloroso…

4 dias ago

“Um dia o amor será para a mulher o que é para o homem: uma fonte de vida e não um perigo mortal” – Simone de Beauvoir

Ser mulher é carregar, ainda hoje, o peso histórico de não ter sido considerada plenamente…

7 dias ago

10 maneiras de tornar a vida mais interessante e desejável – Segundo Contardo Calligaris

Os seres humanos sempre questionaram o sentido da vida: nascer, crescer, reproduzir e morrer. É…

2 semanas ago

70% dos relacionamentos duradouros começaram com amizade sem interesse em romance, revela estudo

Quando dois amigos se envolvem romanticamente, alguns podem argumentar que eles sempre foram sexualmente atraídos…

2 semanas ago