Destemida, uma história real de bravura e crença em si mesma

Aviso de Spoiler. Qual seu sonho? Aquela coisa que te faz ter brilho nos olhos e pela qual você acordaria às 4 da manhã todos os dias por um tempo para que se tornasse realidade, se preciso fosse? Bem, hoje conheci uma jovem que me contou que o sonho dela era se tornar a pessoa mais nova do mundo a dar a volta ao redor do planeta velejando, ou seja, navegando. Confesso que cheguei a duvidar se uma coisa dessa seria possível.

E, sim, é possível. Na verdade, esta jovem se chama Jessica Watson, uma adolescente australiana que decidiu se tornar a pessoa com menos idade da história a percorrer os 4 cantos do globo a bordo de um barco, que ela nomeou como Pink. Jessica nasceu em 18 de maio de 1993 e aos 8 anos começou fazer aulas de velejo com seus irmãos. Em uma entrevista à Revista Capricho, a jovem mulher contou que no início não gostava muito das aulas.

Entretanto, tudo mudou quando sua mãe, Julie Watson, leu para ela o livro de Jesse Martin, que navegou pelo mundo com apenas 17 anos: “À medida que ela contava as aventuras dele, eu pensava: também quero fazer isso!”, relata. Jessica saiu do Porto de Sidney em 18 de outubro de 2009 e retornou em 15 de maio de 2010, passando quase 7 meses completos sozinha em alto-mar.

Sua história de bravura e crença em si mesma, pois além de sua família, ninguém mais acreditava que ela seria capaz, é contada no longa, “Destemida” que está disponível na Netflix e possui audiodescrição. Apesar da fidelidade do filme aos fatos reais, a produção deixa de fora alguns detalhes, como o de que Jessica não conseguiu completar os 3 mil últimos quilômetros náuticos necessários por critérios técnicos para que a viagem fosse considerada uma circum-navegação.

O que, nem de longe, diminui seu feito. Não. A história de Jessica inspira e motiva por sua força, sua determinação. Ao contrário do que disse o Primeiro Ministro da Austrália a época, Jess, como é carinhosamente chamada, não se considera uma heroína: “Eu sou só uma garota normal que acreditou no seu sonho.” E isso fica nítido tanto no longa quanto na vida real em várias passagens da história.

Um filme para ser apreciado sem moderação na companhia da família, dos amigos ou só de si. Uma narrativa que conversa com a gente e nos prova que tal qual já dizia Emicida, “Você é o maior representante do seu sonho na Terra” e isso basta. Porque não importa se seu desejo é velejar ao redor do mundo ou completar uma corrida de 5 quilômetros. Não importa. Ele é seu e só você pode realizar isso com maestria.

 

Juliana Santhele

Juliana Santhele é jornalista, jovem, negra, PCD. Colunista do Portal Raízes, ouvinte de podcast nas horas vagas, leitora do que chama a sua atenção. Autora do livro: "Entre Vistas" sobre a maternidade solo na sociedade brasileira pós-moderna (prelo).

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