Durante décadas, o açúcar foi sinônimo de carinho, recompensa e afeto. E a publicidade soube explorar bem esse imaginário. Porém, nos bastidores do corpo, ele protagoniza outra história: é um dos maiores agentes inflamatórios do nosso tempo, e atua diretamente no adoecimento do intestino, do cérebro e das emoções.
O consumo crônico de açúcar está associado a problemas digestivos, desregulação do sistema imune, distúrbios de humor, transtornos metabólicos e dificuldades cognitivas. E o mais grave: o açúcar está presente em quase todos os alimentos industrializados, muitas vezes de forma oculta.
No best-seller A Vida Secreta dos Intestinos, a médica e microbiologista Giulia Enders revela com simplicidade e bom humor como o intestino não é apenas um órgão digestivo, mas um sistema complexo, sensível e profundamente ligado ao bem-estar físico e emocional.
Segundo a autora, o intestino abriga trilhões de micro-organismos — a microbiota intestinal — que exercem funções vitais no nosso corpo: ajudam na digestão, protegem o sistema imune e produzem neurotransmissores como a serotonina. No entanto, quando há excesso de açúcar na alimentação, esse ecossistema interno entra em desequilíbrio.
“O açúcar em excesso não adoece só o corpo: alimenta as piores companhias no nosso intestino”
A frase sintetiza a ideia de que o açúcar favorece a proliferação de bactérias patogênicas, gerando inflamações silenciosas que afetam todo o organismo.
A microbiota é como uma floresta de espécies diversas: quanto maior a variedade de bactérias benéficas, mais resiliente e saudável o sistema intestinal. Mas o excesso de açúcar refinado alimenta justamente as bactérias e fungos que provocam inflamações, gases, constipação, diarreia e alterações no eixo intestino-cérebro.
Esse desequilíbrio é chamado de disbiose. Ele reduz a capacidade do corpo de absorver nutrientes, afeta a imunidade e, em casos mais crônicos, está relacionado a doenças autoimunes, intolerâncias alimentares e transtornos de humor.
O açúcar ativa no cérebro o sistema de recompensa, o mesmo que é acionado por substâncias como nicotina, álcool e até drogas mais pesadas. Isso porque ele provoca uma liberação intensa de dopamina, gerando prazer imediato. O problema é que, com o tempo, o cérebro passa a exigir doses cada vez maiores para sentir o mesmo efeito.
Estudos em neurociência mostram que o consumo constante de açúcar está associado a:
Ou seja, o açúcar não é apenas um “prazer calórico”, ele é um modulador de comportamento e emoções, especialmente quando consumido em excesso.
Uma das armadilhas mais comuns da alimentação moderna é o açúcar escondido. Muitos produtos industrializados contêm açúcar em sua composição, mesmo aqueles que não são doces, como molhos prontos, embutidos, pães e biscoitos salgados.
Para disfarçar a presença excessiva, a indústria utiliza mais de 50 nomes diferentes para o açúcar nos rótulos. Alguns deles:
Mesmo em produtos “naturais” ou “fit”, o açúcar pode estar presente de forma diluída entre nomes técnicos. Ler rótulos com atenção é um ato de resistência e autocuidado.
Crianças pequenas são especialmente vulneráveis. O contato precoce com açúcar refinado altera o paladar, favorece o ganho de peso e aumenta o risco de desenvolver, ainda na infância:
A educação alimentar começa nas raízes da infância e exige consciência familiar, escolar e social.
O açúcar em si não é o vilão. O problema é a quantidade, a frequência e a forma disfarçada como ele chega até nós. O intestino é um órgão inteligente, que responde com precisão ao que recebe. Quando sobrecarregado por açúcar, ele se inflama, silencia ou grita, afetando corpo, mente e emoções.
Cuidar da microbiota é um gesto de reconexão com o corpo e com os ritmos naturais da saúde. E isso passa por reduzir o açúcar, ler rótulos, preferir alimentos naturais e escutar o que o intestino tem a dizer.
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