“Pais que sabem que aprendizagem não é distração, não permitem que a internet se torne brinquedo de criança”

Vivemos na era digital, um tempo em que a informação está ao alcance de um clique. No entanto, essa facilidade traz desafios consideráveis, especialmente para pais que buscam educar seus filhos de maneira consciente. A internet, quando usada sem critérios, pode expor as crianças a conteúdos inadequados, desinformação e até riscos psicológicos. Além disso, pode enfraquecer a conexão familiar e diminuir a autonomia dos pais como fonte primária de conhecimento e orientação.

Ao longo dos anos, a psicóloga e terapeuta familiar Erica Reischer tem estudado os impactos da parentalidade moderna e como a tecnologia afeta o desenvolvimento infantil. Segundo seus estudos, quando a internet assume o papel de principal referência para o aprendizado, as crianças perdem a habilidade de filtrar informações e de desenvolver senso crítico. Os pais, por sua vez, podem sentir-se desorientados, acreditando que perderam sua autoridade e relevância no processo educativo.

O maior desafio, portanto, não é simplesmente restringir o uso da internet, mas aprender a direcioná-la para que seja uma ferramenta de apoio e não uma distração que prejudica o desenvolvimento infantil.

Como equilibrar o uso da internet na infância?

Para garantir que a internet seja um suporte e não um obstáculo à aprendizagem e ao desenvolvimento social da criança, os pais podem adotar algumas estratégias:

Ensinar o pensamento crítico: Explique à criança que nem tudo o que está na internet é verdadeiro. Use exemplos práticos para ajudá-la a identificar fontes confiáveis e incentive-a a perguntar antes de acreditar em algo.

Criar momentos de aprendizado conjunto: Em vez de apenas limitar o tempo de tela, participe do processo de busca de informações. Mostre que o conhecimento pode ser adquirido também por meio de livros, interações sociais e experiências práticas.

Incentivar a curiosidade fora do digital: Crianças são naturalmente curiosas. Estimule o interesse por artes, esportes, leitura e ciência, para que aprendam a explorar o mundo além das telas.

Definir regras claras para o uso da internet: Estabeleça horários específicos e supervisione o conteúdo acessado. Explique que a internet é uma ferramenta poderosa, mas que precisa ser usada com responsabilidade.

Mostrar como buscar fontes seguras: Oriente a criança a consultar enciclopédias, sites educativos e até conversar com especialistas ou professores antes de assumir qualquer informação como verdadeira.

Como os pais podem se fortalecer nesse processo?

Além de educar os filhos sobre o uso consciente da internet, os pais também devem buscar aprimorar seu próprio conhecimento. Algumas ações que podem ajudar nesse processo incluem:

Participar de grupos de pais: Compartilhar experiências com outras famílias ajuda a encontrar soluções práticas e trocar informações valiosas.

Manter o diálogo aberto com os filhos: Quanto mais a criança se sentir confortável para conversar com os pais, menor será a necessidade de buscar respostas em fontes duvidosas.

Interagir com a escola: Professores e coordenadores podem auxiliar no direcionamento da aprendizagem digital e oferecer suporte pedagógico.

Buscar apoio profissional: Psicólogos e especialistas em desenvolvimento infantil podem ajudar a lidar com desafios específicos relacionados ao uso da tecnologia.

Dar o exemplo: O comportamento dos pais influencia diretamente os filhos. Se os adultos fazem uso consciente da internet, as crianças tendem a replicar esse hábito.

Conclusão

A internet pode ser uma grande aliada na educação infantil, desde que seja usada com consciência e critério. Os pais continuam sendo as figuras mais importantes na formação dos filhos e, por isso, devem exercer seu papel de guias nesse processo. Educar uma criança no mundo digital exige equilíbrio, paciência e disposição para aprender e ensinar constantemente. Ao transformar a tecnologia em uma ferramenta de apoio, e não na única fonte de conhecimento e entretenimento, fortalecemos o vínculo familiar e preparamos nossos filhos para um futuro mais consciente e crítico.

Fontes pesquisadas e sugeridas:

• Erica Reischer, What Great Parents Do: 75 Simple Strategies for Raising Kids Who Thrive
• John Gottman, The Seven Principles for Making Marriage Work
• Organização Mundial da Saúde (OMS), Guidelines on Physical Activity, Sedentary Behaviour and Sleep for Children Under 5 Years of Age
• UNICEF, Child Online Protection Guidelines
• APA (American Psychological Association), estudos sobre impacto das telas no desenvolvimento infantil