Precisamos falar sobre a saúde mental dos brasileiros, que já era ruim antes da pandemia e que está piorando durante, e consequentemente estará doente por muito tempo depois da pandemia de coronavírus. Não falar sobre o assunto não faz com ele deixe de existir.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, em 16 países, o Brasil é o que mais tem pessoas que sofrem com ansiedade por causa da pandemia (41%). O segundo lugar é ocupado pelo México (35%) e o terceiro lugar pela Rússia (32%). Os respondentes disseram que os principais motivos que causam a ansiedade são a preocupação com o uso de máscaras, a higienização correta das mãos e dos objetos, a insônia, ter que sair de casa conquanto a curva ainda seja crescente, e o medo do futuro. A pesquisa mostra ainda que 68% dos brasileiros estão com receio de voltar ás aulas e ao trabalho.
As chamados de emergência do Samu em decorrência de autoextermínio, ou de tentativas de autoextermínio aumentou durante a pandemia. Essa é a avaliação dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Era esperado que os índices de tentativas e atos de autoextermínio, aumentassem com o isolamento social, a convivência diária com familiares conflitantes, as dificuldades econômicas, e especialmente a convivência diária com a desesperança, a incerteza do amanhã, a impotência.
Pouquíssimos países estiveram tão bem preparados para combater a pandemia como a Finlândia, que já está preparada há décadas contra aquilo que ninguém quis ver e tem planos de contingência contra qualquer tipo de calamidade: enchentes, incêndios, bomba nuclear e pandemias.
No Brasil, vivemos a quarentena em meio à grande desigualdade social. A gente não vive a quarentena aqui, como se vive na Finlândia ou em outro país que já venceu a pandemia. Vivemos numa gangorra emocional. As pessoas que vivem em países como a Finlândia podem até não ter noção do quanto são privilegiados, mas as pessoas que vivem em países que não tem investimento em saúde, que valorizam a mão obra dos profissionais, que não dá apoio ao pequeno e médio empresário, que oprime, espolia e explora em termos gerais a classe trabalhadora, sabem exatamente que não são privilegiadas, e que precisam sobreviver, salvando-se como puder às tormentas de uma pandemia e todas fatalidades que virão com ela, bem como as que já existiam antes dela.
Isso não significa que a pandemia em países como Finlândia não tenha afetado a saúde mental de algumas pessoas; cada indivíduo é unimultiplo, percebe e sente as situações do seu modo particular. A diferença está na certeza de que o seu direito ás saúdes física e mental, será respeitado com dignidade.
Quando tudo parece convergir para uma não solução, ainda há uma, bastante eficiente: falar, falar. Só os mortos são rígidos e mudos. Falemos
Este texto é de autoria da escritora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn – Exclusivo para o Portal Raízes. É proibida a reprodução parcial, ou total, sem a nossa prévia autorização.(Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998).
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