Categories: Pais e Filhos

Um figura paterna frágil cria um filho parafuso de geleia – Içami Tiba

Se levam um apertão, espanam. Não aguentam ser contrariados. Não foram educados para suportar o “não”. O parafuso de geleia é comumente encontrado nesta sequência: avós autoritários, pais permissivos, netos sem limites (parafuso de geleia).

Quando foram pais, os avós mostraram-se muito autoritários, tendo sido mais “adestradores” de crianças que educadores. Bastava o pai olhar, o filho tinha que obedecer; do contrário, os pais abusam da paciência curta, de voz grossa e da mão pesada. Não tinham conhecimento da adolescência. Adolescente com vontade própria era sinônimo de desobediência. Não reconheciam a possibilidade de o filho pensar diferente: “eu sei o que é bom para o meu filho e ele tem que aceitar”; “Filho não tem vontade, não tem querer”. Eram onipotentes e abusam da lei animal do mais forte. Eram os machos alfas.

Os filhos desses pais se revoltaram contra o autoritarismo. Sofreram tanto com tal método de educação que quiseram dispensá-lo ao se tornaram pais. Então trataram de negá-lo, fazendo radicalmente o contrário. Foi assim que se tornaram extremamente permissivos.

A permissividade é a outra face do autoritarismo, regada a ocasionais crises autoritárias. Não consiste num novo caminho educativo. O pai permissivo deixa, deixa… até um ponto que não aguenta mais e dá um grito: “Agora, chega!”. De repente manifesta um comportamento que não condiz em nada com a permissividade. E aí está a perda de referência educativa.

Os filhos desse pais – portanto, os netos dos avós autoritários – tornam-se onipotentes, mas com pés de barro: para eles tudo pode, mas não suportam frustração. Sentem-se fortes, mais são parafusos de geleia.

Mas a geração parafuso de geleia desconhece o “não”. Tudo é permitido e a permissividade não gera um estado de poder ou competência. Os parafusos de geleia têm baixa autoestima porque foram regidos pela educação do prazer. Muitos pais acham que dar boa educação é deixar o filho fazer o que quiser, isto é, dá-lhe alegria e prazer. Não é isso que se cria a autoestima.

Texto do mestre Içami Tiba, extraído do livro: “Quem ama educa” (Páginas 62,63,64).

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

Recent Posts

6 maneiras de saber se você está vivendo um amor comprometido e verdadeiro – Com bell hooks

No imaginário social — cultivado por séculos e reforçado pela indústria cultural — o amor…

9 horas ago

“A dor é o tema central do vício. Só quem está com grande dor, deseja anestesia-la” – Gabor Maté

Em uma sociedade que constantemente exige produtividade, autocontrole e positividade, é desconcertante — e doloroso…

1 dia ago

“Um dia o amor será para a mulher o que é para o homem: uma fonte de vida e não um perigo mortal” – Simone de Beauvoir

Ser mulher é carregar, ainda hoje, o peso histórico de não ter sido considerada plenamente…

3 dias ago

10 maneiras de tornar a vida mais interessante e desejável – Segundo Contardo Calligaris

Os seres humanos sempre questionaram o sentido da vida: nascer, crescer, reproduzir e morrer. É…

1 semana ago

70% dos relacionamentos duradouros começaram com amizade sem interesse em romance, revela estudo

Quando dois amigos se envolvem romanticamente, alguns podem argumentar que eles sempre foram sexualmente atraídos…

1 semana ago

O Impacto das Apostas na Saúde Mental: Um Alerta Necessário

Nos últimos anos, o crescimento exponencial do setor de apostas tem transformado a forma como…

2 semanas ago