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Especialista revela 5 evidências do que uma filha espera de seu pai enquanto ela cresce

“Deixe-me começar deixando claro que reconheço que nem todas as crianças são criadas em lares tradicionais heterossexuais com um pai e uma mãe, e não é minha intenção sugerir que crianças que não estão inseridas nesse tipo de estrutura familiar, estejam em desvantagem. No entanto, neste artigo, vamos falar sobre as relações entre pais (biológicos ou não) e suas filhas”, diz Daniel Flint, psicólogo clínico infantil, da Bowling Green State University, especialista em parentalidade. Com base em seus estudos vamos explorar 5 evidências relacionadas ao que uma filha precisa de seu pai enquanto ela cresce. Confira:

1 – Permissão para ser criança e arriscar suas próprias consequências nos futuros relacionamentos

Pais responsáveis devem ter cuidado para não depositar nos filhos suas próprias inseguranças psicológicas. Evidências de uma amostra de mais de 500 mulheres adultas relembrando sua experiência de infância com seu pai sugerem que muitas experimentaram “parentificação”, o processo mal-adaptativo em que uma criança começa a se sentir responsável por atender às necessidades psicoemocionais de seus pais – tais como a busca constante pela validação deles, por exemplo. Para essas mulheres, a satisfação do relacionamento romântico adulto, e a segurança no relacionamento, foram significativamente menores do que outras meninas que cresceram sem se sentirem subjugadas pela parentificação. A menina precisa ser criança e fazer coisas de crianças. Precisa ter a liberdade de expressar, sem julgamentos e sem necessidade de validação adulta, suas emoções, seus pensamentos e seus sentimentos.

2 – Calor, aceitação, disponibilidade e afeto positivo

Em um estudo que comparou um grupo de adolescentes deprimidas com um grupo de adolescentes nunca deprimidas, os resultados destacaram a importância da relação pai-filha e a qualidade da comunicação entre ambos. Meninas que foram diagnosticadas com depressão eram significativamente mais propensas a relatar que se sentiam rejeitadas e negligenciadas por seu pai e tinham um relacionamento frio e distante com ele. Essas descobertas foram mantidas independentemente de os pais da menina serem casados ou separados. Além disso, enquanto os relatos dos pais de meninas adolescentes não deprimidas indicaram que  eles concordavam com a avaliação de sua filha sobre a necessidade de sempre melhorar a qualidade da comunicação entre eles; os pais de meninas adolescentes deprimidas não pareciam reconhecer a falta de calor e apego parental, devido à má qualidade da comunicação, sentido por suas filhas.

3 – Atividade física compartilhada e habilidades parentais positivas gerais

Reconhecidamente, a linha acima é uma simplificação do seguinte estudo: Um grupo de pais foi treinado usando um programa chamado “Pais e filhas se exercitando e fortalecendo laços”, que se concentrava em melhorar suas habilidades parentais positivas básicas, maximizar o investimento dos pais no bem-estar socioemocional de suas filhas e envolver pais e filhas em brincadeiras ativas, colaborativas e relacionadas ao condicionamento físico. As filhas que participaram deste grupo de treinamento com seus pais experimentaram aumentos maiores na competência socioemocional, habilidades de tomada de decisão, consciência social, habilidades de relacionamento, responsabilidade pessoal e habilidades de autogestão. No geral, este estudo faz um excelente trabalho destacando os resultados valiosos para filhas de pais com habilidades parentais de alta qualidade.

4 – Proximidade, confiabilidade, benevolência e permissão para autonomia

Em uma investigação metodologicamente forte de três grupos de mulheres: As do grupo 1 foram diagnosticadas com transtorno alimentar; do grupo 2, diagnosticadas com transtorno psiquiátricos não relacionados à alimentação, e o grupo 3, era formado por mulheres livres de quaisquer diagnósticos psiquiátricos. Os pesquisadores fizeram as participantes relembrarem a natureza de seu relacionamento com o pai enquanto elas cresciam. A partir dessa reflexão, elas deveriam responder a uma ampla variedade de perguntas quantitativas e narrativas. Os resultados indicaram que as mulheres que tinham um transtorno psiquiátrico (alimentar ou outros) eram mais propensas a descrever seu pai como menos carinhoso, superprotetor, rude, punitivo. Especialmente, todas as mulheres diagnósticas com transtornos alimentares, disseram que seus pais foram distantes e egoístas.

5 – Envolvimento e comunicação – mesmo para padrastos

Provavelmente não é nenhuma surpresa que o envolvimento e a comunicação do pai sejam comportamentos que beneficiam os relacionamentos pai-filha. O que eu particularmente gosto neste estudo é como o “envolvimento” e a “comunicação” foram medidos: ao perguntar às filhas quais das cinco atividades compartilhadas que elas fizeram com seu pai no mês anterior e quais dos tópicos de conversa surgiram com ele no mês passado, os autores ficaram agradavelmente surpresos ao ver que os efeitos benéficos do envolvimento e da comunicação eram válidos até mesmo para as filhas que viviam com padrastos. Os autores postulam que padrastos que se interessam voluntariamente pela vida de sua enteada também podem exibir as características necessárias para estabelecer e manter uma relação viável com seu progresso.

Foto de capa: Cena do filme Pais e Filhas. Veja o trailer:

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