Psicologia e Comportamento

A autopiedade e o coitadismo sem ação são irritantes – Com Leandro Karnal

Ouvir alguém reclamar, mesmo que seja você mesmo, nunca fez bem. Algumas pessoas dizem que reclamar é uma catarse; uma maneira de descarregar emoções e experiências negativas. Olhar atentamente ao que o ‘ato de reclamar’ faz para o cérebro nos dá motivos reais para lutarmos por um estado de espírito positivo e eliminarmos o blá-blá-blá improdutivo de nossas vidas.

Steven Parton, cientista e filósofo norte-americano, examinou a forma como as reclamações – tanto geradas por você mesmo ou vindas de outros –  afetam o cérebro e o corpo. Este estudo nos ajuda a entender por que algumas pessoas não conseguem sair de um estado negativo. Sua teoria mostra que a negatividade e a reclamação realmente alteram fisicamente a estrutura e função da mente e do corpo.

Falar muito e reclamar nunca acalmou uma tempestade

O professor Leandro Karnal, em sua página no Facebook fez a seguinte reflexão:

“Lutar contra injustiças é bom. O silêncio diante do mal pode ser cumplicidade. Porém… existe a irritante autopiedade, um coitadismo que manifesta pena de si, sem ação concreta. São dois mundos: um é o que identifica o problema e parte para a luta; outro é o que reclama sem parar e quer que todos notem como é infeliz. Ria mais de si, torne suas dores alavancas, evite o excesso de dramas narrativos e, acima de tudo, busque uma solução. Institua o dia de hoje como ‘um dia sem reclamar’ e veja a diferença. Lembre-se: falar muito e reclamar nunca acalmou uma tempestade”.

Quando você reclama sempre, você desiste de sua capacidade de mudar as coisas

O efeito que a reclamação tem sobre o próprio indivíduo é devastador. Esta linha de raciocínio científico se estende até a dinâmica entre duas pessoas. É a explicação cientifica de como a reclamação joga as pessoas para baixo.

Os chamados “neurônios-espelho” garantem que aprendamos com o meio em que vivemos. Também são estes os elementos bioquímicos essenciais da empatia. O cérebro relaciona-se com o que a outra pessoa se expressa.  A nossa porção empática responde “vivenciando” essa emoção como uma tentativa de se relacionar e compreender o drama que se desenvolve no mundo exterior.

Quando alguém derrama um caminhão de fofocas, de negatividade e drama vitimista em cima de você, tenha a certeza de que está sendo afetado bioquimicamente no sentido de afetar as suas chances ser feliz. Se exposto a este tipo de explosão emocional o resultado é o estresse. Sabemos que o estresse mata, portanto reclamação e negatividade contribuem  decisivamente para a sua morte antecipada.

Steve Parton diz ainda que essa perspectiva é “a ciência da felicidade”. E o hábito de reclamar constantemente oferece um estudo favorável  à ligação entre o poder do pensamento e a capacidade de controle que uma pessoa pode ter sobre a criação de sua realidade tridimensional.

“Se você está sempre reclamando e menosprezando o seu próprio poder de discernir e enfrentar a realidade, você automaticamente desiste de sua capacidade de mudar as coisas para melhor. Assim, você nunca muda”.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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