Parando para refletir sobre esta data comemorativa que se aproxima pensei nos muitos sentidos e significados que este nome carrega. Segundo o dicionário a palavra pai significa: 1.Gerador; genitor; homem colocado no primeiro grau da linha ascendente de parentesco; 2.Animal macho que gerou outro; 3. Benfeitor, protetor; 4.Criador, fundador, instituidor; 5.Cacique; 6.Pai de todos.
Dentre tais definições podemos pensar o quanto esta figura é importante e que as vezes é simplesmente esquecida e desvalorizada, quero então tratar aqui algumas destas ricas definições do dicionário com um pouco de minha experiência e usando alguns teóricos que falam sobre esta figura “PAI”.
Primeiro quero explicar porque estou utilizando o termo “figura”, pois trato aqui de uma reflexão de simbolismos e sentidos da palavra pai, em explicações teóricas e vivenciais não apenas do meu pai que me fez juntamente com minha mãe, biologicamente falando.
A figura PAI carrega um poder muito forte, começarei a reflexão pelo pai DEUS, aquele que muitos acreditam como o criador do universo, dos céus e da terra, aquele que é onipotente, onipresente e soberano. Segundo os escritos do primeiro livro da bíblia, Moisés descreve que em cinco dias DEUS criou a terra com tudo que nela existe de natureza, alimentos e animais, no sexto dia então criando o homem. E disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo réptil que se move sobre a terra”.
Neste ato de criação o PAI Deus demostra um grande amor por seus “filhos” lhes dando vida e domínio sobre a terra e tudo que nela havia. Nos humanos tão pequeninos e obras de um Deus PAI bondoso, criador, fundador e instituidor teríamos nele a imagem de soberano, de um ser que regeria nossas vidas dando-nos todo amor, suporte, livramento e bênçãos sem fim, e após a morte nos assegurando um lugar nos céus junto a ele. Sendo esta simbologia, o sentimento empregado na maioria das pessoas como o “PAI MAIOR”, quando dizem: “Deus é pai, deus é amor.”
O PAI genitor aquele que biologicamente faz outro individuo, cedendo uma parte de si, seu espermatozoide que juntamente com o óvulo feminino fecundam e criam um embrião que futuramente será um novo ser. Sem esta contribuição do homem genitor este novo individuo não existiria, naturalmente a mulher não procriaria um novo ser sozinha. Mas a contribuição do ser pai não fica só por ai, a figura do PAI possui um papel fundamental para o desenvolvimento de um novo ser, e por toda sua existência.
Segundo Judith Viorst: A mãe dá ao filho as primeiras lições de amor- e do seu companheiro, o ódio. O pai- o “segundo outro” – encarrega-se de aperfeiçoa-las. Oferecendo uma alternativa para o relacionamento mãe-filho. Tirando o filho da união total e empurrando-o para o mundo. Apresentando o modelo masculino que pode complementar o feminino e fazer contraste com ele. E fornecendo outros significados talvez diferentes de amável e amar e ser amado. (Perdas necessárias; Viorst, Judith. 2005, ps. 74,75)
Historicamente a figura paterna tem sido empregada como o que educa, que impõe a lei, as normas e como se deve comportar. Um divisor de amor, onde possui uma função de separação do elo de simbiose entre o filho e a mãe, colocando sua imagem e seu lugar neste relacionar. Segundo a teoria psicanalítica de Sigmund Freud este primeiro relacionar-se se torna muito importante, pois através dele o individuo criara modelos e projeções a serem seguidas no decorrer de sua vida. Sendo assim parte fundamental do seu desenvolvimento psico-socio-biológico.
Poderia descrever aqui muitas formas e teorias que explicariam o relacionar-se com a figura PAI, mas minha ideia principal aqui era descrever mesmo sobre o que esta figura representa pra mim. E lendo o livro Perdas Necessárias de Judith Viorst encontrei a seguinte colocação de Freud que resume esse sentimento ambíguo de amor e ódio que se faz na relação com a figura do PAI.
E assim diz Freud: “É sem dúvida, alheia à nossa inteligência e nossos sentimentos a união do amor com o ódio. A natureza, usando este par de opostos, consegue manter o amor sempre novo e vigilante, para protegê-lo do ódio que espreita atrás dele. Possivelmente, devemos o desabrochar mais belo do nosso amor à relação contra os impulsos hostis que sentimos no íntimo”.
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