Psicologia e Comportamento

Até os tolerantes, às vezes, têm necessidade de mandar ‘ir à merda’

Como defendi em muitos artigos e defendo vigorosamente em minha vida cotidiana e banal, a generosidade e a gentileza devem ser palavras de ordem. Dizer bom dia, boa tarde, boa noite, sorrir, acenar, falar obrigado e por favor, pronunciar um elogio sincero fazem bem para os outros e para nós mesmos. Por outro lado, paciência tem limites e bondade não é sinônimo de burrice. Ás vezes é preciso mandar ir à merda mesmo, alto e em bom som caso a pessoa em questão não escute direito ou tenha problemas para abstrair.

Ninguém é obrigado a pensar como ninguém, mas ninguém precisa destilar suas verdades como o mais vil veneno. Ninguém é obrigado a simpatizar com ninguém, mas ninguém tem o direito de jogar tal antipatia na cara dos outros. Mas se por acaso alguém desrespeita a opinião alheia, dá um show de antipatia ou esculhamba por falta de coisa melhor para fazer ou simplesmente para se sentir menos péssimo consigo mesmo, deve preparar-se para ir à merda.

Muita gente acha que é falta de educação dar respostas malcriadas para gente sem noção, que se sente dona da verdade, que quer convencer os outros com argumentos baixos, que finge não entender para criar polêmica. Acho que a pessoa perde o direito de ser tratada com educação quando ela é propositadamente idiota.

Infelizmente, algumas pessoas param de encher o saco apenas quando são tratadas com firmeza e um pouco de ironia. Caso contrário continuam se achando as maravilhosas do pedaço. Acham-se poderosas e assertivas por dizerem palavras ofensivas. Para mim estas pessoas inconvenientes, pretensiosas, que vomitam suas lindas verdades sem filtros têm preguiça mental porque discordar com classe e educação exige um trabalho intelectual muito mais elaborado e cuidadoso do que simplesmente exibir o seu acervo de grosserias.

Mandar ir à merda não significa necessariamente usar estas palavras. Ás vezes mandamos à merda com um olhar de desprezo, com uma resposta irônica ou apenas com um constrangedor silêncio. Um e-mail não respondido, um convite não aceito podem ser formas bem eloquentes de mandar ir à merda. Não quero dizer que toda vez que não respondem a um e-mail nosso, estão nos mandando ir à merda. Às vezes a pessoa em questão não respondeu porque está num mau momento. O mesmo se refere a convites. Mas quando alguém começa a nos evitar de forma sistemática, ela provavelmente está nos mandando ir à merda. Às vezes com motivo, às vezes sem motivo. Não entrarei nesta questão.

O que desejo ressaltar é que não precisamos engolir tudo. Não precisamos levar na cara e achar normal.

Ninguém é saco de pancada de ninguém. E se alguém se sente no direito de transformar os outros em sua válvula de escape para o estresse do dia a dia , mande à merda sem a menor cerimônia.

Digo mais: quando o idiota em questão for você mesmo, mande a sua insegurança e os seus traumas e manias irem à merda também. Seu lado medroso está te privando de um prazer delicioso? Mande-se à merda! As suas manias estão roubando o seu tempo livre e o seu bom humor? Mande-se à merda! O seu passado triste está atrapalhando o seu presente? Mande-se à merda juntamente com quem te ajudou a ferrar o seu passado! Pode ser bem divertido!

Texto de Sílvia Marques 

 

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As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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