A menopausa é um marco biológico e existencial na vida da mulher, que simboliza o encerramento do seu ciclo reprodutivo. Mas, para além da biologia, ela também representa um rito de passagem, às vezes silencioso, outras vezes tumultuado, marcado por transformações físicas, psicoemocionais e sociais. É um período de muitas mudanças para a mulher, e ela pode ser especialmente difícil quando vem antes do esperado, como foi o caso da atriz e apresentadora Angélica contou em entrevista à revista Claudia como foi entrar na menopausa aos 43 anos.
“Chegou precocemente [a minha menopausa], aos 43 anos, comecei a ter sinais, assim como a minha mãe e a minha irmã. Alguns sintomas apareceram, mas fui levando, por falta de informação e por não querer tomar remédios”, relatou Angélica destacando que a informação é fundamental para lidar com essa transição, que até hoje é um assunto tabu para a sociedade. “Demorei a entender a menopausa precoce e me cuidar, iniciar o tratamento de reposição hormonal. Essa lentidão eu considero um erro”, enfatizou.
A pesquisadora Liz Earle, em seu livro Menopausa Bem Vivida, convida as mulheres a enxergarem essa fase não como um declínio, mas como uma oportunidade para a reinvenção do autocuidado, da escuta do corpo e da reconstrução do significado do feminino.
Embora a média de idade para a chegada da menopausa seja por volta dos 50 anos, é o período que a antecede, chamado de perimenopausa, que costuma despertar dúvidas, inquietações e, em muitos casos, sofrimento. A perimenopausa pode começar entre os 40 e 45 anos e durar vários anos. Nessa fase, os níveis de estrogênio e progesterona oscilam de forma imprevisível, afetando o funcionamento do organismo como um todo.
Segundo Liz Earle, muitas mulheres chegam a essa fase sem informação adequada, o que agrava o sofrimento e aumenta a medicalização excessiva. Earle propõe uma abordagem que combina evidências científicas, mudanças de estilo de vida e escuta subjetiva.
A menopausa, tecnicamente, é considerada instalada após 12 meses consecutivos sem menstruação. Mas os sintomas e impactos hormonais podem durar bem mais. Um estudo de longa duração conduzido pelo Center for Outcomes Research and Evaluation, nos Estados Unidos, acompanhou 438 mulheres entre 45 e 69 anos ao longo de 13 anos. A pesquisa demonstrou que os sintomas da menopausa podem durar, em média, de 5 a 6 anos. Embora 23% das participantes ainda relatassem ondas de calor mesmo após mais de uma década desde o início do climatério.
Durante esse processo, há uma diminuição significativa da produção de estrogênio pelos ovários. O estrogênio é um hormônio-chave para o equilíbrio de diversos sistemas: cardiovascular, ósseo, neurológico, urinário, imunológico e sexual. Além disso, a testosterona menos conhecida no universo feminino, mas igualmente importante — também diminui, afetando o desejo sexual, a energia vital e a sensação de força interior.
Com menos estrogênio e testosterona circulando, o corpo passa por uma espécie de “redesenho interno” que pode incluir alterações metabólicas, cognitivas e emocionais. É por isso que Liz Earle defende uma abordagem multidisciplinar que envolva ginecologia, endocrinologia, nutrição, saúde mental e atividade física personalizada.
A seguir, listamos os sintomas mais frequentes, com base na literatura científica e também na abordagem integrativa de Liz Earle:
São sensações súbitas de calor intenso, que costumam começar no rosto, pescoço e tórax e se espalhar pelo corpo. Podem durar de 30 segundos a vários minutos e ocorrem várias vezes ao dia. Estima-se que até 70% das mulheres experienciem esse sintoma.
A transpiração excessiva durante o sono pode interromper o descanso e levar a quadros de fadiga crônica.
Algumas mulheres experimentam o oposto dos fogachos, com tremores e sensação de frio intenso nas extremidades do corpo.
A queda do estrogênio afeta o tecido vaginal, provocando secura, dor durante o sexo (dispareunia), infecções urinárias recorrentes e queda da libido.
Irritabilidade, ansiedade, choro fácil, depressão leve e sensação de vulnerabilidade emocional são frequentes. Liz Earle ressalta que essas reações não são apenas psicológicas, mas profundamente hormonais.
Maior sensibilidade nos seios, aumento dos sintomas de TPM e flutuações intensas de humor.
A pele, os olhos e a boca podem apresentar ressecamento persistente.
Dores de cabeça e aumento da frequência cardíaca, muitas vezes confundidos com crises de ansiedade.
Artralgias e sensação de rigidez matinal podem surgir sem motivo aparente.
Também conhecida como “névoa mental da menopausa”, essa condição está ligada à queda hormonal que afeta neurotransmissores como a serotonina.
A perda de cabelo, aumento de gordura abdominal e mudanças na composição corporal são comuns.
Liz Earle propõe que as mulheres sejam protagonistas dessa travessia e não apenas pacientes passivas. As estratégias incluem:
A menopausa não é uma patologia, mas uma transição natural. Sofrer calada, como tantas mulheres fizeram antes de nós, não é mais necessário — nem justo. A informação baseada em evidências, como propõe Liz Earle, é um direito e uma ferramenta de empoderamento feminino. Quando compreendida, acolhida e cuidada, a menopausa pode ser, sim, bem vivida: um renascimento para uma nova maturidade.
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