Psicologia e Comportamento

Nada como perdoar e esquecer: perdoar a pessoa e esquecer que ela existe

Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar.

Ninguém tem convicção certeira sobre o limite do perdão, porque nunca poderemos saber o que se passa realmente no coração do outro, ou seja, é impossível deduzir se quem recebe o perdão percebe tudo o que ali está envolvido. Isso porque muitas pessoas são perdoadas e, mesmo assim, não movem uma palha para mudar aquilo que machuca o outro. Tem gente que não sabe ser perdoada.

Ultimamente, somos constantemente aconselhados acerca da necessidade de perdoarmos as pessoas, para que limpemos as tralhas que os outros deixam em nossos caminhos. Sim, perdoar realmente faz bem, pois é assim que conseguimos nos livrar de muita carga que atrapalha o nosso respirar e é assim que a gente prossegue. Mesmo assim, teremos que nos conscientizar de que muitos não sabem receber o perdão de ninguém.

Muitas pessoas não conseguem compreender que ser perdoado requer querer sê-lo. E quem quer receber perdão deve estar disposto a refletir sobre si mesmo, mudando os comportamentos que machucam os outros, forçando-se a tomar atitudes outras, porque é assim que a gente demonstra estar grato pelo perdão recebido. De que adianta, afinal, que nos perdoem, caso isso não nos leve a reflexão alguma sobre a forma como estamos vivendo as nossas vidas?

Se não precisássemos mudar, não teríamos que estar necessitando de que alguém nos perdoe por algo que fizemos ou deixamos de fazer. Aliás, existirão aqueles que nem mesmo conseguirão aceitar que precisam ser perdoados, pois, em seu mundinho, nunca fizeram nada de errado, nunca machucaram ninguém – imagina, tudo intriga da oposição, tudo melindres de gente mimada. Trata-se de gente que não muda, nunca, por nada nem por ninguém. Gente de quem afastar-se é questão de sobrevivência.

Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar, presas que se encontrarão em meio ao próprio ego. O importante é que estaremos livres e distantes de quem só machuca, para que possamos repousar nossas almas junto a quem erra, mas tem a capacidade de dizer “desculpa”, do fundo de seu coração.

Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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