Psicologia e Comportamento

Não é egoísmo partir, depois de você ter avisado mil vezes que estava machucado

A gente tem que parar de ter medo de sofrer, ou de ficar sofrendo por antecedência. Não dá para ser feliz com esse temor dentro de si, adiando tomar atitudes urgentes, por conta de dúvidas quanto à própria capacidade de superar o que vai doer. Não se ache tão fraco, a ponto de manter o que dói, para não ter que enfrentar o afastamento do que você acha que não tem mais jeito.

Na verdade, não podemos dispensar e desistir das pessoas assim logo de início, já na primeira decepção, no primeiro desapontamento, afinal, todo e qualquer tipo de relacionamento necessita de ajustes que se consolidam com o tempo. É preciso conversar e expor o que agrada e o que incomoda, dando uma chance para que o outro decida se vale a pena mudar algumas coisas por você. Temos que dizer o que não está bom, quando não estivermos bem. Mas temos que perceber se o outro realmente está escutando.

A gente não pode é se esquecer do amor que nos aproximou do outro, dos sentimentos que carregamos junto com o parceiro. Isso não acaba de um dia para o outro. Sentimentos são fortes e são eles que nos sustentam nas noites frias após os dias traiçoeiros. São eles que nos ajudam a refletir sobre a real importância de manter ou não alguém em nossas vidas. São eles que nos nortearão quanto ao quanto já insistimos sem retorno do lado de lá.

Na verdade, a gente não deve ficar esperando que o outro aja exatamente como queremos. Temos que respeitar as individualidades, porque ninguém gosta de ser marionete e, com o tempo, a marionete nem terá mais graça para quem brinca com ela. Se você for completo, o outro virá para somar e não para inteirar ou preencher vazios. E, caso o outro não some nada, não sofreremos exageradamente ao romper o que já esgotou.

Uma coisa é certa: você nunca será feliz se sua felicidade depender do que te dizem, do que te fazem, te devolvem, do que as pessoas te dão. O que importa é o que você oferta ao mundo. Como irão usar suas ofertas já não é problema seu. Apenas não mantenha junto quem faz um mau uso do que você oferece. Entender isso torna o viver mais leve e feliz. Rasgue essa senha da fila da felicidade que você segura há muito tempo. Essa fila só existe na sua cabeça. A felicidade está prontinha, aí dentro de ti. Você não precisa de ninguém para se encontrar. Vai ser feliz agora, que o depois demora muito. Só vai.

Texto de Prof. Marcel Camargo

Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Recent Posts

Adultização e infantilização: Do algoritmo que expõe crianças à chupeta que “cura” ansiedade em adultos

Nas últimas décadas, temos assistido a um fenômeno inquietante: enquanto crianças são pressionadas a amadurecer…

4 dias ago

“Adultizar uma criança é uma maneira bem eficiente de destrui-la” – Clara Dawn

Em agosto de 2025, o influenciador Felca viralizou ao denunciar a adultização de crianças nas…

1 semana ago

Reescrever a paternidade é quebrar o pacto inconsciente de repetir o passado

O Dia dos Pais, como conhecemos, é fruto de uma criação comercial do século XX,…

1 semana ago

A correlação entre a ansiedade patológica e a gastrite: o trato digestivo como espelho emocional – Soraya Aragão

A ansiedade é um mecanismo de defesa evolutivo natural, essencial para a sobrevivência e o…

1 semana ago

“Trabalhei tanto que me esqueci de estar vivo. Mas viver é a única urgência” – Rubem Alves

Segundo o mestre Rubem Alves, no seu livro: "Se eu pudesse viver minha vida novamente",…

2 semanas ago

“O açúcar em excesso não adoece só o corpo: alimenta as piores companhias no nosso intestino” –

Durante décadas, o açúcar foi sinônimo de carinho, recompensa e afeto. E a publicidade soube…

3 semanas ago