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SEM DIREITO A SORRIR – Por Fabrício Carpinejar

“Elogio não serve para nada se não existe justiça. As rosas estão só sendo usadas em coroas fúnebres nos feminicídios, um pior que o outro, um mais cruel do que o outro.

Todos os dias é um dia a menos para milhares de mulheres no país.

Ela ainda é vista como posse de alguém, como escrava do amor, como vitrine de ostentação, como carne e usura.

O que aconteceu em Franco da Rocha (São Paulo), com a universitária Isabela Miranda de Oliveira, de 19 anos, é o retrato na lápide da selvageria machista.

Isabela Miranda de Oliveira

Ela, dormindo, inconsciente porque se passou na bebida com os amigos em brincadeira no churrasco, foi estuprada pelo cunhado enquanto dormia (até se reestabelecer) em um dos quartos.

O namorado, em vez de entender a cena, em vez de socorrê-la, em vez de defendê-la do agressor, em vez de partir para cima do cunhado, começou a espancar Isabela, como se ele tivesse culpa de ser violentada. Não bastando: ateou fogo no banheiro e no colchão e a queimou viva.

Isabela foi covardemente assassinada, sem o direito de se defender, unicamente porque era mulher. Julgada, condenada e executada na hora por uma questão de gênero. Não me diga que há igualdade. Não teríamos um novo óbito se fosse um homem”. – Texto de Fabrício Carpinejar publicado em seu facebook no dia 8 de março de 2019.

A taxa de feminicídio no Brasil é a quinta maior do mundo. Só este ano (até a data de publicação desta matéria) foram registrados 340 casos de feminicídio — 204 episódios consumados e 136 tentativas. A taxa de letalidade é de 60%, com 220 vítimas identificadas, em crimes ocorridos em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. Os crimes têm uma característica em comum: foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. As estatísticas de violência sexual envergonham e exigem uma profunda e inadiável mudança cultural. – Saiba mais sobre o assunto clicando aqui.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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