Uma coisa é certa: relacionamento é feito de duas pessoas e as duas contribuem para o sucesso ou para o fracasso. Não é possível, em nenhum campo de pesquisas ou de práticas sociais, um relacionamento prosperar de forma qualificada, saudável e satisfatória, se ambos não estiverem em sincronicidade com o desejo de estarem e permanecerem juntos. Entretanto, muitas vezes, isso não acontece e, claro, não se deve remar o barco sozinha. Nesse caso é perfeitamente aceitável terminar o relacionamento.

Por outro lado, se houver mútuo interesse em manter o relacionamento, hoje também é possível contar com a orientação da ciência. Um crescente campo de pesquisa sobre relacionamentos está fornecendo cada vez mais orientações científicas sobre os hábitos dos casais mais saudáveis ​​e felizes – e como melhorar qualquer relacionamento difícil. Como aprendemos, a ciência do amor e dos relacionamentos se resume a lições fundamentais que são ao mesmo tempo simples, óbvias e difíceis de dominar: empatia, positividade e uma forte conexão emocional impulsionam os relacionamentos mais felizes e saudáveis.

Mantenha uma forte conexão emocional

“A coisa mais importante que aprendemos e que se destaca totalmente em toda a psicologia do desenvolvimento, psicologia social e trabalho de nosso laboratório nos últimos 35 anos é que o segredo para relacionamentos amorosos duradouros, fortes e vibrantes é a capacidade de resposta emocional ”, diz Sue Johnson, (capa) psicóloga clínica em Ottawa, especialista em relacionamentos e terapia de casais, autora de vários livros, incluindo “Segure-me com força: sete conversas para uma vida inteira de amor” (Hold Me Tight: Seven Conversations for a Lifetime of Love).

Essa capacidade de resposta, em poucas palavras, é enviar uma sugestão e fazer com que a outra pessoa responda a ela. “A pergunta de US$ 99 milhões no amor é: ‘Você está aqui para mim?’”, diz Johnson. “Não é apenas, ‘você vai me ajudar com as tarefas?’ É sobre sincronicidade emocional, cumplicidade e respeito”.

“Todo casal tem diferenças”, continua Johnson. “O que torna os casais infelizes é quando eles têm uma desconexão emocional e não conseguem ter uma sensação de base segura ou porto seguro com essa pessoa”. Ela observa que a crítica e a rejeição – muitas vezes recebidas com defensividade e retraimento – são extremamente angustiantes e algo que nosso cérebro interpreta como um sinal de perigo.

Para promover a capacidade de resposta emocional entre os parceiros, Johnson foi pioneira na Terapia Focada nas Emoções, na qual os casais aprendem a se relacionar por meio de conversas que expressam necessidades e evitam críticas. “A pessoa precisa ter a liberdade de falar sobre os seus sentimentos de uma forma que aproxime a outra pessoa de si e não o contrário”, diz Johnson.

Mantenha a positividade saudável

De acordo com Carrie Cole, diretora de pesquisa do Gottman Institute – organização dedicada à pesquisa do casamento, o desengajamento emocional pode acontecer facilmente em qualquer relacionamento quando os casais não estão fazendo coisas que criem positividade. “Quando isso acontece, as pessoas sentem que estão se distanciando cada vez mais, até que nem se conhecem mais”, diz Cole.

“Uma maneira fácil para começar é encontrar formas de elogiar seu parceiro/a com frequência”, diz Cole – “Seja verbalizando a sua apreciação por algo que ele/a fez ou dizendo, especificamente, o que você ama nele/a. Este exercício pode realizar duas coisas benéficas: primeiro, valida seu parceiro/a e o ajuda a se sentir bem consigo mesmo/a. Em segundo lugar, ajuda a lembrar por que você escolheu essa pessoa para sua jornada na vida.

Pratique a empatia e controle as emoções negativas

Quando se trata do cérebro e do amor, a antropóloga biológica e pesquisadora sênior do Instituto Kinsey, Helen Fisher, descobriu – depois de colocar as pessoas em um scanner cerebral – que existem três componentes neuroquímicos essenciais encontrados em pessoas que relatam alta satisfação no relacionamento: praticar a empatia, controlar as emoções negativas/estresse e manter opiniões positivas sobre seu parceiro.

Em relacionamentos felizes, os parceiros tentam simpatizar um com o outro e entender as perspectivas um do outro, em vez de tentar constantemente estar certo. Controlar o estresse e as emoções se resume a um conceito simples: “Mantenha a boca fechada e não aja”, diz Fisher. Se você não consegue evitar ficar bravo, faça uma pausa indo para a academia, lendo um livro, brincando com o cachorro ou ligando para um amigo – qualquer coisa para sair de um caminho destrutivo.

Manter visões positivas de seu parceiro, que Fisher chama de “ilusões positivas”, significa reduzir a quantidade de tempo que você gasta pensando em aspectos negativos de seu relacionamento. “Nenhum parceiro é perfeito, e o cérebro é bem construído para lembrar as coisas desagradáveis ​​que foram ditas”, diz Fisher. “Mas se você pode ignorar essas coisas e se concentrar apenas no que é importante, é bom para o corpo.

Relacionamento harmonioso, vida mais feliz

Em última análise, a qualidade dos relacionamentos de uma pessoa determina a qualidade de sua vida. “Boas relações não são apenas mais felizes e agradáveis”, diz Johnson. “Quando buscamos a prática de curar o nosso relacionamento e mantê-lo forte, ele nos tornam resilientes e dedicados. Todos esses clichês sobre como o amor nos fortalece não são apenas clichês, é fisiologia. Ou seja, é a conexão com a pessoa que no ama e nos valoriza, é conexão com a nossa rede de segurança, respeito e amor na vida”.






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