O câncer sempre é uma doença genética que surge de uma mutação genética, presente em apenas um grupo de células que origina o tumor. Já as doenças hereditárias são aquelas em que existe uma herança que é transmitida através das gerações. Um câncer então pode hereditário ou não, mas sempre é genético, ou seja, a pessoa já nasce com as células que podem desenvolver canceres.

Embora existam muitos tipos de câncer, todos começam devido ao crescimento e multiplicação anormal e descontrolado das células.  Enquanto as células saudáveis vão crescendo e se substituindo de uma maneira “programada” as células cancerosas, elas se dividem e desenvolvem de maneira aleatória, espontânea e incontrolada. Isso se deve à alteração do mecanismo que se encarrega da inibição da reprodução celular. Assim, as características das células cancerosas são as seguintes:

  • Crescem rápido demais
  • Não podem se organizar por si mesmas
  • São incapazes de se autorregular
  • Não obedecem a nenhum padrão, as massas de tecido que se formam não se parecem com as de um tecido normal, e por isso recebem o nome de neoplasias.

Partindo desta base, devemos saber que os tumores benignos tendem a comprimir os tecidos que os rodeiam, mas não penetram em seu interior. Neste caso pode ser necessário removê-los para que não causem anomalias funcionais ou estruturais. Por outro lado, os tumores malignos penetram no tecido adjacente e se estendem pelo interior do nosso organismo, podendo chegar a passar pela corrente sanguínea, ou pelos canais linfáticos.

Os tumores são classificados em 4 tipos:

Carcinomas: os que se formaram a partir de células que recobrem as superfícies como a pele, o intestino, a membrana do sistema respiratório, urinário e gastrointestinal. São os mais comuns. Sarcomas: os que provêm de regiões mais profundas, como a cartilagem dos ossos ou os músculos. Linfomas: são tumores que se originam no tecido linfático (pescoço, virilha ou axila). Leucemia: câncer gerado no sistema sanguíneo.

Traços psicológicos semelhantes em pessoas propensas ao câncer

O oncologista e pesquisador, doutor Douglas Brodie foi um pioneiros na compreensão da relação entre as emoções, a mente e o câncer. Após décadas de pesquisa, ele notou que a maioria dos indivíduos diagnosticados com câncer tinha traços psicológicos semelhantes.

O doutor Brodie enfatizou que “a raiva reprimida parece ser de longe a característica emocional mais comum dos pacientes com câncer em geral”. Ele acrescentou que essa raiva “ geralmente tem sido reprimida por tanto tempo que os pacientes não conseguem expressá-la ou nem percebem que ela está lá… mas está lá em algum lugar em quase todos os casos. Tentamos trazer essas coisas à tona e salientar que isso é realmente parte da doença e uma parte importante, e que deve ser abordada”.

O médico observou ainda que a maioria dos pacientes reconhece esse aspecto do câncer, embora haja alguns que resistem completamente a essa compreensão e permanecem em negação. Ele sugeriu que muitos homens com mais de 60 anos consideram inaceitável a sugestão de um componente psicológico para sua doença e que essa faixa etária, mais do que qualquer outra, recusa o apoio psicológico.

Comportamentos que podem aumentar ou diminuir o risco de desenvolver câncer 

Antigamente, pensava-se que pessoas com certos traços de personalidade eram particularmente suscetíveis ao câncer. Acreditava-se que pessoas neuróticas e introvertidas, em particular, corriam maior risco de desenvolver a doença. Acreditava-se também que o tipo de personalidade desempenhava um papel na possibilidade de as pessoas afetadas pelo câncer morrerem por causa dele.

Muitos desses estudos foram desacreditados porque envolveram um pequeno número de pessoas, foram mal concebidos e mal administrados. Outro problema era que algumas revistas científicas tendiam a publicar estudos que mostravam uma ligação entre o cancro e a personalidade, rejeitando ao mesmo tempo estudos que não encontravam qualquer ligação. O resultado, de acordo com a American Cancer Society, foi uma crença generalizada de que existe uma base científica para os tipos de personalidade propensos ao câncer.

Pesquisas recentes desmascararam amplamente essas noções. Um estudo de 2010 envolvendo 60.000 pessoas na Suécia e na Finlândia não encontrou nenhuma ligação entre a personalidade e o risco global de câncer, nem nenhuma ligação entre traços de personalidade e a sobrevivência ao câncer. Um estudo japonês de 2003 procurou uma ligação entre quatro traços de personalidade: extroversão, neuroticismo, psicoticismo e engano e quatro tipos diferentes de câncer. Não encontrou nenhum.

Embora não pareça haver uma ligação biológica entre o tipo de personalidade e o risco de câncer, certos traços estão associados a comportamentos que podem aumentar ou diminuir esse risco. Por exemplo, é pouco provável que pessoas altamente preocupadas com a saúde se envolvam em atividades – como fumar , comer em excesso ou apanhar sol durante demasiado tempo – associadas ao cancro. Pessoas que prestam menos atenção à dieta e aos exercícios podem correr maior risco de contrair a doença.

6 padrões regulares durante a vida que podem contribuir para o desenvolvimento de câncer 

Alguns pacientes que desenvolveram câncer manifestaram os seguintes padrões regulares durante a vida 

  1. Altruísmo exacerbado. Uma consciência limitada de suas próprias necessidades e desejos, podendo levar a pessoa a ser “sempre boazinha”. Ela tende a atender continuamente às necessidades e expectativas do outro, sente culpa ao atender as suas próprias necessidades e tem baixa autoaceitação. Essas pessoas são harmonizadoras e tentam manter a paz a todo custo;

  2. Repressão das emoções negativas, como raiva, ressentimento, ira, hostilidade etc. Há uma sensação de que qualquer expressão destes sentimentos é inadequada. Demonstrar incapacidade de resolver problemas e conflitos emocionais profundos, geralmente surgidos na infância, muitas vezes até mesmo desconhecendo sua presença.

  3. Não deseja formar relacionamentos emocionais profundos para não correr riscos de sofrer ou as suas relações negativas e tóxicas preponderam, especialmente com a família. Tem frequentemente um histórico de falta de proximidade com um ou ambos os pais, às vezes, mais tarde na vida, resultando em falta de proximidade com o cônjuge ou outras pessoas que normalmente seriam próximas.

  4. Sensação de incapacidade de mudar as condições da própria vida, sentindo que não existem opções e que as situações estão fora de seu controle; há uma sensação de impotência diante das condições da vida. Também há um sentimento de vitimização e passividade, levando à frustração e, finalmente, à depressão;

  5. Uma sensação consciente ou inconsciente de não merecimento de felicidade ou sucesso – ou da vida em si. Reagir negativamente ao estresse, muitas vezes tornando-se incapaz de lidar adequadamente com tal estresse. Geralmente experimenta um evento especialmente prejudicial cerca de 2 anos antes do início do câncer detectável. O paciente é incapaz de lidar com esse evento ou série de eventos traumáticos, o que é a “gota d’água” após anos de reações reprimidas ao estresse.

  6. Um desejo consciente ou inconsciente de ter uma doença grave, a atenção que não poderia receber por outras razões. Há um interesse em manter a doença por razões manipuladoras. Ter um câncer seria uma forma aceitável de ir morrendo, de “cometer” suicídio sem tirar a própria vida.

Quando as pessoas estão dispostas a investigar essas características, curar os traumas emocionais e aprender a lidar com a propensão ao câncer, as chances de prevenção à doença crescem significativamente.

Sanar traumas e dores psíquicas pode prevenir o câncer 

Há alguns sinais de que uma dor psíquica, por causa de um trauma, pode estar afetando a pessoa ao ponto de desencadear tumores cancerígenos. 

De acordo com a Associação Americana de Psicologia, o trauma é “uma resposta emocional a um evento extremamente negativo”. As reações imediatas a tais eventos (muitas vezes chamadas de “choque”), tais como batimento cardíaco acelerado, tonturas, confusão, entorpecimento, desorientação e distração, são uma parte normal da reação de “luta ou fuga” do nosso sistema. O mecanismo de luta ou fuga é uma reação fisiológica que ocorre na presença de algo aterrorizante ou ameaçador. Essa reação prepara o corpo para lutar ou fugir de uma ameaça, seja ela real ou imaginária.

Os problemas surgem, no entanto, quando os efeitos causados por tais acontecimento são tão graves que nos acompanham por muito tempo depois de o fato ter ocorrido.

Sinais de que um trauma emocional ainda pode estar afetando uma pessoa:

  • A evitação de pessoas, lugares e situações que lembram o trauma;
  • Lembranças recorrentes ou angustiantes sobre o evento;
  • Pesadelos contínuos e flashbacks sobre o evento
  • Angústia quando confrontado com pessoas, lugares e situações que lembram a pessoa do evento
  • Incapacidade de se lembrar de aspectos importantes do evento, não associada a lesões na cabeça ou substâncias químicas
  • Generalizações negativas e culpabilização de si mesmo, de outros ou do mundo (por exemplo, “Eu não sou bom”, “Nenhum homem presta”, “O mundo é um lugar perigoso”) sentimentos generalizados de vergonha, horror, raiva, culpa ou medo
  • Participação diminuída em atividades que antes eram interessantes;
  • Afastamento dos outros;
  • Incapacidade de experimentar emoções positivas;
  • Comportamento autodestrutivo;
  • Hipervigilância ou paranoia;
  • Reação exagerada de “sobressalto”;
  • Dificuldade de concentração;
  • Distúrbios do sono;
  • Ansiedade;
  • Entorpecimento emocional;
  • Nervosismo ou irritabilidade geral;
  • Alterações de humor.

Quando uma pessoa vivencia acontecimentos traumáticos em sua vida e não cura a ferida dessa experiência, ela pode lidar com as ramificações do estresse crônico que podem levar ao câncer. Sabemos que a maioria das doenças é multideterminada e que há uma confluência de fatores (genéticos, biológicos, psicológicos, ambientais, alimentares, de comportamentos e hábitos, etc.) envolvidos em seu surgimento. Mas podemos curar os traumas emocionais e assim reduzirmos os risco de desenvolvermos câncer. Terapia solo ou grupo, atividades artísticas ou esportivas, meditação, musicoterapia… são algumas alternativas que podemos buscar a fim de amenizarmos nossas dores, até superá-las de vez.






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