“Muita gente sente dor diariamente! Quando ainda é tolerável vai convivendo com ela sem tratar. Sem ao menos identificar uma causa, ingere analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares, seguindo com o problema, acreditando em alívios temporários.
A questão fundamental que a pessoa precisa entender é que dores nunca são normais! A dor sempre é um sinal de alerta de algo errado no organismo e à medida que ela vai persistindo pode passar de aguda para crônica. Uma dor é considerada crônica quando persiste por mais de 3 meses, ou aquela que persiste por mais de 1 mês após a resolução de uma lesão tecidual aguda ou acompanha uma lesão que não se cura.
Esperar piorar um quadro de dor para iniciar tratamento médico adequado não é aconselhável, uma vez que a condição pode piorar, o tratamento pode ser mais demorado e oneroso, além do desconforto aumentado que poderia ser evitado. Hoje, trago evidências científicas do quanto iniciar um tratamento adequado da fibromialgia rapidamente é importante para sua vida cerebral, evitando até mesmo a demência.
Estudos baseados em análise de imagens cerebrais de ressonância magnética observaram o cérebro de pacientes com fibromialgia e pacientes sem fibromialgia. Foi descoberto que os pacientes com fibromialgia tiveram significativamente menos volume total de substância da massa cinzenta e mostraram uma diminuição associada ao tempo da doença 3,3 vezes maior do que os pacientes saudáveis.
Quanto mais tempo os indivíduos tiveram fibromialgia, maior a perda de massa cinzenta, sendo que cada ano de fibromialgia equivale a 9,5 vezes a perda no envelhecimento normal de uma pessoa saudável. Além disso, os pacientes com fibromialgia demonstraram densidade de massa cinzenta significativamente menor do que os pacientes saudáveis em várias regiões do cérebro, incluindo o cíngulo, os córtices frontais insular e medial e os giros para-hipocampais.
O que podemos notar é que a fibromialgia demonstrou estar associada a uma aceleração das mudanças cerebrais relacionadas à idade da doença e as regiões afetadas no cérebro estão diretamente ligadas às características centrais da fibromialgia, incluindo distúrbios afetivos, emocionais e dor crônica generalizada.
A boa notícia é que existem evidências de reversão dessas alterações morfológicas com a cessação da dor! Por isso, o quanto antes o paciente tomar conhecimento de sua condição e buscar alternativas médicas responsáveis para sua cura é melhor!
Fibromialgia Tem Cura: Um Convite ao Cuidado Integral
A ciência avança, mas a escuta ao corpo ainda engatinha. Durante muito tempo, a fibromialgia foi tratada como um enigma, um território de sombras onde a dor vagava sem forma e sem lugar. No entanto, estudos recentes, como os citados no artigo do Dr. Nivaldo Telles, têm lançado luz sobre os impactos profundos e silenciosos da dor crônica não tratada — que chega a comprometer a integridade do próprio cérebro. Mas é justamente neste cenário que nasce uma esperança revolucionária: a fibromialgia pode ser curada.
Tratar a fibromialgia requer mais do que aliviar sintomas — exige transformar o terreno biológico e emocional onde essa dor se enraíza. E isso não se faz apenas com medicamentos. Ele propõe um retorno às bases da vida saudável, ao que o corpo precisa em sua essência para voltar a respirar sem dor.
1. Alimentação como Medicina
A primeira frente de combate está na nutrição anti-inflamatória. Isso significa eliminar alimentos que inflamam silenciosamente o corpo — como açúcar refinado, glúten, laticínios e ultraprocessados — e favorecer alimentos vivos, coloridos, ricos em antioxidantes, ômega-3, fibras e micronutrientes. Ou seja: o que você coloca no prato é a informação que você envia ao seu DNA.
2. Suplementação Inteligente
A segunda linha de ação é repor o que está em falta: vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais que sustentam o funcionamento saudável dos músculos, do sistema nervoso e do cérebro. Entre os principais suplementos citados estão:
- Magnésio (relaxamento muscular e regulação do sono)
- Vitamina D (imunidade e redução da dor)
- Complexo B (função neurológica)
- Coenzima Q10 (energia celular)
- Triptofano ou 5-HTP (precursor da serotonina)
Mas a suplementação, segundo ele, deve ser individualizada e acompanhada por um profissional que conheça as bases da nutrição funcional.
3. Desinflamar a Vida
Mais do que um plano alimentar, trata-se de um modo de viver que desinflame: reduzir estresse, melhorar a qualidade do sono, cultivar relações afetuosas, respirar profundamente, movimentar o corpo com gentileza. Tudo isso também é tratamento. Tudo isso é cura.
4. A Psique Também Dói
A fibromialgia é, muitas vezes, o grito de um corpo que se viu silenciado. A escuta psicanalítica pode ajudar a trazer à palavra aquilo que ficou encarnado em forma de dor. Trabalhar o inconsciente não é opcional quando falamos de doenças crônicas — é parte da restauração.
Conclusão: Cura como Caminho, Não Como Milagre
A cura da fibromialgia não é um botão que se aperta. É um processo de reconexão com a própria vida. É preciso reaprender a se alimentar, a descansar, a dizer não, a se priorizar, a habitar o corpo como casa e não como cárcere.
A dor pode reduzir o cérebro, mas o afeto pode expandir a alma.
A inflamação pode silenciar a mente, mas a escuta pode libertar o sujeito.
Que este capítulo não seja um ponto final, mas o início de um novo parágrafo de vida — onde a dor não é mais protagonista, mas apenas uma lembrança do que foi superado com coragem, conhecimento e cuidado.
Texto do doutor Nivaldo Teles, neurocirurgião especialista em dor crônica. Em sua página no Instagram ele dá dicas e orientações de tratamentos. Quer saber mais sobre o estudo que ele menciona no texto? Clique aqui para baixar o PDF. Saiba mais sobre o trabalho deste importante profissional