É bonito dedicar-se ao outro, a um deus, a um sonho, à uma ideia, um projeto, um amor, uma família, uma causa universal, um credo, aos bichos, às árvores, às artes….Mas sobretudo, é aconselhável doar-se a si mesmo. Pois este é o princípio, se não da cura, pelo menos do alívio de todas as dores físicas e psicoemocionais. Quando você se respeita, se valoriza, se ama, se cuida…você indica aos outros a maneira como eles devem lhe tratar.

É por amor próprio que você deve observar estas 8 coisas que nunca devemos sacrificar por uma relação afetiva. Lembrando sempre que é melhor ser chamada de egoísta por priorizar a si mesma, do que de otária por ter renunciado sua vida em prol de outra pessoa. De um jeito, ou de outro, você sempre será julgada por’especialistas em vida alheia’. Se assim é, então que seja colocada na balança por dedicar-se a sua própria saúde física, mental e emocional. 

Estas são as 8 coisas que você nunca deve sacrificar por uma relação afetiva

1. Sua felicidade

O melhor de todos os parceiros não vale um fanatismo, uma resignação. Resignar jamais. Ressignificar sempre. Nossa alma, com essa ânsia de amor, de ternura, de carências infindas, nos impele à abdicar de nossa íntima felicidade em silenciosa abnegação à felicidade do outro. E ao Abdicar um grau de sua própria felicidade, você tende a descer sempre, sempre, até o fim. Até não se reconhecer mais. Não é verdade isso? Não se esqueça de que você tem o direito de viver feliz ao seu próprio modo. E se o seu companheiro não demonstra interesse em vê-la também feliz, pelo contrário, impõe a você as felicidades dele; não seria o momento de você parar de perguntar para ele por que ele faz isso com você, e começar a perguntar, a si mesma, por que você continua com ele?

2. Sua liberdade

Confiar não é ter o conhecimento de tudo que o outro faz. É não precisar tê-lo exatamente por confiar. Quem de verdade ama, não subjuga, não impõe presença, não reclama ausência, não prende – antes -incentiva e contempla o voo do ser amado em termos gerais.

Você não precisa mudar quem você é para se adaptar às exigências de pessoa alguma. Uma relação saudável é aquela que tudo flui com naturalidade. É mentira que os opostos se atraem, os opostos se destroem. Energias contrarias só causam doenças físicas e emocionais. Esqueça isso para sempre. Comece uma relação somente com alguém que possua energia positiva com a sua. Pessoas livres, amam pessoas livres. E é possível descobrir isso na primeira conversa. Amar verdadeiramente é deixar livre.

Coisa mais opressora e doentia é conviver com alguém que sente ciúmes até de seus pensamentos, que não suporta que você trate com afeto outras pessoas e tampouco que receba afeto de outros seres humanos. Exigir o monopólio da afetividade é algo tão idiota quanto exigir que alguém não sinta vontade de comer Pudim de padaria só porque tem Petit Gateau na geladeira de casa. Ora, o que fará com que a pessoa ignore o pudim de padaria, não é o obrigação de saber da existência do Petit Gateau, mas sim o respeito ao compromisso, ao diálogo acordado de como será a relação.

3. Sua paz interior

Parei de dedicar esforços para me tornar o que o outro espera que eu seja. Deixei de ser extraordinária aos olhos de quem não me aceita como eu sou. Perdi o convívio com algumas pessoas, deveras. Mas conquistei saúdes e um tipo de paz interior que jamais pensei que existisse.  A mais difícil quebra de paradigmas é a coragem de sair da improdutiva zona de conforto e arcar com as consequências de amar a si mesmo acima de tudo. Mas não se pode confundir amor próprio com egoísmo. Uma pessoa egoísta só pensa em si. Só as suas emoções, verdades, dores e vontades são prioridades. Longe do egoísmo, o amor próprio é a força que lhe impulsiona a abrir mão (ou não) de situações, prazeres, bens, vaidades… somente pelo fato de que uma ou outra possa estar lhe tirando a paz de espírito e até mesmo a saúde mental, emocional ou física. Por amor próprio e para sarar as dores emocionais, aprendi a verbalizar os sentimentos (dizem que o que não vira palavra, vira sintoma), então digo “não” sempre que quero dizer “não” e “siiimm” quando quero dizer sim. Desde que aprendi a me “autodesafiar” com a questão de que é melhor o outro aborrecido do que eu, descobri que amar a mim mesmo não é pecado e, melhor ainda, faz bem para a saúde integral, para autoconhecimento, para a beleza da face e da alma; cura siquizira, urucubaca, olho gordo, desanda e ainda traz o amor em três dias.

4. A sua individualidade

Que coisa linda é amar o fato de o outro amar aquilo que não lhe dá a menor satisfação. “Eu amo você amar esses quadros que não me dizem coisa alguma e por isso vou sempre lhe presentear com um”. “Eu amo a pessoa que sai de seu momento de felicidade sem mim porque essa é a pessoa que eu respeito e confio”; “Eu amo vê-la feliz, independentemente de onde tenha vindo essa felicidade”; “Semana que vem quero viajar com as minhas amigas”; “hoje eu quero ir ao cinema sozinho”; “amanhã quero ficar o dia todo no quarto com meus livros e meus vinis…”.

Relacionamento feliz é estar com alguém ‘para sempre’: caminhando em sintonia de alma, crescendo em plenitude de espírito e vibrando energias mútuas, independente de cada um seguir o seu próprio caminho eventualmente. Para isso, há um encargo: ambos precisam lutar muito por isso, afinal, relacionamento é feito de duas pessoas e são elas que contribuem para o sucesso ou para o fracasso. Deixar livre é a forma genuína de amar de verdade, mas é preciso grande força de vontade prática para alcançá-la.

5. Sua personalidade

É importante praticar a busca pelo autoconhecimento. Porque depois que você descobre quem você é essencialmente, você pode enfim fazer grandes mudanças: energizando os seus pontos positivos e esmaecendo os negativos com o intuito de tornar confortável o convívio consigo mesma e com seus próximos. Coisa muito desconfortável é, tentar em vão, ser a pessoa que o outro espera que você seja em detrimento de ser quem você é. Ocorre, muitas vezes, em casos assim, a frustração de não poder ser quem você é, e tampouco ser o que outro espera que você seja.

6. Suas relações de amizade

Eu passei anos da minha vida fazendo malabares para que o relacionamento desse certo, até entender que se é preciso fazer de tudo para dar certo, já deu errado. Cumplicidade e sintonia não se pratica, ou acontecem num instante, ou não acontecerão jamais. Não confunda afinidade com sintonia. Afinidade é quando ambos gostam de ‘suflê e de ‘Cha-cha-chá’. Mas sintonia é mágica. É quando um completa a resposta do outro, é compreender o que o outro está sentindo só de olhar pra ele. Sintonia é uma espécie de empatia mútua que nunca desconecta. Afinidades podem ser construídas: pode acontecer que você aprenda a gostar de suflê e a dançar Cha-cha-chá. Mas a sintonia existe ou não, num repente ou nunca. Por isso nossas amizades sempre duram mais que nossos amores. Sintonize-se com suas amizades, e jamais permita que alguém lhe afaste dos seus, porque os amores vem e vão, mas os amigos permanecem.

7. Respeito por si mesma

É um clichê dizer que o respeito é a coisa mais importante em qualquer tipo de relacionamento. Não é possível admirarmos uma pessoa sem antes respeitá-la. Logo não é possível amá-la e tampouco conviver com ela dia após dia. O mais importante disso tudo é você exigir que o outro lhe respeite e passar a agir como alguém intolerante a falta de respeito.

Mas há casais que não se respeitam. Fazem piadinhas sobre o outro em público, sabendo de antemão que aquilo o deixará magoado. Há casais que se “digladiam” na frente dos outros. Quem respeita o outro não entra em guerra em público porque quem respeita o outro nunca entra em guerra.  Há casais que se xingam, que mostram o dedo em riste e que falam mal um do outro para os parentes, amigos e até para estranhos. Isso é desrespeitoso demais.

Como é possível, por anos e anos, sentir desejo sexual por uma pessoa que lhe mostra o dedo e manda você ‘se foder’? Como é possível sentir vontade de abraçar e beijar uma pessoa que está sempre, sempre falando mal de você para os outros e consequentemente fazendo os outros sentirem raiva de você?

Respeitar o outro é compreendê-lo acima de tudo como um ser humano sujeito à falhas, ódios, mentiras deliberadas, picuinhas passionais, imaturidades e intolerância. Compreenda-o assim. Busque nos momento em que essas atitudes se manifestarem a sabedoria do silêncio e da boa vontade em compreendê-lo.

8. Seus sonhos

Se nos relacionamentos, as pessoas dedicassem energia em incentivar o outro a ser como ele é, apoiando os seus voos por mais absurdos que pareçam, ao invés de tentar colonizá-lo ao seu próprio paradigma; não haveriam divórcios, tampouco traições. Se tenta transformar, não é amor, é egoismo. E os egoístas – por só amarem àquilo que julgam lhes pertencer – não merecem concessão alguma. Não tente transformar o primeiro andar em cobertura só para depois passar o resto da vida relembrando a cobertura de que ela, um dia, foi primeiro andar.

Em suma, seja justa consigo mesma e só se adapte a si mesma! Clara Dawn






Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: [email protected]