Em nossos dias a cultura já não é o mesmo que era alguns anos atrás, porque o conceito de cultura se estendeu tanto que passou de tanto forma a abranger tudo. E se a cultura é tudo também de alguma forma já não é mais nada. Eu descobri a cultura com cinco anos, quando aprendi a ler. Sempre digo que a coisa mais importante que me aconteceu na vida. Aprender a ler, decifrar… essas formas, transformá-las em imagens.

Graças a essas imagens vivi aventuras que nunca poderia ter vivido na vida real. Foi algo que enriqueceu minha vida de uma maneira extraordinária, e desde criança  fui um leitor voraz, e, certamente, com as experiências vividas através da leitura é que nasceu minha vocação de escritor. Eu não tive uma educação de alto nível, estive em colégios bastante pobres, bastante medíocres…

Depois, quando entrei na universidade, onde também não tive uma instrução de alto nível, as universidades nas quais estudei eram de segunda, terceira ordem, embora tenha atido alguns bons professores. Em todos esses anos, o que fui aprendendo é o muito que não sabia, o muito que ignorava, o muito que teria gostado saber para poder aproveitar mais isso que se chama, ou se chamava nesse tempo, a cultura que me fascinou muito desde o começo.

Lembro do meu deslumbramento quando vi pela primeira vez, a peça montada por uma companhia argentina, a obra de Arthur Miller, “A Morte do Caixeiro Viajante”, que me mostrou que o teatro podia ser moderno, pular no espaço, no tempo, como acontecia nas histórias dos romances mais modernos. Apaixonei-me pelo teatro, escrevi uma “obrinha’ de teatro. Não tive nenhuma cultura musical, só mais tarde, e confesso que, com grande esforço, fui descobrindo o maravilhoso mundo da música, e pensei que teria sido maravilhoso ter alguma formação musical, aprender algum instrumento para poder aproveitar mais, e de dentro, esse universo tão rico, tão enormemente emotivo que é o mundo da música.

Também não tive nenhuma formação plástica, e foi visitando museus, visitando galerias, que entrei pouco a pouco e bastante desinformado no mundo das artes plásticas.  A cultura foi uma forma de diversão, claro, de enorme prazer, algo que me permitiu descobrir a mim mesmo, descobrir quem queria ser, como queria ser na vida. E também a diversidade, a extraordinária riqueza que tem a vida. Como é diferente quando se vive a partir dessas perspectivas maravilhosas que são as grandes construções artísticas, literárias e os grandes sistemas de pensamento…

(Veja mais sobre este assunto no vídeo abaixo)

https://www.youtube.com/watch?v=yWDgjPjp1S8






As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.