Este estudo se baseia na análise dos homens e mulheres como seres vivos evolutivos: macho e fêmea e leva em consideração a herança genética e as fenomenologias socioculturais. De acordo com Satoshi Kanazawa, especialista em psicologia evolutiva da London School of Economics, o autor do estudo, pessoas do gênero masculino inteligentes emocionalmente são mais propensas a valorizarem à exclusividade sexual, do que as pessoas que não têm inteligência e maturidade cognitiva-emocional. Kanazawa analisou duas grandes pesquisas americanas a National Longitudinal Study of Adolescent Health e a General Social Surveys, que mediam atitudes sociais e inteligência de milhares de homens e mulheres, adolescentes e adultos.

Ao cruzar os dados das duas pesquisas, o autor concluiu que os homens que acreditam na importância da fidelidade sexual, demonstraram um nível mais alto de inteligência. Mostrou ainda que o comportamento de fidelidade nos homens mais inteligentes, é um sinal da evolução da espécie em si.

Os machos foram aparelhados institivamente para abandonarem as fêmeas e suas crias

Sua teoria é baseada no conceito de que, ao longo da história evolucionária, os homens sempre foram relativamente polígamos. Os homens enquanto seres vivos, machos, eram ‘aparelhados’ instintivamente à buscar por várias fêmeas e consequentemente a abandoná-las depois que ficavam grávidas. E na busca por outras fêmeas em idade fértil, eles abandonavam também suas crias. Mesmo que em pleno século 21 alguns homens ainda buscam por várias mulheres e também abandonam seus filhos de um jeito ou de outro, essa ‘aparelhagem’ está mudando conforme as sociedades vão se ajustado à paradigmas culturais menos cruéis.

Para Kanazawa, assumir uma relação de exclusividade sexual tem se tornado, então, uma novidade evolucionária para os homens. E aqueles que buscam por práticas emocionais inteligentes e desconstruídas do machismo estrutural, estão mais inclinados a se tornarem mais evoluídos de forma integral. Para o autor, isso se deve ao fato de homens mais inteligentes serem mais abertos à novas ideias e questionarem mais os dogmas e a si mesmos.

As mulheres e a sua relação com a prática da fidelidade

Claro, as mulheres também são capazes de trair. Entretanto, segundo Kanazawa as mulheres têm mais interesse e facilidade em manterem a exclusividade sexual, não necessariamente porque têm maior inteligência cognitiva/emocional, pois isso não pôde ser analisado e levado em conta no estudo, porque as mulheres sempre foram relativamente monogâmicas e sendo assim, a fidelidade não representaria uma evolução para elas. Observa-se que a monogamia feminina é, ainda nos dias atuais, considerada uma imposição social: “a mulher não tem o direito à infidelidade, mas os homens têm suas necessidades”. Dessa forma não pode saber se a evolução da fidelidade mudou entre as mulheres, porque a evolução só acontece quando o indivíduo tem a liberdade de fazer, ou não, alguma coisa que considere não praticável.

Uma vez infiel, sempre infiel?

Olhando por este prisma evolutivo, uma vez infiel, sempre infiel? O especialista afirma que a mudança parte de uma grande busca pelo autoconhecimento, pela aceitação de que esse tipo de comportamento afeta as relações afetivas e que precisa de ajuda para deixar de ser infiel, para evoluir em inteligência e maturidade emocional. E tudo bem precisar de ajuda.

Trecho extraído do artigo Personality and Individual Differences – Tradução e livre adaptação: Portal Raízes.






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