Neste estudo, objetivamos mostrar que o estado de humor dos pais/mães afeta significativamente a psicopatologia de seus filhos. Como as crianças percebem a ansiedade e o mau humor de um dos pais, ou de ambos, e por que os pais devem estar conscientes de como agir para que o estado negativo de humor não afete as saúdes mental, emocional e consequentemente física, de nossos filhos. 

Os estudos concluíram que:

  • Se os pais expressam emoções negativas com muita frequência, isso pode afetar o desenvolvimento emocional e cognitivo dos filhos.
  • O mau humor e pessimismo dos pais têm um efeito maior sobre os filhos do que o humor de suas mães.

Os estudos mostram consistentemente que os filhos de pais com transtornos do humor apresentam maior risco de desenvolverem transtornos de humor, , ansiedade, depressão, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de socializar, agressividade física, verbal e psicológica, quando comparados aos filhos de pais emocionalmente saudáveis.

Pais com depressão relatam psicopatologia nos filhos com mais precisão do que pais saudáveis

Como esperado, o relatório dos pais serve como a principal fonte de informação na maioria dos estudos que avaliam a psicopatologia infantil. No entanto, muitos desses pais têm transtornos psiquiátricos e de humor que podem afetar sua capacidade de relatar objetivamente a psicopatologia de seus filhos.

Em uma revisão importante da literatura sobre saúde mental dos pais, sugere que os pais com depressão relatam psicopatologia nos filhos com mais precisão do que pais saudáveis. O maior estudo de imagem cerebral de crianças já realizado nos Estados Unidos revelou que filhos de pais com depressão, ansiedade, transtornos do humor, têm estruturas cerebrais diferentes, de crianças cujos pais têm boa saúde mental, e inteligência emocional.

O doutor Thomas, fundador do Gordon Parenting, um programa educacional para pais em Hong Kong, acredita que quando os pais estão estressados ou lidam com problemas emocionais como ansiedade, raiva ou depressão, eles devem ter um cuidado extra com o que dizem, e como agem em casa para não afetar os filhos.

Crianças pequenas são mais suscetíveis ao mau humor dos pais

Lim Boon Leng, psiquiatra, do Centro de Bem-Estar Psicológico em Cingapura, concorda que as crianças pequenas são mais suscetíveis ao humor de seus pais do que as mais velhas.

“Crianças com menos de três anos ainda estão aprendendo sobre regulação emocional. Portanto, se seus pais demonstram instabilidade emocional, elas podem reagir de maneira semelhante, chorando com mais frequência e incontrolavelmente, fazendo birras, mostrando medo ou ansiedade em excesso. Elas podem até desenvolver fobias, ou terem problemas para comer ou dormir”.

Efeitos da estrutura familiar na saúde mental de crianças: um estudo preliminar

Um estudo feito com 154 pacientes internados na unidade pré-adolescente no Lincoln Prairie Behavioral Health Center, entre julho e dezembro de 2012, revelou que apenas 11% das crianças vieram de famílias intactas que vivem com pais biológicos, enquanto 89% tiveram algum tipo de perturbação na estrutura familiar.

Dois terços das crianças da população estudada foram expostas a trauma com abuso físico observado em 36% dos casos. 71% relataram ter um dos pais ou um irmão com um distúrbio psiquiátrico. As crianças oriundas de pais biológicos saudáveis eram menos propensas a serem expostas a trauma.

Crianças provenientes de famílias solteiras/divorciadas apresentaram menor probabilidade de exposição a abuso sexual, mas maior probabilidade de ter um diagnóstico de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), em comparação com outros tipos de famílias.

Foi encontrada forte associação entre a exposição ao trauma e certos diagnósticos em relação à hospitalização. O TDAH previu uma probabilidade 4 vezes maior de ter mais de uma hospitalização anterior, com transtorno de humor, transtorno desafiador de oposição e abuso físico, aumentando o risco em mais de duas vezes.

Como autorregular as emoções para não prejudicar a saúde integral dos filhos?

Os pais devem assumir a responsabilidade por seu comportamento e, sim, é impossível estar feliz e de bom humor o tempo todo, mas eles devem reconhecer quando começarem a sentir raiva, ansiedade ou estresse e se perguntarem por que se sentem assim. Quando eles sabem os motivos, podem resolvê-los para evitar serem acionados novamente. Os pais devem se lembrar de que têm controle sobre seu humor e comportamento. Porque, quando esse estado de raiva e agressão em casa é prolongado, a autoestima das crianças pode ser afetada, levando a culpa e sentimentos de vergonha, humilhação e desamparo.

Em clínica se nota que muitos pais que procuram ajuda especializada, aprendem a reconhecer o seu humor e a regularem suas emoções para não projetarem e/ou ‘descontarem’ seu estado humor nos filhos. Especialistas recomendam que os pais minimizem seu tempo com os filhos se estiverem realmente estressados ​​ou de mau humor e cuidem primeiro do seu próprio bem-estar. Além disso, que observem as expressões faciais dos seus filhos, são elas que revelam, antes de tudo, se eles estão sentindo medo ou intimidação, ou se o tom de sua voz soa duro. A expressão facial de filho é o termômetro de como você deve agir com ele.

Tente manter atenção plena no comportamento emocional de seus filhos. Porque não é apenas como você se sente que o afeta, mas também o que você diz e como você diz, e, especialmente, a maneira como você age quando está com seus filhos. Quando você é autoconsciente de suas limitações, você fica numa posição melhor para autorregular suas emoções, ao invés de permitir que suas emoções passem a gerenciá-lo. É claro que tudo isso é mais fácil na teoria do que prática, considerando todos as interfaces da vida pós-moderna, mas você precisa pelo menos tentar e quanto mais você praticar, menos difícil será. Aos poucos, regular suas emoções será um habito sem esforço algum.






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