Atualidades

O uso da máscara nos revelou o que diz o olhar. E como há olhos tristes por aí!

Em tempos de pandemia, a escuta, que já era caótica, se tornou quase incompreensível por causa do uso das máscaras. Assim, de outra maneira, quase que inconsciente, estamos aprendendo a interpretar o que o outro diz por meio da expressão corporal e especialmente por intermédio da linguagem do olhar. E o que esses olhos que flertamos, aqui e ali, têm nos revelado?

Só ouvimos 10% do que o outro fala

O escritor holandês e professor, Henri Nouwen, trouxe à lume a seguinte reflexão: “Ouvir é muito mais do que permitir que outro fale enquanto espera por uma chance de responder … A beleza de ouvir é que, aqueles que são ouvidos começam a se sentir aceitos, começam a levar  suas palavras mais a sério e descobrir os seus próprios “eus” verdadeiros. Escutar é uma forma de espiritual hospitalidade pelo qual você convida estranhos para se tornar amigos“.

Entretanto, nós não sabemos ouvir, ou pelo menos não somos “programados” para isso. É o que sugere o estudo que mostrou que  nós ouvimos apenas cerca de 10% do que o outro fala. É claro, a gente se justifica como pode, afinal de contas estamos na contextualização histórica do SPA –  Síndrome do Pensamento Acelerado. De um lado a globalização com seu boom tecnológico e suas redes sociais atraentes e, do outro, cá estamos nós, os servos voluntários de toda a fenomenologia social, dispostos a passar a maior parte de nosso tempo fazendo com elas se torne mais efêmera o possível, para que outra ocupe o seu lugar e assim sigamos sendo o que podemos consumir.

O que esses olhos que flertamos, aqui e ali, têm nos revelado?

As pupilas trazem mensagens muito sutis, que muitas vezes passam despercebidas. No entanto, elas têm uma linguagem própria que é possível decifrar. O aspecto mais visível é a dilatação das pupilas, que muda automaticamente de tamanho de acordo com as circunstâncias e sem a nossa intervenção.

Normalmente as pupilas se dilatam quando vemos um objeto interessante e que aceitamos sem hesitação, ou então na penumbra, quando temos dificuldade de enxergar alguma coisa. Se as condições de iluminação e visibilidade são normais, a dilatação da pupila é sinal de interesse e atração.

O contrário também é verdadeiro. Quando estamos diante de algo que rejeitamos ou sentimos medo, as pupilas se contraem. As pupilas contraídas demonstram hostilidade ou mau humor, mesmo que não estejamos olhando diretamente para o objeto que nos desagrada.

Como compreender o que o outro diz por intermédio do seu olhar?

Olhar parado: Quando focamos o olhar, a tendência é perder a visão, logo, pode significar que não estamos muito interessados no assunto ou podemos não estar muito à vontade com o tema, significa que não nos sentimos confortáveis. Pode significar melancólica, tristeza momentânea ou até mesmo indícios de que algo negativo crescendo dentro de nós.

Olhando para cima à direita: quando olhamos para cima à direita estamos criando imagens mentalmente a partir do que nos foi dito.

Olhando para cima à esquerda: O lado esquerdo do cérebro impulsiona a nossa capacidade de visualizar, recordar, logo, quando olhamos para cima à esquerda estamos recorrendo á memória.

Olhando para a direita: Quando olhamos para a direita estamos tentando ativar a nossa capacidade de assimilar os sons. Assim, quando olhamos muito para a direita indica que não estamos ouvindo com compreensão.

Olhando para a esquerda: Quando olhamos para a esquerda estamos a tentar recordar se aquele som é algum que tenhamos ouvido no passado.

Olhando para baixo à direita: Quando olhamos para baixo à direita, ativamos a nossa capacidade de introspecção, refletir e promover um monólogo interior.

Olhando para baixo à esquerda: Quando olhamos para baixo à esquerda ativamos a nossa capacidade de recordar sentimentos.

Olhando para baixo: Olhar para baixo pode indicar um sentimento de vergonha ou constrangimento, mas também ativa o olfato.

Coçar o olho: Coçar o olho pode significar que não gostamos do que falamos ou do que estamos ouvindo.

Fechar ligeiramente os olhos: Quando fechamos ligeiramente os olhos significa que não estamos a gostar do que estamos a ouvir ou a ver.

Matéria exclusiva do Portal Raízes. É proibida a reprodução parcial, ou total, sem a nossa prévia autorização.(Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998).

__

Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos e não se esqueça de comentar, isso nos ajuda a continuar trazendo conteúdos incríveis para você. Siga-nos também no Instagram e Youtube.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

Recent Posts

“Boy Sober” – Resposta histórica ao desgaste emocional provocado por uma masculinidade adoecida

Essa tendência chamada de “detox de homem” ou “boy sober” pode soar como uma provocação…

17 horas ago

Síndrome do Pavio Curto: Quando a raiva explode antes que possamos entendê-la

Todos nós, em algum momento, sentimos o coração acelerar diante de uma frustração ou de…

17 horas ago

Mesmo em repouso, quem convive com fibromialgia gasta energia como se estivesse numa maratona

Quem convive com fibromialgia ou dor crônica sabe bem como é acordar cansado, mesmo depois…

2 semanas ago

O programa de 8 semanas para o bem-estar emocional, segundo médico de Harvard

Vivemos em uma era que promete bem-estar em cada esquina: aplicativos de meditação, séries motivacionais,…

2 semanas ago

A dor causada pela rejeição é igual a dor aguda no corpo, diz a neurociência

A dor causada pela rejeição é igual a dor aguda no corpo e afeta a…

3 semanas ago

“Aceitar o meu TDAH me fez parar de lutar contra mim mesma” – Ana Beatriz Barbosa

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica caracterizada por…

3 semanas ago