Seu filho seguirá seu exemplo e não os seus conselhos. As crianças são seres especiais, pequenas caixas de surpresa, tronco de emoções e ocorrências, mas especialmente são como a cera de vela, na qual tudo que é impresso nela será realmente impresso, de modo intencional ou não, pois a criança repetirá, em algum momento de sua vida, tudo o que ela viu e/ou ouviu das pessoas em quem confiava.

Nós tendemos a perder a paciência muitas vezes com as crianças, elas podem tornar-se cansativas e difíceis de disciplinar , ficam confusas, levam à intolerância e, para os pais que convivem com elas em seus estágios mais laboriosos, é duro enxergar que por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não consegue expressar. Mas a pedagogia do amor nos ensina primeiro a lidar com nossas próprias emoções para depois enfrentarmos o agressivo e renitente comportamento de nossos filhos.

Nossas palavras têm o poder de erguer pontes e também de destruir castelos:

Pensadores, poetas, pedagogos e terapeutas lidam diariamente com as palavras e, acredite, as que saem da boca de uma criança são as mais inspiradoras à reflexão das diversas leituras que ela, a partir do que recebeu na infância, fará do mundo na fase adulta.

Mas na rotina diária, a gente se esquece disso, naquele instante em que o stress, o cansaço mental/físico e a impaciência nos aflige e aí a gente explode em forma de palavras ofensivas ao filho, que se aproxima queixoso e/ou necessitado de algo.

Conversar amorosamente com filho sobre o que aconteceu ajudará muitíssimo também e assim ele compreenderá que você sabe reconhecer seus erros e que erros podem ser, com boa vontade, trabalhados e, com o tempo, corrigidos.

O mundo está aí com suas terríveis mazelas e além dessas inevitáveis experiências que nossos filhos experimentarão ao longo de suas vidas, não podemos corroborar para a destruição de sua autoestima com nossas irrefletidas  palavras.

Saiba que o simples observância e reconhecimento desse tipo de comportamento lhe ajudará a vigiá-los e moderá-los no momento exato.

Por que a pedagogia do amor funciona?

Pestalozzi, educador suíço, acreditava que a bondade e o amor, e também a família, eram a força vital da educação, assim como que o desenvolvimento afetivo, desde o nascimento, deveria ser uma preocupação da educação

Em Pestalozzi, o amor é o amor-ágape, preconizado pelo cristianismo. Assim, comparando ao amor de mãe, permitiria acompanhar o desenvolvimento infantil, oferecendo os estímulos necessários e adequados a cada etapa da infância. Dessa forma, Pestalozzi entendia o amor pedagógico em concordância com o próprio objetivo da educação, que vai além e abrange a formação do homem moral e autônomo. Para ele, a educação não se limita à existência: deve agir sobre a essência, visando à autonomia moral e à transcendência espiritual do homem.

Se criarmos os nossos filhos com a boa vontade do amor, estaremos encucando-lhes a importância da cooperação e a cooperação é a força toda poderosa que move o mundo e o transforma.

Você sabia que:

Crianças criadas com o amor de suas mães em presídios, podem crescer mais estruturadas emocionalmente do que as que vivem numa casa com pais indiferentes?

A doutora Rosalice Lopes, em sua tese de doutorado “Prisioneiras de uma mesma história – O amor materno atrás das grades” – 2004 – passou dois anos estudando e entrevistando detentas da Penitenciária Feminina de Tatuapé – São Paulo, bem como outras penitenciárias da Austrália e defendeu a importância do amor materno na “construção” de um adulto estruturado emocionalmente.

No livro “A Pedagogia do Amor”, Gabriel Chalita mostra aos pais e professores a contribuição das histórias universais para a formação de valores da nova geração, tão carente de princípios como amor, respeito, solidariedade e idealismo.

Diz Gabriel Chalita: “Devemos estar conscientes da importância de nosso papel e amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores. Que essa consciência seja uma realidade e um estímulo a vocês, companheiros de jornada, colegas de cena neste teatro fabuloso que é a escola da vida. Façamos com amor, sabedoria e respeito a nossa parte”.

Se você acha que a pedagogia do amor é besteira, invista na ignorância dos gritos

“Gritar não é pedagógico nem saudável para o cérebro da criança, porque longe de resolver algo, o que se consegue com isso é ativar dois tipos de respostas emocionais: o medo e/ou a raiva. Aprendamos portanto a educar, disciplinar com base no coração, na empatia e na responsabilidade.

Os gritos não educam, educar com gritos ensurdece o coração e fecha o pensamento. Ceder, recorrer aos gritos, é algo que muitas pessoas fazem. Não é um tabu parental. Na verdade, há quem afirme que os gritos, assim como as ‘palmadas bem dadas’ funcionam, são úteis. Agora, não se engane, porque quem escolhe educar com os gritos e vê com bons olhos esses recursos tem tais comportamentos normalizados: talvez tenha sido aplicado com eles sendo crianças. Agora, sendo adultos, eles são incapazes de usar outras ferramentas, outras alternativas mais úteis e respeitosas.

O impacto neurológico no cérebro das crianças

um primeiro aspecto que não podemos perder de vista é o impacto que os gritos têm por si mesmos no cérebro humano e no próprio desenvolvimento neurológico da criança. O ato de ‘gritar’ tem uma finalidade muito específica em nossa espécie e em qualquer outra: alertar sobre um perigo, um risco. Nosso sistema de alarme é ativado e o cortisol é liberado, esse hormônio do estresse tem como finalidade colocar as condições físicas e biológicas necessárias para fugir ou lutar.

Desta forma, a criança que vive em um ambiente onde o grito é usado e abusado como uma estratégia educacional sofrerá alterações neurológicas muito específicas. O hipocampo, a estrutura cerebral relacionada com as emoções e a memória, terá um tamanho reduzido. Também o corpo caloso, ponto de união entre os dois hemisférios, recebe menos fluxo sanguíneo, afetando assim seu equilíbrio emocional, a sua capacidade de atenção e outros processos cognitivos.

O grito é uma forma de abuso, uma arma invisível que não pode ser vista, que não pode ser tocada, mas seu impacto é simplesmente devastador no cérebro da criança. Esta liberação excessiva e permanente de cortisol coloca a criança em estado de estresse e alarme constante, em uma situação de angústia que ninguém merece e que ninguém deveria experimentar”. (Leia mais sobre “Educar sem gritar”, aqui…)

Em suma:

Nós não estamos educamos nossos filhos para um mundo melhor

Educamos para a competição e competir é o princípio das guerras integrais. Se ao invés de crianças competitivas, as ensinássemos cooperação, empatia e altruísmo, estaríamos a educar crianças para envelhecerem em mundo melhor.

Se você tratar o seu filho com amor, ele será um adulto agradecido e forte mental e emocionalmente.

Fontes pesquisadas:

 






Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: [email protected]