Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos concluiu que para manterem a saúde física e emocional, as mulheres precisam dormir mais do que os homens.

Edward Suarez, um dos autores do estudo, estudou 210 homens e mulheres de meia-idade que não possuíam distúrbios do sonos. O trabalho, que foi feito em conjunto com outros pesquisadores, revelou que 40% dos participantes dormiam menos do que o necessário, adquirindo problemas como dificuldade para adormecer ou acordar durante a noite.

“O estudo sugere que o sono de má qualidade – medido pela quantidade total de sono, o grau de despertar durante a noite e quanto tempo leva para pegar no sono – pode ter consequências mais graves de saúde para as mulheres que para os homens”, disse Edward.

Os pesquisadores explicam que as mulheres que dormem pouco sofrem mais com aflições físicas e psicológicas, além de ter dificuldade para balancear os hormônios, ficando mais propensas a desenvolver problemas no coração, diabetes tipo 2 e depressão.

Por que as mulheres estão sofrendo com insônia crônica?

Insônia não é mera inconveniência; é um distúrbio associado ao aumento do risco de morte, doença cardiovascular, depressão, obesidade, dislipidemia, hipertensão, fadiga e ansiedade.

A ICSD-3 define como insônia crônica a condição que se instala quando surge um ou mais dos seguintes problemas, pelo menos três vezes por semana, por pelo menos três meses:

1) dificuldade para iniciar o sono; 2) dificuldade para mantê-lo; 3) acordar mais cedo do que o desejado; 4) resistência para deitar num horário razoável; 5) dificuldade para dormir sem um parente ou um cuidador.

Quando a duração desses transtornos é menor do que três meses, a insônia é classificada como de curta duração. A primeira recomendação para os insones – crônicos ou não – é adotar o conjunto de medidas conhecido como higiene do sono. Entre outras:

1) não tomar café, bebidas alcoólicas, refrigerantes, ou energéticos, pelo menos seis horas antes de deitar; 2) não assistir à TV na cama; 3) não deitar com o estômago repleto; 4) em vez de rolar na cama, ler com a luz indireta de um abajur; 5) abandonar a vida sedentária.

Tratamento

O principal tratamento não farmacológico é a terapia cognitivo-comportamental, que envolve: higiene do sono, técnicas de relaxamento e controle dos estímulos que mantêm a vigília.

Dezenas de estudos mostram que ela é superior ao uso de medicamentos, tanto na eficácia como na duração dos efeitos benéficos. Na literatura médica, a melhora está documentada mesmo na presença de dores crônicas, artrites, enxaqueca, depressão, estresse pós-traumático, câncer, doenças pulmonares obstrutivo-crônicas e esclerose múltipla.

Há muito, a atividade física é recomendada como parte da higiene do sono. Até 2014, as recomendações eram as de que os exercícios deveriam ser evitados no período que antecede a hora de deitar, porque alterariam o ritmo circadiano do organismo, aumentariam a temperatura corpórea e estimulariam a vigília.

Nesse ano, foi publicado um estudo com mais de mil participantes de 23 a 60 anos. Não houve diferença na avaliação das características do sono entre aqueles que faziam, ou não, exercícios de intensidade moderada ou vigorosa à noite, menos de quatro horas antes de deitar. Com base nessa e em outras observações, os especialistas consideram não haver razão para contraindicar a prática de exercícios à noite.

Em estudos randomizados, ioga, tai chi, meditação e técnicas de relaxamento demonstraram melhorar a qualidade subjetiva e a duração do sono. No entanto, a falta de uniformidade na escolha dos participantes, nas intervenções e nos critérios de avaliação, confundem a interpretação dos resultados e a indicação dessas técnicas como tratamento exclusivo.

E os remédios?

Devem ser prescritos apenas nos casos refratários, em que os demais recursos foram esgotados. Os efeitos colaterais não são alarmantes como imaginávamos no passado, mas estão longe de ser desprezíveis. O impacto do uso prolongado na cognição e na incidência de quadros demenciais não está claro. O ideal é que o uso seja intermitente, reavaliado a cada três ou seis meses, no máximo.

Da redação de Portal Raízes. Fontes pesquisadas: Drauzio; Instituto do Sono; US National Library Of Medicine; Prevalence of chronic insomnia in adult patients and its correlation with medical comorbidities;






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