Desde o momento em que nascem, os bebês aprendem que atenção, amor e segurança estão todos interligados. Quando choram, os pais vêm para acalmar. Quando eles riem, os pais riem com eles. A atenção é gratificante. E à medida que a criança cresce, a atenção dos pais é a recompensa mais desejada. Mas os pais de uma criança que se comporta mal em casa tendem a prestar mais atenção ao mau comportamento do que ao comportamento desejável.

E é por dar mais ênfase ao mau comportamento que alguns pais frequentemente se perdem ao educarem os filhos de forma errônea. Ou eles são rápidos em implementar punições tradicionais ou oferecem recompensas se a criança obedecer. É nessas horas que, num repente, sai o: “Vá agora mesmo pro seu quarto”. Mas você sabe o que realmente significa mandar uma criança para o quarto? Em síntese: mandar uma criança para o quarto como punição só vai funcionar se a criança não gostar de ficar em seu quarto.

Breves intervalos para inquirir à reflexão, num cantinho apropriado, podem ser empiricamente eficazes para o mau comportamento em crianças até os 4 ou 5 anos de idade. Mas, se você usar esse método com demasiada frequência, poderá atingir dois objetivos indesejáveis.

  1. Primeiro: a maioria das crianças tem algum tipo de entretenimento em seu quarto. A mensagem é: “como resultado de seu mau comportamento, passe algum tempo brincando com seus brinquedos, em seus computadores ou em seus telefones”.
  2. Segundo: se quando você está chateado com o seu filho, você constantemente o manda para o quarto, acreditando que com isso estará evitando uma agressão maior, na verdade você está lhe enviando a seguinte mensagem: “Estou chateado com você, preciso que você se afaste de mim até eu me acalmar”.

A conexão implícita na mente dos pequenos é que quando eles deixam a mãe chateada, eles têm o poder de controlar o cenário. Afinal, sejamos honestos conosco mesmos: passar um tempo em um de seus lugares favoritos é realmente uma proposta de reflexão para o mau comportamento?

O que fazer?

Em vez disso, experimente um intervalo na sala de estar ou na cozinha. E não se esqueça de explicar claramente o motivo e as consequências. “Como você levantou a voz, você vai ficar sentado em silêncio à mesa da sala de jantar por 3 minutos”. Para crianças mais velhas, a retirada de privilégios, por tempo limitado pode ser mais eficaz. “Porque você levantou a voz, você perderá o privilégio de usar o celular até amanhã de manhã”.

Pergunte a si mesmo: “por quantas tarefas estou realmente ciente de sou responsável por elas?” –  5? 50? Seja qual for a sua reposta, manter essa carga mental é uma habilidade desenvolvida a medida que a gente cresce. As crianças mais novas ainda não têm a capacidade de guardar múltiplas responsabilidades na sua memória de tarefa e de longo prazo. Para crianças com TDAH, desenvolver essa habilidade pode ser particularmente desafiador.

Você dá os seguintes comandos: “Filho, vá pegar seu dever de casa na sala, coloque-o na mochila, calce os sapatos e prepare-se para ir para a escola!”. Mas eles são insuficientes em duas áreas: primeiro, muitas crianças esquecem genuinamente a segunda, terceira ou quarta opção da lista e são castigadas por seu esquecimento. Em seguida, as crianças que conseguem chegar ao fim da lista frequentemente não conseguem interpretar corretamente o vago “prepare-se para a escola” e são castigadas pelo seu fracasso. Uma sensação de desesperança pode se desenvolver e destruir qualquer motivação anteriormente presente para obedecer.

Os comandos mais adequados para crianças (especialmente aquelas com TDAH), são mais ou menos assim: “Filho, você precisa ir buscar sua lição de casa na sala e depois voltar aqui para a sua próxima tarefa”. Lembre-se de conceder elogios pela conclusão bem-sucedida desta tarefa – não importa quão comum seja a tarefa. Ao cumprir repetidamente padrões razoáveis ​​e claros por parte dos pais, a criança começa a associar a conclusão da tarefa com elogios, valor e positividade – aumentando a motivação para cumprimento futuro.

No geral, os pais não devem se sentir culpados pelos problemas comportamentais dos seus filhos. Devem se sentir capacitados para mudar as suas estratégias parentais, sabendo que mudanças facilmente implementadas podem resultar numa melhoria duradoura. Educar filhos é um comportamento exclusivo dos humanos e nada nos impede de sermos aprendizes e educadores dedicados.

Texto de Daniel Flint, psicólogo pediátrico no Texas Children’s Hospital.






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