“Ser exemplar na educação dos filhos, sempre foi e continuará a ser o desejo de qualquer pai ou mãe. Possível de realizar? Com certeza, sim. Fácil? Se não correr a tempo, não. Não há um manual da perfeição, mas atualmente existem respostas claras e precisas sobre como a criança aprende a se comportar e o que é importante para o desenvolvimento infantil nas interações entre filhos e pais”. É o que ensina Lídia Weber, psicóloga e escritora brasileira que se dedica à educação parental e interação entre pais e filhos.

Lídia Weber afirma que é possível aos pais ajudarem os filhos a se tornarem responsáveis, autônomos, competentes, autoconfiantes e afetivos. Então vêm daí os segredos de uma educação positiva que Lídia resume nestes 12 princípios. Confira:

1. Pedagogia do amor

“Quanto mais amada uma criança se sente, melhor ela aceita as regras e desenvolve amor e compaixão pelos outros”, revela Lídia Weber. Por isso, ame o seu filho pelo que ele é e não pelo que ele faz. É fundamental fortalecer a autoestima e a capacidade de resiliência da criança.

“O relacionamento é um organismo com vida, portanto, é preciso alimentá-lo, acalentá-lo, fornecer energia, todos os dias”, aconselha a psicóloga. Lembre-se que o seu filho é único e especial e não deve ser comparado com os outros. Lembre-se também que amar um filho é também saber dizer não quando precisa dizer não.

2. Conhecer os princípios do comportamento

Lídia Weber afirma que um mesmo tipo de comportamento pode ter diferentes motivações e consequências em diferentes momentos. Logo, é preciso perceber por que uma criança se comporta de maneira errada. “Não ceda e nunca recompense um comportamento negativo como a birra, a manipulação, os gritos, a agressão. Descreva domo o seu filho se comporta (quando estávamos no supermercado João fez birra porque queria chicletes) e não de rótulos do tipo João é birrento, pirracento, manhoso…”, adverte.

3. Conhecer o desenvolvimento de uma criança

“Às vezes a criança não tem intenção de se comportar mal, mas acontece”, diz a psicóloga. Os pais devem conhecer os comportamentos e as necessidades próprias de cada idade da criança para então se antecipar a elas com diálogo explicativo.

Assim, perceberão que determinado tipo de atitudes são normais consoante a fase em que o filho se encontra. Nem sempre um mau comportamento é uma provocação. Por isso, seja sempre um guia, ensine e não julgue ou condene as atitudes negativas do seu filho.

4. Autoconhecimento

“Conhecer a si mesmo permite que a pessoa tome consciência das suas características individuais e sobre as suas expectativas sobre os seus filhos”, explica a autora. Importa perceber que tipo de pai/mãe é e que práticas educativas parentais usa para disciplinar:

  • Estilo autoritário (muito limite e pouco afeto)
  • Estilo permissivo (pouco limite e muito afeto)
  • Estilo negligente (pouco limite e pouco afeto)
  • Estilo participativo (limite e afeto). Idealmente, uma boa educação deve incluir, de forma equilibrada, limites e regras, afeto e envolvimento.

5. Comunicação positiva

Procure se comunicar de forma positiva e clara com o seu filho para ajudá-lo também a expressar os seus sentimentos. Segundo Lídia Weber, existem algumas frases e expressões que você deve evitar, tais como: “Não porque não, e pronto!” ou “Você não tem jeito para nada”.

Ao invés de dizer isso, use frases e atitudes positivas no seu dia a dia, “acentue sempre o lado positivo, elogie, recompense, mostre entusiasmo sem exageros ou falsidades, peça desculpa quando necessário, diga obrigado e peça por favor aos seus filhos”, aconselha.

6. Envolvimento

Disponha de tempo para estar com os seus filhos. É fundamental se envolver e participar integralmente na vida da criança sem ser intrusivo. “Um dos fatores mais fortes de proteção para a criança é o nível de envolvimento dos pais na sua vida. Construa memórias felizes na vida do seu filho. Ele poderá esquecer os brinquedos que teve, mas nunca os momentos especiais que passou consigo. Isso é insubstituível”, afirma a psicóloga.

7. Usar consequências positivas para reforçar, elogiar e/ou valorizar

Apresente consequências ao comportamento adequado. Reforce, elogie, recompense, mostre orgulho, deste modo estará a valorizar o comportamento do seu filho. Promova um clima familiar carinhoso no qual a criança se sinta inclusa, orientada e apoiada.

Nunca é demais lembrar que a criança precisa de limites, estrutura, regras, consistência, mas sempre com carinho. Assim, perante um comportamento inadequado, pense antes de falar e procure conversar olhando nos olhos, falando amorosamente, mas com firmeza e  estabelecendo regras e consequências razoáveis.

8. Apresentar regras e supervisionar o comportamento

Regras e limites são fundamentais na educação de todas as crianças. “As regras devem ser sempre claras, consistentes, realistas e apropriadas à idade da criança. Quando a criança é pequena relembre com ela as regras até que decorem”, explica a psicóloga. Além disso, as regras devem ter supervisão e assistência na execução. Saiba que mais cedo ou mais tarde, o seu filho quebrará as regras para desafiar e testar até onde ele pode ir. Seja firme. Pense a longo prazo.

9. Ser consistente

Os rituais do quotidiano são positivos, a par dos comportamentos consistentes e da coerência entre os pais. Lídia Weber revela que a “consistência constrói confiança”. Ser consistente é aplicar as mesmas regras sempre com o mesmo objetivo. Se uma regra é quebrada muitas vezes, verifique se a culpa é da regra, da falta de consistência ou da ausência de supervisão. Evite estabelecer uma regra quando não tem a certeza de que será consistente em relação a ela. As crianças vão testar sempre a sua firmeza, por isso só lhe resta ter muita paciência.

10. Não usar punição física, e sim consequências lógicas

“De um modo geral, a punição física não é eficiente como método para se eliminar um comportamento desajustado”, defende a psicóloga. O uso da punição pode trazer danos psicológicos e consequências muito negativas ao desenvolvimento da criança até a vida adulta.

Os pais devem ter em mente que existem sempre alternativas à punição física, tais como o diálogo, ignorar alguns comportamentos que não sejam a agressividade, estabelecer castigos ou penalidades e apresentar consequências lógicas do tipo: “Se você quiser jogar bola amanha, você deve fazer os trabalhos de casa”, sublinha.

11. Antes de tudo, dar exemplo

“O seu modelo de relacionamento com o seu cônjuge será um modelo de relacionamento conjugal para os seus filhos. O clima do seu lar deve ser um porto seguro onde os membros da família querem voltar e onde se sentem amadas e seguras”, adverte Lídia Weber.

Trate os seus filhos e o seu cônjuge com respeito, pois se existir consideração e amor, o ambiente e os laços familiares serão reforçados. Aja como gostaria que o seu filho agisse. Se determinada regra for diferente para adultos e crianças, explique ao seu filho porquê.
Lembre-se que a sua família é preciosa, por isso evite descarregar problemas de outra ordem nas pessoas que ama. Treine comportamentos de autocontrole, e quando estiver aborrecido, pense, conte até vinte, isole-se um pouco, mas não ofenda, não grite e não humilhe quem estiver por perto. Busque o autoconhecimento e prática da inteligência emocional e não hesite em buscar ajuda profissional para isso.

12. Educar para a autonomia

“Educar com qualidade e de maneira positiva, compreende duas atitudes aparentemente antagónicas: estar envolvido e deixar a criança encontrar o seu próprio caminho. Eduque para a autonomia, primeiro dê raízes e depois, asas. Saiba que amar um filho passa também por permitir a sua independência. Ensine a criança a refletir sobre as escolhas e não decida tudo por ela. Promova o comportamento de autonomia aos poucos, mas supervisione, não deixe a criança em perigo. Você deve ser o seu porto seguro. As crianças também devem aprender com os erros, devem passar pelas contingências e não somente aprender por regras. Se não houver perigo, deixe que a criança decida e, se for uma má decisão, que aprenda com o seu erro”, aconselha a psicóloga.

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