Ser uma mãe presente não é apenas estar do lado dos seus filhos nos momentos bons e ruins, e sim, saber dialogar e fazer as perguntas certas para se envolver na vida da criança ou do adolescente, tornando-se mais participativa na criação e na convivência com eles. De acordo com a psicanalista Blenda Marcelletti, um dos importantes diálogos entre pais e filhos é sobre a liberdade dentro da família para a discussão, o debate e a disponibilidade dos pais ouvirem e contribuírem na expansão dos conhecimentos sobre a vida, sobre as relações e o sobre o ambiente.

Quando os filhos são muito pequenos cabe aos pais a observação do dia a dia das crianças. As situações mais lúdicas são excelentes oportunidades para o diálogo livre e sem pressão sobre a escola, amiguinhos e rotina em casa. “É importante que os pais indaguem seus filhos sem a intenção de vigiá-los, mas com um genuíno interesse por eles. As crianças aprendem como responder pela forma como são indagadas. Se ao perguntar os pais ficam bravos ou criticam, a criança pode recuar e criar um padrão de resposta nem sempre condizente com o que realmente ocorre”, ressalta a especialista Blenda Marcelletti. A seguir, confira dicas para criar abertura para o diálogo e quais perguntas são essenciais para criar e manter uma boa relação com seus filhos.

Cinco perguntas que devem ser feitas aos pequenos:

1.O que você sonhou hoje?
Com essa pergunta se abre um espaço para falar da importância da vida de fantasia para criança. Se você mostra que entende o “mundo da imaginação” de seu filho, ele sente-se mais próximo de você e tem mais vontade de compartilhar tanto o que sonha quanto o que imagina com sua própria criatividade.

2. Você está bem?
De acordo com a psicóloga Blenda Marcelletti, o diálogo sobre as emoções pode começar com esta simples pergunta. Sabendo como seu filho está você consegue saber se ele anda feliz com a escolinha, com os amigos e até mesmo com a relação com os irmãozinhos.

3. O que mais você quer/deseja?
“Perguntar sobre os desejos de seu filho faz com que se inicie um contato com aquilo que é buscado. Dessa forma, ensina-se, desde cedo, a liberdade de desejar e a propriedade sobre cada desejo”, enfatiza a especialista Marcelleti.

“É importante que os pais indaguem seus filhos sem a intenção de vigiá-los, mas com um genuíno interesse por eles”

4. O que deixa você com tanta raiva ou tão agitado?
Repreender a criança quando ela está agitada ou com raiva não ajuda a entender a real causa desse comportamento. “Essa pergunta faz com que a criança aprenda a conhecer, nomear e lidar com os sentimentos negativos sem culpa”, afirma a psicanalista Blenda.

5. Como foi seu dia? Brincou?
Os pais devem estar atentos para que seus filhos brinquem muito, sozinhos ou em grupo. “É por meio da brincadeira que ele adquire vários conceitos importantes: cooperação, divisão, cuidado e aprendizado”, explica a psicóloga Blenda Marcelletti. De acordo com a psicóloga Milena Lhano, além de perguntar a respeito, para descobrir mais sobre a vida das crianças pequenas é importante estar sempre próximo a elas, supervisionar brincadeiras, assistirem juntos programas de televisão e filmes, além de conhecer amigos e professoras. “Durante esse acompanhamento a criança deve ter suas preferências observadas, além de ser instruída, orientada e amparada, e não ‘monitorada’, criticada, ameaçada e rebaixada”, ressalta a especialista.

E aos filhos adolescentes? O que perguntar?

A adolescência ainda é um marco carregado de crenças e estereótipos criados pelos adultos. Grande parte dos pais sente um certo receio de iniciar um diálogo e deixar que as questões surjam espontaneamente. “Qualquer pergunta sobre esses temas pode ser feita. O mais importante é como serão feitas, em que tom e situação serão colocadas. Nem sempre os pais sabem o limite entre o cuidado e a invasão em áreas da intimidade do adolescente, por isso, alguns adolescentes recusam-se a falar, mentem ou recorrem ao isolamento”, explica a psicoterapeuta Blenda Marcelletti.

Qualquer uma dessas situações traz o afastamento como uma consequência indesejada. É fundamental os pais criarem situações de proximidade e liberdade para que seus filhos adolescentes sintam-se aceitos. “Os discursos moralistas, longos e ininterruptos só geram distância e o adolescente, como excelente observador, aprende rápido como responder para logo se livrar da ‘tortura do interrogatório”, adverte a especialista.

É na fase da aceitação que as regras poderão ser criadas e cumpridas, além de mostrar aos filhos o valor do binômio? Responsabilidade e liberdade?, frequente motivo de confusão.

Quatro perguntas que devem ser feitas aos adolescentes

“Os discursos moralistas, longos e ininterruptos só geram distância entre os pais e os adolescentes”.

1.Como passou seu dia?
De acordo com a psicanalista Blenda Marcelletti, os cuidados devem ser redobrados quando os pais conversam com os adolescentes. Os adolescentes são excelentes observadores do comportamento do adulto. “Quando percebem que o interesse pelos assuntos é para aumentar o controle ou as proibições, eles costumam mentir, distorcer ou manter uma certa distância, evitando qualquer situação de proximidade”, avisa Blenda. Os pais devem garantir que estão abertos para ouvir e essa pergunta, aparentemente “banal”, é uma forma de iniciar um diálogo sem se dirigir para um assunto específico.

2.Quais os amigos que mais gosta? O que eles têm que você admira?
A vida social e a forma como o adolescente constrói suas amizades têm um enorme valor para ele. “Perguntando isso, os pais podem conhecer melhor os valores e as crenças que estão presentes no dia a dia do adolescente”, explica Marcelletti.

3.Qual sua opinião sobre este assunto?
Segundo a psicóloga Milena Lhano, é importante conversar sobre limites, amizades, sexo, drogas, gravidez, estudos e profissão. Os adolescentes devem ser orientados sobre tudo o que passará a fazer parte do seu universo de agora em diante e é preferível que ele seja orientado por quem já passou por essas experiências. Inicialmente, os filhos podem ficar constrangidos ao serem abordados por esses temas, mas os pais demonstrando calma, paciência e naturalidade com o assunto conseguirão “quebrar o gelo”.

Ao perguntar a opinião deles sobre qualquer assunto, mostrando que vocês só estão “batendo um papo”, é possível criar um diálogo aberto e, até mesmo, orientar, sem que seu filho sinta-se pressionado.

4.O que você faria se estivesse no lugar dos pais, da professora ou do amigo?
Com essa indagação você conhece melhor os valores que seu filho está nutrindo. “Colocar-se no lugar do outro é um importante exercício para a cidadania”, enfatiza a psicanalista Blenda Marselletti. (Fonte)






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