A depressão é uma condição biológica da mente e do corpo que afeta nossa vida integralmente, pois modifica os nossos pensamentos, sentimentos e ações. A depressão é, sem dúvida alguma, devastadora para a pessoa e também afeta negativamente sua família e amigos próximos, que são os primeiros a reconhecerem as mudanças sutis e os sintomas da depressão. A coisa mais difícil no processo da depressão é se sentir culpado por tê-la. Especialmente quando o seu médico diz que a sua depressão é difícil de tratar ou que ela é recorrente. É como se você tivesse a autonomia para ligar e desligar o seu botão da depressão.

A psiquiatra Susan J. Noonan, consultora médica no Departamento de Psiquiatria do Hospital McLean e do Hospital Geral de Massachusetts,  autora de quatro livros sobre como gerenciar a depressão e como ajudar as pessoas com depressão, nos ensina sobre a DDT – Depressão Difícil de Tratar. O mais interessante é a doutora além de ter tratado de muitas pessoas com depressão, também foi uma paciente que a vivenciou. A seguir, um exceto extraído de seus estudos.

Amplamente baseada no consenso de especialistas, a DDT – Depressão Difícil de Tratar, se baseia na crença de que a resolução completa dos sintomas da depressão pode não ser alcançável em algumas pessoas. Assim, é preciso mudar o foco de um objetivo de cura (remissão) para o foco no controle dos sintomas e na melhora funcional, onde são minimizados: as angustias peculiares da doença, os efeitos colaterais da medicação e toda a carga de tratamentos repetidos na vida dos pacientes.

Reverter o que é reversível e estar preparado para o que se revela resistente

Os especialistas em saúde mental reconheceram a necessidade de um equilíbrio entre aliviar a gravidade, reverter o que é reversível e estar preparado para também recuar ao que se revela resistente a todos os tratamentos, sem perder, no entanto, a esperança e estabelecendo metas realistas.

É necessário enfatizar que antes de considerar ‘que a remissão total de uma depressão não é possível’, não se deve, de modo algum, atribuir que a ‘culpa’ dessa condição é do paciente e seu suposto ‘não esforço’ e/ou ‘descrença no tratamento’. Antes, o psicoterapeuta deve fazer uma avaliação abrangente de todas as causas tratáveis ​​dos sintomas apresentados e confirmar o diagnóstico correto, o tratamento adequado: duração, adesão anterior ao tratamento, medicações, comorbidades médicas e psiquiátricas gerais, estressores psicológicos  e/ou fatores ambientais que podem ter passado despercebidos.

O objetivo é então usar todas as intervenções disponíveis para avaliar e controlar os sintomas da pessoa. Só então, quando todas essas etapas não forem eficazes, o ‘diagnóstico’ DDT deve ser aplicado. Com isso se espera que a pessoa com DDT receba uma reavaliação completa de seus sintomas anualmente e receba a oferta de novos tratamentos em desenvolvimento à medida que forem disponibilizados.

Sugestão de tratamentos para DDT

O mais sensato é esperar que a pessoa esteja envolvida em todas as discussões e decisões em um modelo colaborativo de tomada de decisão compartilhada. Quando o paciente recebe informações adequadas, a pessoa é mais capaz de determinar o que está disposta a fazer, o que é benéfico e importante para ela. Então pode decidir até onde ir e quando interromper os testes de tratamento na ‘administração’ de seus sintomas. É necessário uma reavaliação periódica dos sintomas da pessoa. Dentre os tratamentos mais interessantes para á DDT, e que podem ser traduzidos como prevenção de crises e precisam ser administrados conjuntamente, são:

  • Aceitar que nós somos seres biofísicos, químicos e psicossocioculturais e todas essas coisas podem ser alteradas de forma positiva ou negativa conforme a vida que levamos.
  • Começar uma reeducação alimentar onde possa incluir uma dieta anti-inflamatória assistida por uma nutricionista, pois as dores crônicas são inflamações que causam grandes sofrimentos psíquicos e vice-e-versa.
  • Buscar uma vida mais inteirada com a natureza, com à prática de atividades físicas, artística e esportiva.
  • Se dedicar à uma causa voluntária, à empatia e à busca pelo autoconhecimento por intermédio da psicoterapia.

“De uma coisa eu tenho certeza: se a minha psicoterapeuta considerasse que deveria estudar minuciosamente que existe depressões difíceis de tratar, e que ela deveria continuar buscando por tratamentos criativos para minha depressão severa, eu não estaria aqui hoje. Tive a sorte porque eu já estava inserida no ambiente cheio de profissionais da saúde mental. Mas a maioria não tem essa sorte, precisa usar os recursos disponíveis nas redes públicas. Eu sempre fui lembrada de que a gente nunca sabe o que está por vir, incluindo novas possibilidades de tratamento das doenças. Todas as pessoas merecem ter essa esperança, especialmente aquelas que não podem pagar por tratamento algum”. Susan J. Noonan

Da redação de Portal Raízes. Editado a partir do estudos da doutora Susan J. Noonan. As informações contidas neste artigo são apenas para fins informativos. Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Pois isto contribui para que continuemos trazendo conteúdos incríveis para você. Siga o Portal Raízes também no FacebookYoutube e Instagram.






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