Sarah Griffin, adolescente britânica de 12 anos, sofreu um colapso pulmonar e passou quatro dias em coma induzido. “Depois que você começa a fumar vape, não consegue parar. As crianças nunca deveriam fumar vape”, disse Sarah à BBC.

Sarah Griffin sofre de asma e fumava vape com muita frequência, até que foi levada ao hospital um mês atrás, com problemas respiratórios. Sua mãe, Mary, disse à BBC que teve medo de perder sua filha.

O governo britânico anunciou planos para restringir a promoção e venda de vapes para crianças. As propostas ficarão abertas para consulta pública nacional pelas próximas oito semanas. Elas incluem:⁠

• restrição dos aromas e descrições dos vapes para que eles não sejam mais dirigidos às crianças;⁠⁠
• manter os vapes fora da vista das crianças nas lojas;⁠
• regulamentar as embalagens de vaporizadores para que elas não sejam dirigidas às crianças;⁠
• verificar se o aumento do preço dos vapes pode reduzir a quantidade de jovens usuários;⁠
• considerar restrições à venda de vapes descartáveis, que, segundo os ministros, estão claramente ligados ao aumento do consumo por crianças e são imensamente prejudiciais ao meio ambiente.⁠

Cigarros eletrônicos não combatem vício e podem causar inflamação pulmonar

Da mesma forma que o cigarro convencional, o cigarro eletrônico faz mal principalmente devido à liberação de nicotina. A nicotina é uma das substâncias com maior poder de vicio conhecidas, por isso, pessoas que utilizam qualquer tipo de dispositivo que libere nicotina, seja o cigarro eletrônico ou o convencional, terão maior dificuldade em deixar de fumar, devido à dependência que essa substância provoca a nível cerebral.

Na edição de 22/12/2022 no quadro Correspondente Médica, a cardiologista Stephanie Rizk explicou os malefícios do cigarro eletrônico e afirmou que ele não deve ser considerado uma alternativa ao cigarro comum.

De acordo com a assessoria de imprensa do cantor Zé Neto, dupla sertaneja de Cristiano, ele desenvolveu um problema chamado “foco de vidro no pulmão” e apresenta falta de ar ao cantar. Esses sintomas podem estar relacionados a resquícios da Covid-19 e ao uso prolongado de cigarro eletrônico.

“O ‘foco de vidro no pulmão’ é quando uma parte dos alvéolos que deveria estar preenchida por ar está preenchida com alguma outra substância inflamatória”, explica a doutora. Esse quadro pode ser causado por infecções virais como a Covid-19, fibrose, fungos, e inclusive por inflamação provocada pelo uso de cigarro eletrônico.

“Há uma falsa impressão de que o cigarro eletrônico não faz mal, mas a maioria contém nicotina, que é altamente viciante.” A médica diz que, apesar de ter menos substâncias tóxicas que o cigarro comum, ele não é totalmente isento desses compostos.

EVALI: a doença do cigarro eletrônico

A EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) é uma sigla em inglês para doença pulmonar causada pelo uso do cigarro eletrônico ou vaping, que foi identificada pela primeira vez em 2019.

Essa doença tem sido relacionada à presença de acetato de vitamina E, um tipo de óleo usado no líquido do cigarro eletrônico, especialmente nos que contém THC, que é uma substância psicoativa da maconha, e que interfere no funcionamento normal dos pulmões.

A EVALI pode causar sintomas semelhantes à outras doenças respiratórias, como pneumonia ou até gripe, e incluem:

  • Falta de ar
  • Febre
  • Tosse
  • Náusea e vômito
  • Dor no estômago
  • Diarreia
  • Tontura
  • Palpitação
  • Dor no peito
  • Cansaço excessivo.

Esses sintomas podem surgir em alguns dias ou ao longo de várias semanas, sendo importante procurar ajuda médica na presença dos sintomas, para que seja feito o diagnóstico e iniciar tratamento mais adequado, que muitas vezes é feito com internamento e utilização oxigênio e uso medicamentos como corticóides, antibióticos ou antivirais, por exemplo.

O uso de cigarro eletrônico na adolescência enriquece a indústria tabaqueira

“A indústria do tabaco acrescenta sabores ao vape para atrair jovens. Mentol e as essências de baunilha, morango, maçã, chocolate, crème brûlée têm sido empregadas com o objetivo de tornar o vape mais palatável às crianças e aos adolescentes.

A quantidade de nicotina presente nos reservatórios desses dispositivos é muito alta. Alguns deles chegam a conter o equivalente à de um maço inteiro. Além da nicotina, o líquido usado nos vaporizadores contém outras substâncias nocivas, algumas das quais são responsáveis pelas 64 mortes e as quase 3 mil internações hospitalares ocorridas nos Estados Unidos. O impacto dos cigarros eletrônicos foi tão grande naquele país que, finalmente, atraiu o interesse dos neurocientistas para estudar a ação a longo prazo da droga, no cérebro em desenvolvimento.

Segundo o Center for Diseases Control (CDC) daquele país, a causa mais provável é a presença do óleo de vitamina E na solução contendo nicotina inalada. Viciar crianças em nicotina é o negócio dessa indústria. Não é à toa que a Organização Mundial da Saúde considera o fumo uma doença pediátrica. Tentativas da Anvisa de proibir essa prática criminosa, têm fracassado diante do lobby milionário da indústria tabaqueira.

A maior fabricante de cigarros dos EUA comprou parte de uma das maiores empresas de cigarros eletrônicos. Faz sentido? Faz, e muito”, diz o doutor Drauzio Varella 

O uso do VAPE é proibido no Brasil, mas é rotina entre os adolescentes

O uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) cresce cada vez mais no mundo, contudo no Brasil a sua comercialização é proibida por meio da Resolução nº 46/2009 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.

Por ser uma ferramenta eletrônica cujos efeitos ainda são pouco conhecidos, a permissão do Ministério da Saúde compreende apenas o seu uso, sendo que, conforme determina a Resolução nº 46/2009 da ANVISA a propaganda, comercialização e importação do cigarro eletrônico é proibida no Brasil.

Apesar de ser proibido o seu comércio, o uso de Vape tem se tornado a cada dia mais popular no Brasil, sendo comum a sua utilização no território nacional, apesar de fazer crer a Resolução que sua compra se daria somente em território internacional.

Quem comercializar, propagar o uso ou importar o vape para o Brasil irá praticar infração sanitária, será autuado pela autoridade competente e estará sujeito às sanções elencadas na Lei nº 6.437/1977, que variam das mais brandas, como advertência à mais graves ,como cancelamento da autorização para funcionamento ou alvará de licenciamento da empresa.

Leia também: Adolescente desenvolve doença rara após o uso de cigarro eletrônico

Veja abaixo um episódio de Gre’s Anatomy que trata do uso do cigarro eletrônico na adolescência:






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