Como é que os pais, que também são viciados em tela, podem ajudar os seus filhos a não ficarem viciados em telas? Fabiano de Abreu, neurocientista, especialista em neurociência aplicada à aprendizagem, em seu estudo, publicado na Revista Multidisciplinar Ciência Latina, concluiu que:
“Os pais têm um papel fundamental como mediadores na vida das crianças para evitar o vício em telas. Afinal, existem alternativas mais saudáveis como papel e caneta, leitura de histórias, diversão com jogos não virtuais ou ainda, utilização de quebra-cabeças e esportes. Se atendermos a essas curiosidades, podemos fomentar uma personalidade curiosa sem prejudicar o desenvolvimento cerebral dos pequenos”.
Ele explica ainda que entregar o celular para criança com o intuito dela se acalmar, se tornou um comportamento comum entre os pais, na contemporaneidade: “Porém, ter esse hábito leva a criança a crer que sempre que ela tiver um comportamento parecido, mesmo que negativo, será recompensada com o uso de aparelhos eletrônicos. Essa conduta pode não só prejudicar a formação da personalidade da criança, como também o desenvolvimento de áreas importantes do cérebro como o lobo frontal”.
O especialista afirma que: “Algumas áreas encefálicas específicas estão mais relacionadas ao processo de aprendizagem e à formação do comportamento do indivíduo. Por isso, a neuroplasticidade dessas áreas é extremamente importante na infância. Nesta fase, há maior capacidade de aprendizagem e maior crescimento de neurônios, logo, a neuroplasticidade ocorre mais facilmente.
O uso de aparelhos eletrônicos, como celular e TV, é responsável por problemas cognitivos. Estudos mostraram a relação entre o vício em internet e alterações encefálicas, chegando a afetar 38 áreas distintas. O excesso de exposição às telas está relacionado a problemas como a sonolência diurna, dificuldade de memorização e de aprendizagem”.
A Sociedade Canadense de Pediatria publicou recentemente diretrizes para promover o uso saudável de telas e limites recomendados por idade das crianças:
2. Gerencie o uso da tela. Você pode conseguir isso criando um plano de mídia familiar com limites individualizados de tempo e conteúdo e aprender como instalar e usar o controles dos pais e as configurações de privacidade e classificação por idade. Outras dicas incluem visualizar e conversar sobre conteúdo com seus filhos, desencorajar o uso de vários dispositivos ao mesmo tempo, obter todas as senhas e informações de login e discutir comportamentos online adequados e inadequados.
3. Incentive o uso significativo da tela. Isso envolve priorizar rotinas diárias (sem tela) sobre o uso da tela e ajudar crianças e adolescentes a escolher conteúdo apropriado para a idade e reconhecer conteúdo ou comportamentos problemáticos. Você pode se tornar parte da vida midiática de seus filhos e defender que escolas e programas de cuidados infantis considerem o desenvolvimento de seu próprio plano de alfabetização digital e uso de telas.
4. Monitore os sinais de uso problemático. Esses sinais incluem: reclamações sobre estar entediado ou infeliz sem acesso à tecnologia e comportamento de oposição em resposta aos limites de tempo de tela. O uso da tela que interfere no sono, na escola, nas interações face a face, nas brincadeiras offline e nas atividades físicas também é problemático, assim como as emoções negativas após as interações online. Fique de olhos bem atentos à classificação indicativa e no conteúdo que seu filho está consumindo. Se ele consumir conteúdo adulto, ficará adultizado antes da hora, e não vai mais se interessar por conteúdo para a idade dele. Dessa maneira terá comportamento e fala adultizada. O que fará com ele perca a beleza do ser criança.
5. Integre telas com atenção. Temos a sorte de viver em uma época de inovação tecnológica tão rápida. Essas tecnologias abrem enormes oportunidades para a maioria (se não todos) os domínios da vida, incluindo novas e diferentes oportunidades para as famílias se conectarem, se envolverem e se unirem. Mas precisamos estar atentos a como integramos essas tecnologias em nossas vidas e às consequências que elas têm sobre nós mesmos, nossos relacionamentos e nossos filhos. Se você estiver preocupado com o uso de mídia digital em sua família, recomendamos que você desenvolva um plano de mídia familiar. Você também pode consultar um psicólogo clínico para discutir suas preocupações.
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