Em entrevista ao Brasil TVT, o médico e cientista Miguel Nicolelis fala sobre a pandemia no Brasil e o colapso no sistema de saúde com o crescimentos de internações. Extraímos alguns trechos de sua fala, mas você pode assistir a entrevista na integra, aqui.

“Eu não acredito que nós tenhamos chegado nem próximo do pico ainda. Infelizmente todas as projeções, todas as indicações mostram que a situação brasileira ainda vai piorar muito nas próximas semanas. Especialmente se múltiplos estados e capitais entrarem em colapso sanitário”.

Estamos vivendo a maior catástrofe da história do Brasil

O médico sugere que Brasil já está num nível de descontrole total da pandemia e que isso foi avisado em outubro de 2020 e que no começo de novembro, o Brasil já havia todas as indicações de que estava numa segunda onda, com crescimento simultâneos de casos em todas as regiões do país. Outro aviso foi feito em 18 de dezembro, e outro em 4 de janeiro, quando ele fez um aviso público de que se o Brasil não entrasse em lockdown nacional e começasse a vacinar as pessoas num nível muito maior do que o planejado à época, nós teríamos uma catástrofe histórica com um colapso sanitário, seguido de um colapso funerário. E infelizmente essas previsões que não foram ouvidas se materializaram no final de fevereiro e a previsão para março é ainda pior. Nós podemos ter o pior março da história do Brasil no que se refere a perda de vidas humanas.

Impactos para além das mortes

O professor traz à lume, não só as mortes são impactantes, mas também as sequelas da doença. Algumas são bem graves e têm se arrastados por meses. Há diversos relatos de pacientes que não conseguem mais realizar tarefas do dia a dia, praticar exercícios ou mesmo se alimentar direito — neste caso, porque o paladar foi completamente alterado. Há outras condições mais graves, como inflamação cardíaca, depressão, fibrose pulmonar e dificuldade cognitiva.

A lista publicada pelo sistema de saúde britânico em 7 de setembro sobre pacientes com sintomas persistentes associados à Covid-19 inclui:

  • Sinais ou condições respiratórios como tosse persistente, falta de ar, inflamação do pulmão e fibrose pulmonar, e doença vascular pulmonar;
  • Doenças ou sinais cardiovasculares, como aperto no peito, miocardite aguda e insuficiência cardíaca;
  • Perda prolongada ou mudança no paladar e no olfato;
  • Problemas de saúde mental como depressão, ansiedade e dificuldades cognitivas;
  • Distúrbios inflamatórios como mialgia, síndrome inflamatória sistêmica, síndrome de Guillain-Barré e amiotrofia nevrálgica;
  • Distúrbios gastrointestinais como diarreia;
  • Dor de cabeça persistente;
  • Fadiga, fraqueza e insônia;
  • Disfunção renal ou hepática;
  • Distúrbios de coagulação e trombose;
  • Linfadenopatia;
  • Erupções na pele.

Acreditar na vacina e manter o distanciamento social e demais medidas de prevenção

Sobre o lockdown, o médico disse que além de lockdown é preciso, controlar o fluxo de pessoas em aeroportos, rodovias, portos… fazer testagem em grandes números e evidentemente é preciso que os governos auxiliem financeiramente as pessoas, as atividades econômicas que ficaram restritas, que ofereçam, assim como foi feito em outros países, as condições mínimas necessárias para que as pessoas fiquem em casa.






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