O alicerce do otimismo está em olhar com rigor para a existência humana. Assim como a vida, os poemas de Augusto de Lima (1859-1934) exigem uma leitura lenta e reflexiva.
Nunca
“É cedo!” – ao homem uma voz responde,
quando, recém-nascido, o olhar aberto
pela primeira vez, levanta incerto,
interrogando o fado que se esconde.
“É cedo ainda.” Do zênite já perto
o espírito, por mais que inquira a sonde,
a mesma voz, que vem não sabe de onde,
repete o cruel dístico encoberto.
Fitando o ocaso, afaga uma esperança.
“Espera”, diz-lhe a voz, e não se cansa
de esperar que do ocaso venha a aurora.
E a noite vem. No vítreo olhar silente,
morto, ainda interroga avidamente….
– Porém, responde a voz: “É tarde agora!”
O poema acima é reproduzido do volume “Poesias”, de Augusto de Lima dedicado a Rodolpho Paixão, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver p. 221. A ortografia foi atualizada(Fevereiro de 2014).
Organização, Carlos Cardoso Aveline





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