Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova forma de estimulação magnética do cérebro que rapidamente aliviou os sintomas de depressão grave em 90% dos participantes de um pequeno estudo. Os testes foram realizados em 21 voluntários e os resultados foram publicados em 06 de abril de 2020, no American Journal of Psychiatry.

O tratamento foi chamado de Terapia de Neuromodulação Inteligente Acelerada de Stanford (SAINT, em inglês). A Neuromodulação constitui-se num conjunto de tecnologias avançadas que consistem em aplicar campos elétricos e/ou magnéticos para modificar e modular o SNC (cérebro e medula). Para isso, uma bobina magnética é colocada no couro cabeludo do paciente. É indicado no tratamento de crianças com autismo, transtornos cognitivos, dislexia, TDAH, paralisia cerebral, zumbido, traumatismo cranio encefálico, dor crônica, depressão, pós-acidente vascular, doença de alzheimer, entre outras. O tratamento é focado na reabilitação dos sinais e sintomas minimizando-os, não na cura desses transtornos. A abordagem portanto é de tratamento para o alívio dos sintomas, como é feito com medicação. A maioria desses transtornos têm cura mediante ao compromisso com abordagens psicoterapêuticas.

Como foram feitos os estudos

Os pesquisadores de Stanford levantaram a hipótese de que algumas modificações na estimulação magnética transcraniana poderiam melhorar sua eficácia. Estudos sugeriram que uma dose mais forte, de 1.800 pulsos por sessão, em vez dos 600 aplicados normalmente, seria mais eficaz.

Ao estudar as partes do cérebro que eram estimuladas, o estudo também focou em outras possíveis áreas do tecido nervoso que poderiam ser beneficiadas pelo tratamento. De acordo com os cientistas, hoje, o estímulo é direcionado para o local onde está o córtex pré-frontal dorsolateral, região responsável por regular “funções executivas” como selecionar memórias apropriadas e inibir respostas inadequadas.

Para o SAINT, os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para analisar a atividade cerebral dos pacientes — e descobriram uma sub-região específica dentro do córtex pré-frontal dorsolateral que poderia ser beneficiada. Segundo eles, a sub-região está ligada ao cingulado subgenual, uma parte do cérebro que é hiperativa em pessoas que sofrem de depressão.

Como explicou o coautor da pesquisa Keith Sudheimer, em pessoas deprimidas, a conexão entre essas duas regiões é fraca e o cingulado subgenual se torna hiperativo. Portanto, a equipe especulou que estimular a sub-região do córtex pré-frontal dorsolateral reduziria a atividade no cíngulo subgenual. E funcionou.

Resultados

Para realizar o estudo, os especialistas dividiram os voluntários em dois grupos: um que receberia o tratamento e outro que passaria por uma espécie de “experiência placebo”, o que possibilitaria aos pesquisadores comparar o quão efetivo o método era.

Os pacientes que de fato passaram pela terapia foram submetidos a 10 sessões por dia de tratamentos de 10 minutos, com intervalos de 50 minutos entre eles. Como explicaram no estudo, em média três dias de terapia foram suficientes para que os participantes tivessem um abrandamento da depressão, e um mês após a terapia, 60% dos participantes ainda estavam em remissão.

Além disso, a equipe descobriu que as habilidades cognitivas dos voluntários melhoraram após o tratamento: tanto a capacidade de alternar entre tarefas mentais quanto a de resolver problemas foi aperfeiçoada. Como pontuaram os especialistas, esse é um resultado comum de terapias bem-sucedidas em pessoas que não estão mais deprimidas.

“Eu costumava chorar por nada”, contou Deirdre Lehman, uma das voluntárias, em declaração à imprensa. “Mas quando coisas ruins acontecem agora, sou apenas resiliente e estável. Estou em um estado de espírito muito mais pacífico, capaz de apreciar as coisas positivas da vida com energia para fazer as coisas”.

Buscando ajuda

Em casos de suspeita de depressão, procure um psicólogo, ele fará o diagnóstico do seu quadro depressivo e se considerar pertinente, ele lhe encaminhará para um tratamento com um psiquiatra, um neurologista, ou até mesmo um cardiologista ou outra especialidade.






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