Diante do que estamos vivenciando no Rio Grande do Sul, precisamos, acima de tudo, qualificar nossas ações para ajudar nossas infâncias. Cada uma tem características próprias que precisa ser observada em qualquer contexto como forma de garantir sua proteção e seus direitos.

Estamos enfrentando a pior enchente de todos os tempos: casas destruídas, mortes inesperadas, violências… E as crianças em frente a todo esse cenário traumático. Estou falando da infância, que é o período mais sensível e importante para o desenvolvimento humano. São muitas as crianças que estão sem o amparo na lida com a saúde psicoemocional ou que não recebem o acolhimento afetivo devido.

Esse desastre ambiental pode ser considerado como um estresse tóxico. O estresse tóxico pode prejudicar o desenvolvimento das crianças, inclusive na arquitetura do seu cérebro, provocando impactos negativos em diferentes órgãos e do sistema humano. John Bowlby já explicava em sua teoria do apego sobre a importância, fundamental, dos vínculos afetivos entre a criança e o adulto.

Portanto, é fundamental que os adultos ofereçam condições acolhedoras capazes de amenizar os estágios de angústia das crianças. Isso pode acontecer por meio da escuta atenta, respeitando os sentimentos das crianças, bem como o seu comportamento integral diante da realidade exposta. Acredito que escutar é o primeiro passo para ajudar. Lembrando que também estamos nesse cenário e nosso emocional pode estar abalado, então precisamos ter empatia e cautela no diálogo.

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, recomenda a doação de brinquedos, de materiais lúdicos e de livros para colorir, para que as crianças possam ter oportunidades de preservarem suas infâncias e expressarem suas emoções por intermédio do brincar livremente.

A brincadeira é fundamental para que a criança expresse os seus anseios. A isso chamamos de jogo simbólico, que é o jogo da vida criança. “O brincar é essencial”, diz Winnicott, porque é através dele que se manifesta a criatividade.

A conclusão é: para os pequenos, uma rotina tranquila, segura e amorosa, traz benefícios para toda a vida. Estamos longe de terminar esse cenário assombroso. Por isso, é fundamental buscar caminhos para amenizar o sofrimento psicoemocional da criança, respeitando as múltiplas condições emocionais de cada uma, não a expondo à ações que ela não queira ou, até mesmo, não precise passar.

Gosto de um trecho do livro: “Ideias para adiar o fim do mundo“, de Ailton Krenak, onde diz: “A gente não fez outra coisa nos últimos tempos senão despencar. Cair, cair, cair. Então por que estamos grilados agora com a queda? Vamos aproveitar a nossa capacidade crítica e criativa para construir paraquedas coloridos”.

Observação: Se você quiser fazer doações pessoalmente, procure os abrigos da Assistência Social da Prefeitura de Porto Alegre. Para doações on-line, acesse o site sosenchentes.rs.gov.br/doacoes-em-geral Neste site você também encontra notícias e informações sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.

Texto de João Luiz Silva da Rosa (capa): Mestre em educação; Pedagogo, especialista em educação especial inclusiva; Psicopedagogo Institucional, especialista em promoção do desenvolvimento infantil; pós graduado em psicanálise clinica com foco no desenvolvimento dos bebês e crianças bem pequenas; autor do livro: “Por infâncias vivas e vividas”(editora Pedro e João). É professor convidado do centro incluir educacional (Porto Alegre/RS), Colaborador da comunidade brincar, pesquisa sobre o desenvolvimento infantil, a importância do brincar e culturas infantis. Instagram: @joaoluizsilvar – Facebook: João Luiz Silva da Rosa






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