“O homem aceita a autonomia da mulher desde que ela o paparique e continue cuidando da casa”, é o que diz o escritor, especialista em conflito de gerações e autor do livro ‘Gerações – Encontros, desencontros e novas perspectivas’, Sidnei Oliveira, em entrevista à revista Crescer. Extraímos alguns trechos. Confira:

As mulheres estão mais focadas em seu próprio sucesso profissional do que no casamento e na família?

A mulher hoje busca muito mais sua autonomia. Até porque as relações de casais não têm mais a mesma solidez do passado. As pessoas já entram em um relacionamento pensando: “Estou aqui, mas não vou continuar se não atender às minhas expectativas”. A mulher também tem um desejo de alcançar rapidamente a própria autonomia antes de se casar e ter filhos. Isso parece frio e ruim, mas não é. Trata-se de um processo de maturidade feminina, da mulher como indivíduo, como ser humano. Enxergo essa mudança de forma positiva. Ela sai mais fortalecida desse processo, se emancipa. E esse movimento só tende a se ampliar.

O que o homem espera dessa mulher autônoma?

Os homens das gerações anteriores foram paparicados pelas mães, que se sentiam culpadas por trabalhar fora. Ao mesmo tempo, essas mulheres incentivaram suas filhas a estudar e a arranjar um emprego para não depender de marido. O resultado é que hoje o homem quer uma mulher autônoma, que trabalhe e divida com ele de igual para igual a responsabilidade, mas que o mime como a mãe dele fazia. Eles ainda esperam da companheira uma dona de casa. E ela, enquanto isso, está mais focada em cuidar de suas próprias coisas.

As mulheres estão mais individualistas?

Não apenas as mulheres. Existe um movimento muito forte nos últimos 20 anos de valorização da individualidade. Cada criança tem o seu próprio quarto, as pessoas preferem correr, caminhar e andar de bicicleta em vez de praticar esportes em grupo. Antigamente, gerava pânico ficar em uma sala de espera aguardando uma consulta. Hoje, não: você fica entretido com o seu Smartphone, que oferece uma série de atividades que se autossustentam, como redes sociais e jogos. Quer manifestação mais individualista do que fazer uma selfie? Mesmo que haja outras pessoas ao redor, na verdade, elas não importam: o foco da foto é você.

 E o que as mães da geração Y vão tentar fazer diferente das mães das gerações anteriores?


É difícil prever, mas acredito que essa geração vai ser menos ausente na criação dos próprios filhos. Ao mesmo tempo, serão menos provedoras, deixando as crianças mais passíveis de cicatrizes. Como filhos, as pessoas da geração Y foram mais protegidas pelos pais e sofreram ao entrar no mercado de trabalho. Foram muito preparados academicamente, mas não para a vida. É uma geração mais competente e, ao mesmo tempo, mais frágil. Por isso, creio que, como pais, eles são um pouco menos protetores e lenientes com os próprios filhos, a geração Z. Essas crianças serão mais fortes.

OBS – Compreendendo essa coisa de geração X,Y,Z

GERAÇÃO X – compreende os nascidos entre 1965 e 1981, durante a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial. A vida deles não foi nada fácil, já que encontrar um emprego, após um período turbulento, era um grande desafio. Trabalhar e produzir era sua filosofia de vida, deixando de lado o idealismo. O individualismo, a ambição e a dependência do trabalho — ou workaholic — são os valores em que os nascidos nessa geração cresceram.

GERAÇÃO Y – A revolução foi marcada pelos millennials ou geração Y. Também conhecidos como nativos digitais, os millennials são os nascidos entre 1982 e 1994, e a tecnologia faz parte de seu dia a dia: todas as suas atividades passam por meio de uma tela. On e off estão totalmente integrados em sua vida. No entanto, eles não nasceram na era tecnológica. Eles viveram na época analógica e migraram para o mundo digital.

GERAÇÃO Z – Com idades entre 10 e 25 anos, a geração Z ou pós-millenial assumirá o protagonismo dentro de algumas décadas. Também conhecidos como centenials, por terem vindo ao mundo em plena mudança de século — os mais velhos são do ano de 1995 e os mais novos nasceram em 2010 —, chegaram com um tablet e um smartphone debaixo do braço.






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