Em 1º. de junho de 1997, a Jornalista Mary Schmich escreveu uma crônica que ficou conhecida como Wear Sunscreen ou Sunscreen Speech, para o Chicago Tribune, na qual incitava as pessoas a viverem sem arrependimentos e cujo tema seria um conselho que ela daria se alguém lhe perguntasse.

No Brasil, Pedro Bial traduziu e apresentou o famoso texto “Filtro Solar” no último Fantástico de 2003. Além de  produzir o CD Filtro Solar, da Sony Music, com este e outros textos com o mesmo mote, e também associou o seu nome ao de Mary Schmich no livro Filtro Solar, da editora Sextante, de autoria da escritora e tradução do jornalista. Confira:

Filtro Solar

“Nunca deixem de usar o filtro solar. Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: usem o filtro solar! Os benefícios a longo prazo. Do uso de filtro solar estão provados. E comprovados pela ciência. Já o resto de meus conselhos. Não tem outra base confiável
Além de minha própria experiência errante. Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês.

Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece… Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado. Mas pode crer, daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos
E perceber de um jeito que você nem desconfia, hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escapavam a sua frente e como você realmente tava com tudo encima. Você não tá gordo, ou gorda. 

Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.

As encrencas de verdade da sua vida, tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada. E te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de um terça-feira muito horrenda.

Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade. Cante.

Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano. Não perca tempo com inveja. Às vezes se está por cima, às vezes por baixo. A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo. Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isso, me ensine. Guarde as antigas cartas de amor. Estique-se.

Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem.

Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.

Faça o que fizer não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você. As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo. É assim para todo mundo. Desfrute de seu corpo use-o de toda maneira que puder, mesmo. Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.

Dance. Mesmo que não tenha onde além de seu próprio quarto.

Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles
terão ido embora, de vez. Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu
passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.

Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que você conheceu quando jovem. Viaje. Aceite certas verdades inescapáveis e não espere que ninguém segure a sua barra.

Texto de Mary Schmich, com tradução e livre adaptação de Pedro Bial






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