“Nossa, esse calor, hem?”; “Será que vai chover hoje?”; “Gente, como tá difícil dirigir nessa cidade”…. Geralmente começa assim, nossas rotineiras conversas triviais com desconhecidos no elevador, na fila do supermercado, no aeroporto, na lanchonete, na caminhada…

Essas conversas “trazem algo de novo e imprevisível à nossa vida. Quando conversamos com um estranho não sabemos qual direção que a conversa vai tomar ou sobre o que vamos falar. Isso pode até assustar um pouco e é uma das razões pelas quais a gente evita falar com estranhos”, diz Gillia Sandstrom (capa), professora de psicologia da Universidade de Essex, no Reino Unido. Sandstrom investigou o impacto que as relações triviais têm sobre a nossa saúde emocional e afirma que falar sobre trivialidades com desconhecidos nos traz bem-estar e nos faz viver mais e melhor. Entenda:

Falar sobre trivialidades com desconhecidos nos traz bem-estar e nos faz viver mais e melhor por que:

Podemos confiar nas pessoas: Mesmo as conversas mais superficiais geram conexão, e isso faz com que a gente sinta confiança na pessoa. Essa sensação de poder confiar no outro, diminui a produção de estresse e de ansiedade, trazendo bem-estar emocional.

Que o mundo pode ser bom lugar: Há cerca de um século, o pai da antropologia social, o polonês-britânico Bronislaw Malinowski, argumentou que a “conversa fiada” não era de domínio exclusivo das sociedades ocidentais, e seu objetivo não era comunicar ideias, mas sim cumprir uma função social: estabelecer vínculos pessoais. E mesmo que estejamos no mundo globalizado, onde as relações sociais se tornaram redes sociais, é muito importante que tenhamos vínculos sociais com desconhecidos que possamos olhar nos olhos frente a frente.

Que podemos esquecer os problemas por um tempo: o nosso cérebro reage positivamente aos estímulos evocados por nossas emoções repentinas. Desse modo, se numa conversa trivial, você pode falar de outras coisas que não os seus problemas, e se nessa conversa houver uma interação em que sua mente possa se abstrair do lugar de perdida, então naquele exato momento, seu corpo e mente poderão agir de maneira a produzir hormônios que lhe trarão bem-estar.

Que podemos sorrir sem buscar desesperadamente por um motivo: numa conversa trivial do tipo ‘conversa fiada’, ‘jogar conversa fora’, prosear, papear atoa… pode acontecer muitos instantes de descontração e riso. E é exatamente essa capacidade humana de sorrir enquanto interage com outro ser, é que torna a vida mais leve e portanto acrescenta anos a mais à existência.

Que sempre podemos desenvolver ou despertar o bom-humor, a empatia, a simpatia, e a autorregulação das emoções tristes ou negativas. Quando não estamos com um ânimo bom, nós não tendemos a mostrar isso durante um desses encontros casuais. Isso ocorre porque nós tratamos de apresentar nosso melhor lado a quem não nos conhece bem, já que queremos que esse intercâmbio seja bem-sucedido. “Ao agir como se estivéssemos de bom humor, isso acaba fazendo com que nos sintamos melhor e assim todos os efeitos são acumulativos”.

Que sempre se pode aprender coisas novas: “Nós não aprendemos muito com as pessoas que estão mais próximas de nós, porque de algum modo nós já sabemos o que elas sabem. Assim, ironicamente, adquirimos mais informação nova de conhecidos e estranhos do que daqueles que são mais próximos de nós”.

Nos encoraja a praticar a vivência em sociedade: Nem todo mundo se sente como um peixe dentro d’água quando se trata de entrar nesse tipo de diálogo com pessoas que não pertencem a seu círculo mais próximo. Na maioria das vezes, aqueles que evitam essas conexões fazem isso por falta de interesse em outras pessoas. Para muitos, é uma questão de personalidade: ficar cercada de outras pessoas provoca ansiedade porque temem uma reação negativa. Mas muitos também evitam essas interações simplesmente porque não sabem como se comportar. Mesmo assim, é uma habilidade que se pode adquirir por meio da observação e, sobretudo, da prática.

Em síntese: Converse com pessoas

Sandstrom sugere aos participantes de seus estudos que falem com uma nova pessoa por semana. “Quando você dá permissão para as pessoas conversarem e elas aceitam, elas se divertem”, diz ela. Tente copiar o exemplo de seus amigos simpáticos. Você tem amigos que parecem iniciar uma conversa com todos no bar? Observe-os: como eles iniciam o papo? Que perguntas fazem? Quais tópicos eles evitam? Faça conversas significativas. Se seu objetivo é que as amizades superficiais evoluam para algo mais significativo, é importante que a troca seja de qualidade. O senso de conexão com alguém acelera o processo para criar uma amizade mais profunda.

Da redação de Portal Raízes. Editado a partir dos estudos da professora de psicologia Gillian M. Sandstrom (veja vídeo abaixo).As informações contidas neste artigo são apenas para fins informativos. Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Pois isto contribui para que continuemos trazendo conteúdos incríveis para você. Siga o Portal Raízes também no FacebookYoutube e Instagram.






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