Uma câmera de segurança registrou o momento exato em que a Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, da Vale, se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As imagens a que a TV Globo teve acesso foram cedidas pela mineradora a autoridades que investigam a tragédia.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (1º), a Vale informa que disponibilizou as imagens às autoridades um dia depois do rompimento da barragem – o que aconteceu em 25 de janeiro – e que não divulga vídeos da ocorrência “para não prejudicar as investigações e, sobretudo, em respeito aos atingidos e familiares” (leia a íntegra abaixo).

Eram 12h28min25s de sexta-feira (25) quando a parte inferior do reservatório começou a ceder e liberou uma avalanche devastadora de rejeitos de mineração.

Em três minutos, tudo que estava abaixo da barragem foi completamente engolido pela lama, ao longo de uma distância de quilômetros.

Rapidamente, o “tsunami” destruiu parte do centro administrativo e do refeitório da Vale, máquinas de mineração, trem, uma ponte, casas, pousadas e currais. A vegetação e rios foram atingidos.

Números da tragédia

As barragens mortais da Vale serão investigadas como crime, diz ONU

O rompimento da barragem de Brumadinho deve ser investigado como “um crime”, afirmou à BBC News Brasil o relator especial das Nações Unidas para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak.

“Esse desastre exige que seja assumida responsabilidade pelo o que deveria ser investigado como um crime. O Brasil deveria ter implementado medidas para prevenir colapsos de barragens mortais e catastróficas após o desastre da Samarco de 2015”, disse Tuncak, em referência à tragédia de Mariana.

Segundo o relator da ONU, as autoridades brasileiras deveriam ter aumentado o controle ambiental, mas foram “completamente pelo contrário”, ignorando alertas da ONU e desrespeitaram os direitos humanos dos trabalhadores e moradores da comunidade local.

“Os esforços contínuos no Brasil para enfraquecer as proteções para comunidades e trabalhadores que lidam com substâncias e resíduos perigosos mostram um desrespeito insensível pelos direitos das comunidades e dos trabalhadores na linha de frente”, disse o especialista.

Especialista aponta risco de rompimento de outras barragens no Brasil

Outras catástrofes como a de Brumadinho podem acontecer no Brasil, considerando que quase 10% das 450 barragens localizadas em Minas Gerais não dispõem de condições de segurança satisfatórias, alerta Luiz Jardim Wanderley, especialista em mineração da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O trecho mais polêmico da nova CLT prejudica parentes de vítimas da Vale

Uma das alterações mais controversas da Reforma Trabalhista deve atingir em cheio as indenizações por danos morais pagas aos familiares dos funcionários da Vale mortos e desaparecidos pelo rompimento da barragem do Córrego do Fundão, em Brumadinho (MG). 

É que a nova CLT (artigo 223 G, parágrafo 1º) passou a estipular critério salarial para o pagamento de indenizações por dano moral limitando-as a até 50 vezes o valor do salário contratual do empregado.

A tragédia ocorrida na sexta-feira (25) está sendo tratada pelo Ministério Público do Trabalho como “o mais grave evento de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil”  que resultou no pior acidente trabalhista já registrado.

Brasil não deu aval para inspeção de relator da ONU em barragens

O governo brasileiro não autorizou a viagem de um relator da ONU para avaliar a situação das barragens e do meio ambiente, depois do desastre de Mariana (MG) em 2015. Em entrevista exclusiva ao Estado, o relator da ONU sobre a implicação para os Direitos Humanos da Gestão Ambiental e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak, contou que “em várias ocasiões” solicitou ao governo o sinal verde para que fizesse uma viagem ao Brasil e, em especial, para a região de Mariana. Seu objetivo era avaliar a resposta das autoridades e examinar os riscos ambientais de potenciais novos desastres.

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