A ativista Maria Teresa Tess Asplund que nasceu na Colômbia e, aos 7 meses, foi adotada por uma família sueca, hoje com 42 anos, – dos quais 26 dedicados ao combate ao racismo -, falou sobre a foto que a tornou um símbolo involuntário da luta contra o racismo, contou que militantes de um partido de extrema direita, o Movimento de Resistência Nórdico, marchavam pelas ruas do vilarejo de Borlänge, no centro do país. Eles pediam a expulsão de imigrantes e insultavam políticos por “trair” o povo. Em dado momento, ela decidiu protestar contra o ato. “Foi de impulso. Estava com raiva”, diz Asplund.

“Como podiam ter obtido permissão para se manifestarem, como se a rua fosse deles? Um deles me olhou e devolvi o olhar. Ele não falou nada, e eu também não. Depois, a polícia me tirou dali”.

David Lagerlöf, um dos fotógrafos que registrou o protesto da ativista, conta que a situação foi “muito emotiva”. “Ela fez aquilo sozinha, em uma situação de vulnerabilidade. Não podia fazer nada contra eles, que têm um histórico de violência e crime“, afirma.

A decisão de permitir a marcha neonazista em 1º de maio gerou uma grande polêmica nos dias anteriores em Borlänge, mas as autoridades defenderam sua decisão. “Uma lei constitucional na Suécia garante a liberdade de expressão e de reunião”, disse Stefan Dangardt, porta-voz da polícia do vilarejo, à Sveriges Radio.

Mas grupos de extrema-direita têm crescido e se multiplicado na Suécia e em outros países europeus como reflexo da crise de imigração. Mesmo em Borlänge, um tradicional reduto de políticos de esquerda, tem aumentado o apoio à extrema direita.

A Suécia é um dos principais destinos de refugiados e imigrantes que tentam deixar regiões com conflitos rumo à Europa. No país, a legenda anti-imigrantes Partido dos Democratas Suecos é a terceira força política do país.

O gesto de Aslund repercutiu bastante dentro e fora por país, com milhares de elogios e comentários favoráveis publicados nas redes sociais, uma reação que surpreendeu à própria ativista, que diz estar “emocionada”.

Também afirma ter orgulho da foto, porque acredita que ela servirá para que mais pessoas prestem atenção à luta contra o racismo e a xenofobia. Mas pensa que, a partir de agora, precisará ter mais cuidado.

“Estou um pouco assustada e preocupada. Sou uma ativista muito conhecida. Se os neonazistas não gostavam de mim, agora, me odeiam”.






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