O maior instinto dos seres vivos é a sobrevivência. Para se manterem vivos, os seres são capazes até mesmo de matar os seus semelhantes. E foi assim que chegamos onde estamos, lutando pela sobrevivência. E olha, que foi muito difícil chegarmos aqui. Nossos antepassados enfrentaram infernos épicos, tanto de catástrofes ambientais, como de doenças. E o pior, não tinham sequer saberes disponíveis, informações e tecnologias para apaziguarem um pouquinho a desesperança.

Partindo desta reflexão, e focados somente a ela, sem mérito cientifico ou justificativas plausíveis para a pandemia de covid-19, tão semelhante – até nos erros – com a gripe de 1918, vamos nos atentar para a certeza de tudo isso passará. Sim, passará. Mas até que passe, o que faremos com essa dor esmagadora no peito?

É claro que este texto não foi escrito para os brasileiros que acabaram de entrar no ranking da revista Forbes, como os novos bilionários durante a pandemia, chegando a um total de 65 pessoas a possuírem 1 bilhão de dólares ou mais. Ainda segundo a Forbes, o patrimônio total dos bilionários brasileiros aumentou 72%: passou de 127,1 para 219,1 bilhões de dólares. Não, estes não estão preocupados em quando tudo isso passará e nem como passará. Ouso dizer, que a pandemia para eles é o paraíso.

Este texto é um aceno que diz: ‘você não está sozinho’, para as mais de 300 mil famílias enlutadas; para os 14,3 milhões de desempregados; para os 19 milhões que não tem o comer; para os profissionais que estão na linha de frente da Covid; para os professores; para os que estão em home-office seja trabalhando ou estudando; para os velhos que estão nos asilos ou totalmente sozinhos em casa; para os depressivos; para os ansiosos; para os que pensam em autoextermínio; para os desesperançados; para os insones; para aqueles(as) que estão em isolamento social com pessoas violentas e abusadores.

Este texto é um aceno para essa gente sobrevivente deste mundo injusto, corrupto, opressor, manipulador, cruel… Eu escrevi este texto com lágrimas nos olhos. Estou entre essa gente. Choro. Queria poder ser uma fonte de esperança, ser alento, um abraço capaz de arrancar do peito essa dor. Eu queria escrever algo que fizesse justiça. Algo que trouxesse alento e muita paz de espírito. Entretanto, tudo que posso dizer é que, realmente tudo isso passará. E outra vez recomeçaremos a partir de nossos destroços. E vamos continuar lutando, porque, nós sobreviventes, sabemos que só a luta muda, transforma e dá sentido à vida.

E até que tudo isso passe, e repito, passará, vamos adotar um comportamento de esperança. Não vamos esperar a dor passar apenas esperando. Vamos esperar, vivendo da melhor maneira possível, tendo um comportamento de esperança, lutado positivamente para que o nosso desejo comum de cura, se transforme em ações coletivas amorosas,  empáticas e solidárias; que as nossas vozes ecoem, exigindo equidade social.

Texto de Clara Dawn, escritora, pesquisadora e psicanalista. Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Pois isto contribui para que continuemos trazendo conteúdos incríveis para você. Siga o Portal Raízes também no FacebookYoutube e Instagram.






Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: [email protected]